Jonathan Henrique já fala em brigar por medalha em Londres 2012

O atleta atingiu o índice olímpico na última semana / Foto: Marcelo Ferrelli / CBAtSão Paulo - No último sábado, Jonathan Henrique Silva (Orcampi/Unimed/CEE) surpreendeu o Brasil ao marcar o índice A exigido pela IAAF para disputar os Jogos Olímpicos de Londres/2012.

Com um salto de 17m39, ele se tornou, da noite para o dia, a mais nova esperança de medalha para o Brasil na Inglaterra. No salto triplo, sua marca é a a segunda melhor do ano no planeta e a terceira melhor da história na América do Sul.

O resultado foi tão bom que, poucos dias depois do feito, Jonathan já admite que está fazendo planos ousados para sua estreia olímpica. "É muito gratificante ir para a Olimpíada. Quero ganhar experiência, mas não descarto brigar por uma medalha", afirma o triplista de apenas 20 anos.

Para o técnico Nélio Moura, esse otimismo é fruto do próprio desenvolvimento do atleta. "Em 2010, ele tinha como melhor marca 16m07. No ano passado, terminou com 16m70. Se ele saltar na casa dos 17m05 em Londres, tem condições de ser finalista. E se conseguir manter os 17m39, pode até lutar por medalha", explica o treinador.

Mudança no planejamento - O salto que qualificou Jonathan para os Jogos Olímpicos de Londres surpreendeu o saltador e seus treinadores, Nélio e Tânia Moura. O planejamento era chegar a esse nível um mês depois. Por isso, os planos mudaram.

"Nós havíamos programado que ele atingisse o índice em uma das três competições que ele iria disputar em abril, mas como a marca veio logo na primeira, refizemos o planejamento. O Jonathan terá um mês para treinar forte e em maio começa uma série de competições contra os principais atletas nacionais na modalidade, para se acostumar com o nível elevado que o espera em julho em Londres", comenta Nélio.

O treinador do Centro de Excelência confirmou participação de Jonathan em três dos cinco Meetings que compõem o Brazilian Athletics Tour-2012, principal circuito do Atletismo latino-americano, tradicionalmente realizado em maio. O atleta de 20 anos participará das provas de salto triplo no GP Internacional Caixa/Sesi, em Uberlândia (MG), no dia 13, do GP Internacional São Paulo/Caixa, em São Paulo (SP), no dia 16, e do GP Internacional Brasil/Caixa, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 20.

Jonathan também irá participar do Torneio FPA Juvenil e Adulto que será realizado neste sábado (7), no Estádio Ícaro de Castro Mello, mas dessa vez irá encarar o salto em distância. "É um complemento do triplo, mas ele já mostrou que pode ser um grande adversário também na distância", afirma Nélio.

Futebol quase ganha o talento de Jonathan - Em Varginha, interior de Minas Gerais, Jonathan começou sua carreira esportiva praticando futebol. Vascaíno, ele integrava as divisões de base do VEC (Varginha Esporte Clube) e atuava como meia-atacante. A habilidade para o atletismo foi revelada de forma inesperada.

Em uma competição escolar, ele se inscreveu no salto em altura e obteve a marca de 1m75, superando o recorde da região, que era de 1m70. Uma professora se impressionou com o potencial do menino e o incentivou a participar de uma competição escolar no salto triplo. Assim, ele foi se aproximando cada vez mais do atletismo. Jonathan dividiu seu tempo entre as duas modalidades dos 13 aos 16 anos.

"Meus próprios treinadores me pressionavam para tomar uma decisão, mas quando ganhei minha primeira medalha no salto, não tive dúvidas. Acabei desistindo do futebol". Foi quando decidiu mudar-se para a capital paulista, para ingressar no núcleo do Ibirapuera do Centro de Excelência Esportiva (CEE), projeto da Federação Paulista de Atletismo em parceria com a Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, onde mora e treina até hoje.

Quando chegou a São Paulo, em 2008, Jonathan competia nos 110 m com barreira e no salto em distância, além do triplo. As mesmas provas em que Maurren Maggi começou no atletismo. A campeã olímpica também integrou o CEE, antigamente chamado de Projeto Futuro, e treinava com Nélio Moura. A paulista virou referência para o mineiro, motivando-o diariamente. O estímulo foi ainda maior quando, em 2008, a colega de treinos conquistou a medalha de ouro olímpica em Pequim. Agora em 2012, os pupilos de Nélio estarão juntos em território inglês para representar o Brasil nos saltos.

"É bacana. Há quatro anos, eu sonhava em estar no lugar dela e agora vamos juntos para os Jogos. Além da Maurren, me espelho em Michael Jordan e no João do Pulo. Espero que eu alcance as vitórias e o prestígio que eles conquistaram", antecipa o saltador.