Homenagem a Muhammad Ali, em São Paulo, é sucesso de público

O atleta muçulmano Jadel Gregório, que prestigiou o evento / Foto: Divulgação

São Paulo - No último sábado, na Mesquita de Santo Amaro, foi inaugurado o Espaço Muhammad Ali, em homenagem ao Desportista do Século, o boxeador muçulmano que marcou história não apenas por seu desempenho como atleta, mas por suas ações sociais em todo o mundo.
 
Um dos pontos altos do evento foi sua abertura, com a apresentação do coral Coração de Jolie, da regente Vivianne Reis, com crianças refugiadas cantando para a plateia e encantando a todos.
 
Estiveram presentes personalidades de diversas áreas, como o atleta e secretário municipal dos esportes, o muçulmano Jadel Abdul Ghani Gregório – especialista em salto triplo – e o primeiro brasileiro medalhista olímpico no boxe, Servílio de Oliveira –, ambos homenageados pela FAMBRAS, SOBEM e UNI, entidades patrocinadoras do evento. Éder Jofre, ex-pugilista, outro homenageado da noite, fez uma participação por vídeo, já que problemas de saúde o impediram de comparecer.
 
Também marcaram presença empresários muçulmanos, religiosos e mais de 500 membros da comunidade.
 
A inauguração contou com uma celebração religiosa, seguida por vídeos que contaram a história de vida de Muhammad Ali. O professor de Antropologia da PUC-SP, José Paulo Florenzano, palestrou sobre a conversão do pugilista ao islamismo e mostrou a todos essa verdadeira história de coragem e fé. “Muhammad Ali desafiou o mundo ao assumir, publicamente, sua fé, mesmo perdendo o título mundial em troca de sua religiosidade”, afirmou o professor.
 
Diversos discursos emocionaram a plateia. O vice-presidente da Federação da Associação das Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS, Ali El Zoghbi, lembrou-se de quando Muhammad Ali veio ao Brasil, no início da década de 1970, para uma apresentação esportiva. “Eu era criança e meu pai recepcionou o pugilista. Muitas crianças, como meu irmão, Mohammad El Zoghbi, presidente da FAMBRAS, foram levadas ao aeroporto para recepcionar o atleta. Foi muito emocionante”, recordou.
 
Ali El Zoghbi também se lembrou da importância de Muhammad Ali para a disseminação do islamismo e da personalidade do atleta. “Ele era um ser humano formidável. Certa vez, foi contatado pela família de uma criança com leucemia e decidiu conhecer o menino. Disse ao pequeno que ambos venceriam: ele, a luta; o garoto, a doença. Porém, enquanto se dirigia ao estádio, soube que o menino falecera. Muhammad Ali não titubeou: desviou seu caminho, pouco antes do horário da luta, para dar seu apoio à família da criança. Essa foi mais uma prova de sua preocupação com o bem-estar do próximo”, citou.
 
Já o presidente da FAMBRAS, Mohammad El Zoghbi, fez uma menção ao fato de que Deus fez todos os seres humanos iguais. “É importante nos lembrarmos de que Deus não diferencia ninguém e Muhammad Ali pregava isso em suas missões pelo mundo. É um grande exemplo para todos nós”, falou.
 
Já o presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana – SOBEM, Ali Taha, comentou a importância de se ter um espaço em homenagem ao Desportista do Século. “Sempre que houver um evento aqui, Muhammad Ali será lembrado como o grande muçulmano que foi e sua memória será perpetuada para sempre”, comentou.
 
Outra pessoa que conheceu Muhammad Ali quando o atleta esteve no Brasil foi o presidente da União Islâmica – UNI, Mohamed Bacha. “Eu também era uma criança de 12 anos e fui ao aeroporto recepcionar o grande boxeador. Nunca me esquecerei daquele momento. É uma grande honra estar aqui hoje e apoiar este evento”, citou.
 
O Iman Mohamed Bukai, da Mesquita de Santo Amaro, enfatizou que o atleta deixou sua marca historicamente. “Muhammad Ali será sempre um ícone. Devemos pensar: como quero ser lembrado? Ele, certamente, será recordado por suas ações pelo bem da humanidade”, disse.
 
Após a palestra e as homenagens, o público contou com um coquetel e confraternização com os atletas.
 

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