Basquete: seleção feminina que vai ao Pan recebe visitas ilustres

As ex-jogadoras da Seleção Brasileira Magic Paula, Heleninha e Maria Helena Cardoso visitaram a equipe que disputará o Pan de Toronto e conversaram com as atletas / Foto: CBB / Divulgação

Rio de Janeiro - A Seleção Brasileira adulta feminina recebeu três visitas especiais após o treino desta quarta-feira (24.06), realizado na cidade de Campinas, no interior de São Paulo. A equipe comandada pelo treinador Luiz Augusto Zanon se prepara no Tênis Clube Campinas para os 17º Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, cujas disputadas de basquete serão entre os dias 16 e 20 de julho. As ex-jogadoras da Seleção Brasileira Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula; Maria Helena Campos, a Heleninha; e Maria Helena Cardoso, que também comandou o Brasil, conversaram com as atletas sobre a oportunidade e desafios de defender a equipe nacional.
 
“Procurei falar da minha experiência, mas também a importância da união da equipe na busca do objetivo. Não adianta planejar, treinar, ter estratégia e tática de jogo se a equipe não estiver unida. Mesmo quando não temos afinidades com uma companheira é preciso ter respeito. Eu e Hortência Marcari, por exemplo, éramos bastante diferentes. Cada uma tem o seu jeito e aqui vocês precisam entender que não é uma questão de afinidade, e, sim, respeito pelo grupo e do trabalho conjunto”, lembrou Magic Paula. “Quando eu e Hortência passamos a perceber e entender que o respeito era o principal e que estava acima da nossa individualidade é que começamos a mudar as coisas. Todas vocês estão aqui remando no mesmo barco”, continuou a ex-jogadora.
 
Ao lado de grandes nomes do basquete feminino como Heleninha, Maria Helena Cardoso fez parte de uma geração vencedora do esporte nas décadas de 1960 e 1970. Como jogadora da Seleção Brasileira, ela foi fundamental na conquista do bicampeonato nos Jogos Pan-Americanos de Cali, em 1971, na Colômbia. Depois, como técnica, viria a comandar a equipe campeã dos Jogos Pan-Americanos de Havana, em 1991, com nomes que perduram até hoje, como Paula e Hortência.
 
“Eu tenho duas passagens pela Seleção, mas tem uma que quero destacar nesse momento. Para ilustrar a questão do relacionamento de grupo, vou falar sobre quando eu comandei pela primeira vez. Quando cheguei à Seleção, me perguntavam como íamos fazer, já que Paula e Hortência não se falavam. Elas eram as duas principais jogadoras na época. Minha solução foi simples: Dividi os quartos e coloquei as duas juntas”, lembrou a ex-comandante do Brasil.
 
“É claro que não gostaram e reclamaram. Deixei claro que tudo bem se não fossem amigas, mas que precisariam se entender para que pudessem trabalhar juntas. E deu resultado, pois elas se entenderam tanto que até hoje se dão bem. Mas, até aquele momento, a coisa ia devagar. A rivalidade entre as duas era grande e ajudou muito a enriquecer o basquete, mas internamente atrapalhava o grupo. Então, são situações que é preciso entender e resolver caso aconteça situações similares com vocês”, explicou a ex-técnica Maria Helena Cardoso, campeã como jogadora e como técnica.
 
Zanon destacou a importância da visita dessas ex-jogadoras que levaram a Seleção feminina ao topo do mundo para a preparação da equipe que se prepara para os Jogos Pan-Americanos de Toronto.
 
"Eu só tenho a agradecer as três, que vieram conversar com as meninas. Foi uma hora e meia de aula de mestres de alta referência mundial, de pessoas que perseveraram e alcançaram seus objetivos. Eu procuro sempre trazer referências mundiais para perto e essas foram as minhas desde quando jogava no juvenil em Piracicaba (SP). A oportunidade de estarem passando isso para as meninas é algo enriquecedor. Elas tiveram a oportunidade de terem exemplos práticos de perto perguntando e conversando, além de tirar dúvidas de como acontecia na época delas. As três deram abertura para uma troca enriquecedora com as jogadoras. Além disso, todas são campeãs pan-americanas, que é a competição para qual estamos nos preparando e é importante para o processo de amadurecimento desse grupo", destacou Zanon.
 
As brasileiras receberão, nesta sexta-feira (26.06), a ex-jogadora Helen Luz, que defendeu as cores verde-amarela nas conquistas do Campeonato Mundial da Austrália (1994) e da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney (Austrália 2000).
 
"Na verdade é um bate-papo contando um pouco da minha experiência na Seleção Brasileira. Meu objetivo é passar um pouco do que vivi com o Brasil e tirar dúvidas também. É importante que todas entendam a importância de servir a Seleção Brasileira", pontuou Helen.
 
A Seleção Brasileira Adulta Feminina segue treinando em dois períodos no Tênis Clube de Campinas. O embarque para Toronto está marcado para 6 de julho, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. De 7 a 15 de julho, a equipe realizará treinos e amistosos no Canadá.
 
O Brasil está no Grupo "A" do Pan e faz sua estreia contra os Estados Unidos no dia 16 de julho. Na sequência, as brasileiras enfrentam Porto Rico (17.07) e República Dominicana (18.07). A chave "B" é formada por Canadá, Cuba, Argentina e Venezuela. A fase semifinal será disputada no dia 19 e as disputas por medalhas no dia 20.
 
O basquete é o esporte coletivo com o maior número de medalhas de ouro (8) na história do Pan-Americano e no total (24). A seleção adulta feminina esteve presente em quatorze edições da competição feminina e soma onze medalhas conquistadas. A equipe feminina foi campeã em Winnipeg, no Canadá (1967); em Cáli, na Colômbia (1971); e em Havana, Cuba (1991). As meninas foram quatro vezes medalha de prata e quatro de bronze. No Pan do Rio, em 2007, o Brasil ficou com a medalha de prata.
 
Forma de disputa do Pan
 
De acordo com o regulamento da competição, na primeira fase as equipes jogam entre si, em turno único, nos seus respectivos grupos. Os dois primeiros colocados de cada grupo se classificam para a semifinal, no sistema de cruzamento olímpico: A1 x B2 e B1 x A2. Os vencedores decidem o título, enquanto os perdedores disputam a medalha de bronze.
 
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