Derrotas motivam Chocolate a ajudar seleção de boxe em desempenho Olímpico

Pugilista vai realizar o sonho olímpico em agosto, no Rio de Janeiro / Foto: Daniel Alves/Divulgação

Rio de Janeiro - A trajetória de Joedison Teixeira no boxe pode ser resumida em duas derrotas. É comum os atletas escolherem os títulos para explicar o amor ao esporte.
 
Para o baiano de 22 anos, que vai estrear nos Jogos do Rio 2016, foram as derrotas que ensinaram o caminho da glória. A primeira foi aos 11 anos. Filho do ex-pugilista Joseval Lima, o jovem viu a dedicação, garra e amor do pai pela luta, até que uma derrota, que considerou injusta, transformou a empolgação em desânimo.  
 
“Meu pai achou o resultado injusto e pensou em abandonar o esporte. Fiquei triste vendo aquilo. Em seguida, falei para ele que iria começar no boxe. Eu sabia que era um sonho dele ter um filho pugilista. Entrei no esporte para motivar o meu pai”, recorda. 
 
A partir daí Joedison Teixeira, conhecido como Chocolate, começou a dividir o mesmo local de treinamento com o pai. “Comecei a treinar com o Messias Gomes, mesmo treinador do meu pai. Desde o primeiro dia eu gostei e peguei amor ao esporte. Já estou há 11 anos”, conta. 
 
A segunda decepção veio dez anos depois. A mesma motivação que impulsionou o início da carreira se transformou em desejo de subir ao pódio nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. A derrota que garantiu a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, mostrou o potencial do baiano. 
 
Chocolate não se intimidou ao lutar contra o cubano Yasnier Toledo, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres. O brasileiro e o pugilista experiente protagonizaram um combate empolgante durante os três rounds. O cubano saiu vitorioso na categoria até 64kg. 
 
“A derrota me motivou. O cubano está muito à minha frente, com bagagem olímpica e tudo o mais. Fiquei mais confiante ainda porque perdi para um lutador que hoje é o número 1 do ranking mundial. Muitas pessoas chegaram a contestar a vitória dele, dando a vitória para mim. Enfrentar ele e ter uma decisão contestada me deixou muito confiante”, explica.
 
O apelido Chocolate foi dado pelo técnico Messias Gomes. Surgiu da comparação do estilo de luta do brasileiro com o do boxeador cubano Eligio Sardiñas Montalvo, conhecido como Kid Chocolate. O cubano foi estrela do boxe nos anos 1930.
 
Sonho de família - Dos nove pugilistas brasileiros que subiram ao ringue nos Jogos Olímpicos de Londres, três voltaram para casa com medalha na bagagem. Superar o melhor desempenho da história do boxe olímpico nacional é um grande desafio para a geração que vai encarar os Jogos em casa.
 
“É o nosso sonho”, diz Chocolate, sobre o desejo conjunto da família. Todas as vezes que o baiano fala da vaga olímpica ele se refere ao pai. Para os Jogos do Rio 2016, Chocolate trabalha agora no que ele chama de “detalhes”. “Estou cada vez mais atendo aos detalhes, para chegar às Olimpíadas e fazer um show”, afirma o pugilista que recebe o apoio financeiro do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte. 
 
A fase final de preparação de Chocolate é no Centro de Treinamento da Seleção em São Paulo. De lá, os pugilistas da equipe verde e amarela seguem para o Rio de Janeiro, onde vão finalizar a fase de treinamento olímpico contra lutadores dos Estados Unidos e da Irlanda. “Vamos sair de lá direto para a Vila Olímpica”, anuncia Chocolate.    
 
Confira o bate-papo com o atleta:
 
Fale como foi o início da sua carreira. 
 
Eu pensava só em estudar, ficar na rua e jogar bola. O meu pai é um cara excepcional. Ele trabalhava em duas empresas para sustentar a gente e no tempo vago praticava boxe. Ele chegou a ganhar de vários atletas de seleção. Eu achava isso sensacional. Desde criança eu sempre admirei o amor que ele tinha pelo esporte. 
 
Gostava de acompanhar o meu pai nos treinos e nas lutas. Ele não tinha tempo para ficar com a gente e o tempo que ele tinha era para o esporte. Então, o esporte nos uniu. Eu aproveitava esse tempo para ficar mais próximo dele. 
 
E a experiência nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Foi marcante, né?
 
O Pan 2015 ficou gravado na minha memória. Eu nunca tinha disputado os Jogos Pan-americanos. Cheguei àquela vila no Canadá, cheia de grandes atletas de várias modalidades. Fiquei besta com toda aquela estrutura bonita. Para mim, foi mágico. Tirar foto com muita gente e ainda ser agraciado com uma medalha foi uma felicidade que não coube no meu peito.
 
O seu pai ficou mais feliz do que você com a vaga Olímpica do Rio? 
 
Ele falou que agora é o nosso sonho disputar as Olimpíadas. Para a gente, está sendo um momento único. É bom saber que vou subir ao ringue Olímpico. Imagine ele na arquibancada, com todos os familiares, torcendo ao vivo. Vai ser um momento único. Ficará na minha memória para o resto da vida.   
 
Qual mensagem você gostaria de deixar para quem deseja seguir o caminho do esporte? 
 
Se você tem um sonho, vá atrás, persevere, que você vai conseguir. Cada vez mais se dedique e sonhe. Com os pés no chão, você vai conseguir. Desde criança eu sempre sonhei, sempre tive amor pelo esporte e hoje, graças a Deus, estou sendo agraciado com uma Olimpíada em casa.
 

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