Nas seletivas, boxe vai “lutar” para ter equipe completa na Rio-2016

Cada país pode levar no máximo 13 representantes. Por enquanto, o Brasil tem sete vagas / Foto: Miriam Jeske/brasil2016.gov.br

Rio de Janeiro - A história olímpica do boxe brasileiro viveu dois momentos marcantes. Em 1968, na Cidade do México, o paulista Servílio de Oliveira entrou para a galeria dos heróis da modalidade no país ao conquistar o bronze na categoria peso mosca (até 51kg). O feito ficaria marcado por 44 anos como o único pódio do boxe nacional em Jogos Olímpicos. A quebra do tabu ocorreu na edição de 2012, em Londres.
 
Nos Jogos da Inglaterra, dois irmãos nascidos no Espírito Santo – Yamaguchi Falcão e Esquiva Falcão – e uma mulher com sangue baiano – Adriana Araújo – ampliaram o número de pódios para quatro. A prata de Esquiva e os bronzes de Yamaguchi e Adriana encheram o país de esperanças para 2016.
 
Cada país pode classificar até 13 atletas. São dez vagas no masculino e três no feminino. Por ser país-sede, o Brasil tem asseguradas seis vagas – cinco no masculino e uma no feminino. Os nomes serão conhecidos até o fim de maio. Bronze no Mundial de 2015, em Doha, no Qatar, o baiano Robson Conceição oficializou uma vaga adicional. Assim, o Brasil já tem sete atletas confirmados nos Jogos do Rio.
 
O objetivo da CBBoxe, entretanto, é chegar ao limite. “Em Londres, competimos com 10 atletas. Foram sete no masculino e três no feminino. Para o Rio, a meta é levar a equipe completa. Obviamente que por ser um esporte de contato não podemos garantir isso. Mas estamos nos preparando”, disse o presidente da CBBoxe, Mauro José da Silva.
 
Mauro confessa que a CBBoxe praticamente já sabe quais serão os seis indicados, mas o plano é não divulgar nada antes dos torneios pré-olímpicos, para tirar todos os boxeadores da zona de conforto. “Queremos que o atleta busque a vaga. Quando você chega à Seleção após ter conquistado a vaga, a sua motivação é outra. É algo que você conquistou por direito. Sem falar que a vaga conquistada, como foi com o Robson, vale por duas, pois abre espaço para um outro atleta ser chamado”, afirmou o dirigente.
 
Oportunidades
 
A agenda o primeiro semestre prevê três eventos internacionais estratégicos. Em março, entre os dias 8 e 20, será disputado em Buenos Aires, na Argentina, o Pré-Olímpico continental, aberto a atletas do masculino e feminino. Entre 19 e 27 de maio, em Astana, no Cazaquistão, o Mundial Feminino distribuirá vagas olímpicas e será uma nova oportunidade de as brasileiras que não obtiverem na Argentina. Finalmente, entre os dias 7 e 19 de junho, em Baku, no Azerbaijão, o Mundial Masculino fecha os torneios classificatórios.
 
Único atleta do boxe brasileiro que não precisa se preocupar em garantir a vaga, Robson Conceição declarou que não disputará os torneios classificatórios para 2016. “Não tenho mais que me preocupar em ir para Pré-Olímpicos e Mundial. “Agora é só treinar e participar de algum evento que tiver da APB, porque eu luto profissionalmente também. Essa é uma liga criada pela AIBA”, disse, em referência à  AIBA Pro-Boxing, liga profissional da AIBA, a Associação Internacional de Boxe. “Posso fazer algumas lutas antes e em algum evento de preparação, para manter o ritmo. Dá para fazer umas 15 ou 20 lutas antes das Olimpíadas”.
 
Para a medalhista olímpica Adriana Araújo, o fim de 2015 não foi de festa ou descanso. Longe de se sentir confortável com as vagas garantidas ao Brasil, ela já adiantou que seu foco no primeiro semestre está voltado para carimbar seu passaporte olímpico.
 
“Eu vou lutar melhor do que fiz em 2012 para buscar a vaga”, avisou. “Já estou fazendo um trabalho com nutricionista, preparador físico e toda a minha equipe para isso. Não tive férias neste fim de ano e não vou ter férias neste primeiro semestre. Vou trabalhar para conquistar a vaga no Pré-Olímpico (na Argentina), que vai ser mais fácil do que no Mundial, pois será só para atletas do continente”, adiantou.
 
Estrutura de ponta
 
Para o presidente da CBBoxe, o ciclo olímpico para 2016, aliado aos resultados obtidos em Londres 2012, significou uma nova etapa no desenvolvimento da modalidade no Brasil. “As Olimpíadas do Rio trouxeram crescimento, responsabilidade, cidadania e civilidade para o boxe”, avaliou Mauro Silva.
 
Ele destacou todo o potencial do CT localizado dentro do Centro Esportivo Joerg Bruder, em Santo Amaro, em São Paulo, onde os atletas têm à disposição toda a estrutura do Núcleo de Alto Rendimento (NAR).
 
Para o dirigente, as condições atuais de treinamento equiparam a Seleção a qualquer grande potência da modalidade. “Temos todas as condições. É uma estrutura de primeiro mundo. Além disso, temos toda a estrutura da CBBoxe e toda a estrutura que o COB oferecem na área técnica e de ciência do esporte, além do suporte do Ministério do Esporte. Estruturalmente, o boxe não deve nada a nenhum país”, assegurou. “Não temos um CT específico para o boxe no Brasil, mas no formato que montamos isso não nos faz falta”, prosseguiu.
 
Ele ressaltou que os equipamentos à disposição são de ponta, tanto que os dois ringues utilizados no início de dezembro no Torneio Internacional de Boxe, evento-teste da modalidade para os Jogos Olímpicos Rio 2016, foram os ringues da CBBoxe.
 
Sem pressão
 
A CBBoxe prefere não trabalhar com metas pré-estabelecidas para os Jogos Olímpicos. Para o presidente Mauro Silva, o objetivo é não pressionar ainda mais os atletas. “Não trabalhamos com metas senão fica um peso muito grande sobre os atletas e treinadores”, justificou. “Nós trabalhamos para permitir que todos cheguem na melhor forma, física e mentalmente, para que eles acreditem que podem enfrentar qualquer um de igual para igual e chegar para brigar por medalhas”.
 
Adriana Araújo, contudo, não esconde a confiança. Para ela, depois dos bons resultados em Londres e de toda a estrutura montada para o Rio de Janeiro, as expectativas são as melhores possíveis. “Essas três medalhas em Londres só vieram devido a um bom investimento. Isso contribuiu muito. A gente sabe que lá em cima do ringue tudo é surpresa, mas o que não falta na Seleção são atletas experientes. O Robson está em ótima fase, o Robenilson (de Jesus) está bem, com a mente focada; temos o Julião (Julião Neto), em ótimo momento; o Patrick (Patrick Lourenço), e a Flávia (Flávia Figueiredo), entre as mulheres para citar alguns. Temos atletas experientes e com chances reais de medalhas. Tenho certeza de que em 2016 teremos boas surpresas”.
 
O caminho do boxe
 
Equipe para 2016
 
O Brasil pode levar até 13 atletas para os Jogos Olímpicos, 10 no masculino e três no feminino.
 
Vagas garantidas
 
Por ser país-sede, o Brasil já tem asseguradas cinco vagas no masculino e uma no feminino. A CBBoxe anunciará os atletas em junho. O baiano Robson Conceição já está garantido nas Olimpíadas. Ele conquistou a vaga no Mundial do ano passado, em Doha, no Catar. Com isso, o país já tem, no mínimo, sete atletas.
 
Torneios classificatórios
 
Os atletas terão neste primeiro semestre três chances para conquistarem mais vagas:
 
» Pré-Olímpico da Américas – em Buenos Aires (ARG), entre 8 e 20 de março, para homens e mulheres
 
» Mundial Feminino – em Astana, no Cazaquistão, entre 19 e 27 de maio
 
» Pré-Olímpico Mundial Masculino – em Baku, no Azerbaijão, entre 7 e 19 de junho
 
A estrutura 
 
A equipe nacional treina em um CT localizado dentro do Centro Esportivo Joerg Bruder, em Santo Amaro (SP). Para o presidente da CBBoxe, Mauro Silva, “estruturalmente, o boxe brasileiro não deve nada a nenhum país”.
 
Jogos de Londres 2012
 
Foram três medalhas: prata com Esquiva Falcão e bronze com Yamaguchi Falcão e Adriana Araújo
 
Metas para 2016
 
A CBBoxe não estipulou metas de pódio. “Trabalhamos para permitir que todos cheguem às Olimpíadas na melhor forma possível, física e mentalmente”, disse o presidente da confederação, Mauro Silva.
 
 
 

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