Capacete é abolido só para homens; brasileira vê machismo: "sempre em segundo"
Rio de Janeiro - Depois de muita discussão e polêmica, a Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador) optou por abolir os capacetes das competições de boxe nas Olimpíadas, mas só no torneio masculino. A chave feminina, que entrou pela primeira vez no calendário olímpico em Londres 2012, só testará a novidade depois da Rio 2016.
A diferença de tratamento dada aos dois gêneros foi alvo de críticas da brasileira Adriana Araújo, pugilista de 34 anos que foi medalha de bronze em Londres 2012. Para ela, há machismo na condução da modalidade.
“Dentro do treinamento é tudo igual. O que os meninos fazem a gente faz. Se o treinamento for com eles, a gente faz. Infelizmente, a única diferença é que a Aiba muitas vezes faz as coisas com o masculino, vê se vai dar certo e depois faz no feminino”, reclama a boxeadora.
A intenção da Aiba ao extinguir o uso de capacete foi aproximar o boxe amador das Olimpíadas do profissional. Não à toa, logo depois permitiu a presença de atletas profissionais no torneio da Rio 2016.
“Infelizmente, o fato da mulher fica sempre em segundo. Estou sabendo que a partir de 2017 vão tirar o capacete para as mulheres também. A política do esporte sempre tem dessas coisas: primeiramente os homens, e depois as mulheres. Infelizmente”, emenda ela.
Adriana Araújo entrou para a história do boxe brasileiro ao ser a primeira a vencer um combate pelo Brasil em Olimpíadas. Ela ainda quebrou um jejum de 44 anos sem medalhas na modalidade - a última havia sido de Servílio de Oliveira, nos Jogos da Cidade do México, em 1968.
“Não só no Brasil, mas mundialmente o boxe feminino tem crescido. Tenho 16 anos de experiência e cansei de ver poucas atletas em Mundiais. Hoje, só na minha categoria, são mais de 70 em Mundiais. Antigamente eram 20”, finaliza Adriana, que estará na Rio 2016 na categoria leve (até 60kg).
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