Quatro anos distante, Copa do Catar já dá o que pensar

A primeira Copa do Mundo disputada no Oriente Médio será em novembro e dezembro / Foto: Divulgação

São Paulo - A Copa na Rússia mal acabou e já podemos falar do Catar ? Bem, Deus ajuda quem cedo madruga e a Copa de 2022 já tem vários assuntos para serem abordados, infelizmente nem todos muito bons. A principal novidade é que ela terá seu pontapé inicial dentro de quatro anos e alguns meses. A primeira Copa do Mundo disputada no Oriente Médio será em novembro e dezembro. 
 
Não tinha nem como ser diferente. O Catar tem o verão nos meses que a Copa normalmente acontece. E um pouquinho diferente da Rússia, onde os jogos ficaram na casa dos 20 graus, a média de temperatura no pequeno Emirado no verão varia entre 40 e 45 graus de temperatura. Ou seja, a decisão para que a primeira Copa do Mundo fosse realizada no Oriente Médio foi mesmo mexer no calendário e fazer o intervalo ser maior que quatro anos
.
Para quem achar estranho, há um argumento bastante bom para achar legal essa mudança. As Copas normalmente acontecem no fim da temporada europeia, com todos os atletas chegando nela em suas últimas baterias. Em novembro, caso não existam grandes alterações no calendário até 2022, é provável que os times europeus façam a preparação, joguem em setembro e em outubro já liberem seus atletas, frescos, para jogar a Copa. 
 
Futebol local fraco - Quatro anos atrás a Copa do Mundo foi disputada no país do futebol, então é claro que a partir daí tudo será decadência. Mas os russos têm uma liga de média importância na Europa e o futebol como um dos esportes favoritos.
 
No Catar o futebol não tem essa importância. A liga, apesar dos grandes investimentos recentes, especialmente em jogadores e treinadores brasileiros, é fraca e o público pequeno. Ou seja, estaremos falando de uma Copa do turismo, sem dúvida alguma. Os estádios serão lindos, mas o fato de a história do futebol nunca ter passado por ali, acaba tornando a atmosfera diferente.
 
Talvez 48 seleções - Uma continuação do ponto acima é que como é país-sede, a fraca seleção do Catar está com sua vaga garantida. Um ponto ainda pior é que ela seria capaz de garantir a classificação mesmo assim, já que o número de seleções pode aumentar para 48 já na próxima Copa do Mundo.
 
Buscando vender a competição para ainda mais países, garantindo maiores direitos televisivos, a Copa dará uma diluída na importância de se classificar para ela. Só de seleções sul-americanas podemos ter 8 das 10 que existem com um mínimo de força (incluindo Venezuela e Bolívia). Para a Copa de 2026, que terá três sedes (Canadá, México e Estados Unidos) já está garantido esse número de seleções. Para 2022 ainda será discutido. Difícil achar que seja algo legal.
 
Acusações de trabalho escravo e mortes no trabalho - Os números variam bastante, pela falta de transparência nas informações sobre mortes e até sobre as condições de trabalho nos estádios. O número da International Trade Union Confederation em 2014 dava conta de mais de mil trabalhadores mortos àquela altura. Infelizmente nunca saberemos o número exato, só que a Copa do Mundo de 2022 tem uma grande mancha.
 
E em campo? - Já estamos em uma contagem regressiva para as duas maiores estrelas do futebol mundial. Lionel Messi terá 35 anos na Copa do Mundo de 2022 e um histórico horrível com sua seleção. Cristiano Ronaldo, com 37 anos, ainda pode ser um touro fisicamente, mas também não é fora da casinha pensar que ele não estará nos gramados do Catar. Estamos aqui falando dos donos dos últimos 10 títulos de melhor do mundo e que não devem jogar a próxima Copa. Kylian Mbappé, Neymar, Paulo Dybala estão prontos para assumir o protagonismo do futebol mundial. Será que eles conseguem a dominância de Messi e C. Ronaldo?
 
Niccolas Paganini, especial para o Esporte Alternativo