Após polêmica, CBAt justifica 20 atletas e 19 técnicos nas Bahamas

 

Franciela Krasucki / Foto: Wagner Carmo / CBAt

Rio de Janeiro - O mundial de revezamentos, disputado nas Bahamas, na América Central, tem sucitado muitas discussões menos a respeito do desempenho dos atletas e mais em relação à polêmica do número de integrantes da comissão técnica. 

Blogs e sites especializados na cobertura do esporte afirmaram ser muito desproporcional o número de 19 pessoas presentes na comissão técnica, quando apenas 20 atletas foram levados para o país. 

Em resposta à polêmica, a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) lançou uma nota oficial, a qual pode ser conferida abaixo:

 

Equipe do Brasil no Mundial de Revezamentos nas Bahamas
 
A CBAt esclarece fatos referentes à Seleção Brasileira que disputará o 1º Campeonato Mundial de Revezamentos nas Bahamas, no próximo fim de semana. Alguns comentários publicados basearam-se somente no número de integrantes da delegação, sem levar em conta a importância da presença da comissão técnica e da equipe multidisciplinar. Também não buscaram o esclarecimento, deixando de ouvir o outro lado (a CBAt).
 
Tenho atendido a todos os questionamentos que recebo na CBAt, da mesma forma que a nossa equipe de trabalho atende os casos que pode resolver. Neste caso específico, atendi o advogado Alberto Murray, crítico ferrenho do esporte nacional, e presidente do Clube (ONG) Sylvio de Magalhães Padilha, assim como o blog do jornalista Rodolfo Lucena, colunista da Folha, cujas perguntas a CBAt responde abaixo.
 
PERGUNTA - Por que a delegação de acompanhantes é tão grande nessa jornada?
RESPOSTA - O número de pessoas na delegação brasileira que disputará o 1º Mundial de Revezamentos nas Bahamas é compatível com o que temos enviado para os eventos de ponta do Atletismo Mundial. Assim, temos 5 atletas para cada uma das provas olímpicas de revezamento (4 titulares e 1 reserva). Para cada equipe vão dois treinadores especialistas. Vai também um treinador-chefe. Seguem, ainda, 7 integrantes da equipe de apoio multidisciplinar: um médico, dois fisioterapeutas, dois massagistas, uma psicóloga e uma nutricionista. Completam a delegação o chefe da equipe, o delegado da CBAt junto à organização e um assessor de imprensa. Entendemos que a equipe seja adequada, em provas que nosso País tem larga tradição e em que há esperanças de bons resultados em campeonatos internacionais, como no Ibero-Americano este ano, no PAN e no Mundial em 2015 e na Olimpíada do Rio, em 2016. Quanto à equipe multidisciplinar de apoio, ela foi implantada a partir do Campeonato Mundial de Moscou, ratificada no Fórum do Atletismo Nacional realizado em novembro do ano passado, com mais de 150 técnicos, e aprovada na Assembleia Geral neste ano. Foi possível enviar a equipe nos principais eventos graças ao suporte financeiro do Plano Brasil Medalhas, implantado pelo Governo Federal para todas as modalidades esportivas, e sobre o qual temos de prestar contas. As competições em que a equipe multidisciplinar atua são as de primeiro nível, como Mundiais, PAN e Olímpiadas. A equipe multidisciplinar é composta por médicos, fisioterapeutas, massagistas, nutricionistas, fisiologistas, e profissionais ligados às ciências do esporte. O objetivo é acompanhar o dia a dia dos atletas que estão dentro dos programas da Confederação, e em sistema de rodízio, os profissionais acompanham as seleções em Campeonatos, mas também em Campings de treinamento e competições internacionais.
 
PERGUNTA - Quanto a CBAt está gastando para levar todo o grupo? Por favor, especifique qual é o custo da viagem dos atletas e da viagem dos acompanhantes.
RESPOSTA - Os custos constam sempre dos relatórios oficiais, feitos para análise dos setores competentes (auditoria independente, Conselho Fiscal, Assembleia Geral etc.). Os custos de uma delegação se referem a passagens aéreas (comprada por preço de mercado à época, serviço feito por empresa licitada), hospedagem, alimentação e despesas ocasionais (medicamentos, frutas, lanches e outras pequenas despesas). Parte dos custos com passagens é bancado pelo COB, como o revezamento feminino, que já se encontra em Miami parte das passagens é suprida pela IAAF, para a qual fazemos um fechamento semestral de contas. Os atletas que estão entre os 20 primeiros do mundo e a equipe multidisciplinar são cobertos com o Plano Brasil Medalhas do Governo Federal. Portanto, estamos fazendo o melhor possível, para dar todas as condições aos atletas estejam entre os 20 primeiros do mundo e aos que possam alcançar tal condição, conforme o plano do Governo Federal, e entre os 30 do mundo para os programas da CBAt com suporte do COB.
 
PERGUNTA - Em outros certames, a CBAt optou por equipe de acompanhantes mais enxuta. Por que a mudança? Como você sabe, as delegações em campeonatos recentes foram de 68 atletas e mais 12 profissionais, no Chile. Para o Paraguai foram 23 e 7. Para a Bolívia foram 17 e 7. Por que agora 20 e 19 (aliás, o grupo de acompanhantes é de 19 ou 18 pessoas?)? Em outras delegações, a diferença é muito maior. A Espanha, por exemplo, leva 12 atletas e quatro no staff... Por que diferença tão gritante no Brasil? 
RESPOSTA - No Chile, a equipe de atletismo integrou a delegação do COB. Como sempre, há profissionais de apoio do COB que atendem diversos esportes, inclusive o atletismo. Quanto às competições na Bolívia e no Paraguai foram eventos regionais, enquanto nas Bahamas teremos um Campeonato Mundial - em provas que o Brasil tem tradição. Além da importância do evento em si, é uma grande oportunidade também como preparação para o Mundial de Atletismo de Pequim e para os Jogos do Rio. Estamos próximos de realizar a Olímpiada, e lembramos na época da Olímpiada de Barcelona, as equipes da Espanha eram muito fortes, e não sabemos o que ocorre agora, pois as delegações estão menores. No caso da Jamaica, que tem uma delegação grande (39 atletas), eles usam um sistema de credenciais diferenciado. Os técnicos pessoais dos atletas e equipe multidisciplinar acompanham a delegação, com credenciais obtidas junto à IAAF. Ela dispõe de credenciais desse tipo, por isso nos campeonatos mundiais, vemos muitos membros das equipes com essas credenciais (EUA, Alemanha, França etc.). A Jamaica, neste campeonato, está muito perto de Bahamas, e por isso os jamaicanos irão com muita gente, já que a passagem custa entre 150 a 200 dólares.
 
PERGUNTA - Que resultados a CBAt espera obter neste Mundial? 
RESPOSTA - Pelo desempenho das equipes nos vários campings feitos no Brasil e no exterior, há esperanças de bons resultados principalmente no 4x400 m masculino, 4x100 m feminino (embora sem dúvida Ana Cláudia Lemos, lesionada, faça falta). O 4x100 m masculino, mesclado com velocistas experientes e outros mais jovens também é esperança. O 4x400 m feminino, que também tem resultados históricos bons, não está no mesmo nível, mas entendemos que possa obter um bom resultado.
 
PERGUNTA - Quanto foi investido e como foram os investimentos na preparação da delegação?
RESPOSTA - Parte dos recursos vem do Plano Brasil medalhas, do Governo Federal, já que temos atletas no grupo que integram o Programa Bolsa Pódio. Outros atletas recebem benefícios dos programas de apoio da CBAt patrocinados pela CAIXA. O Comitê Olímpico Brasileiro também apoiou os Campings de revezamento. Os custos dos investimentos feitos especificamente pela CBAt não estão fechados ainda, porque fazem parte de um programa anual. E constará dos nossos relatórios oficiais.
 
PERGUNTA - Como foram selecionados os atletas? E os integrantes da Comissão?
RESPOSTA - A seleção é convocada por critérios técnicos, condições financeiras disponíveis e índices estabelecidos para a qualificação, conforme aprovado no Fórum de Alto Rendimento e na Assembleia Geral. Os revezamentos foram escolhidos por critério técnico, somente os revezamentos olímpicos, nos quais estamos trabalhando há meses. Os técnicos são fixos para os revezamentos. Dois técnicos dirigem cada equipe de revezamento e têm avaliação e rodízio, caso necessário, a cada dois anos. Geralmente os técnicos escalados têm um ou mais dos principais atletas. Cada técnico só pode treinar uma equipe de revezamento, para que outros técnicos tenham chance de desenvolvimento e também treinar a Seleção. Os integrantes da comissão são escolhidos conforme o grupo de atletas convocados, geralmente eles trabalham com esses atletas no dia a dia. 
 
 
FAÇO MAIS ALGUMAS CONSIDERAÇÕES:
 
1 - O Brasil realizará a Olímpiada em breve, e o atletismo terá papel de destaque, com a CBAt tendo de realizar diversas tarefas que serão solicitadas pela IAAF, COI e Comitê Organizador Rio 2016. A CBAt tem de estar preparada com parte técnica, arbitragem, administrativa, staff, dentro e fora da pista, além de outras atribuições.
 
2 - O atletismo é complexo, cada prova do atletismo equivale a um campeonato. São 23 provas Femininas e 24 provas masculinas, cada atleta de nível olímpico geralmente tem seu técnico e staff, sua metodologia de treino e de vida. É extremamente diferente de uma modalidade coletiva, onde uma equipe vai com sua comissão técnica e seu staff atende a equipe toda.
 
3 - O atletismo é a modalidade que mais viaja pelo mundo, os atletas bem ranqueados estão sempre em campings internacionais de treinamento e competição, geralmente nos EUA ou na Europa. A viagem para o Mundial de Revezamentos não é de turismo, pois a Delegação chega na quarta e quinta-feira, tem treinos e palestras todos os dias, e a competição será no sábado e domingo, com retorno na segunda-feira.
 
4 - Só pessoas não esclarecidas poderiam supor que não há profissionalismo em um evento mundial. Com a nova gestão iniciada em março de 2013, trouxemos novas pessoas e ideias para a CBAt. Assim, quem comanda o alto rendimento é o Prof. Dr. Antonio Carlos Gomes, com mestrado e doutorado em gestão e treinamento feitos durante 12 anos, pela Universidade de Moscou. Oriundo do atletismo, ele passou pelo futebol e está de volta às origens agora.
 
Atenciosamente,
JOSÉ ANTONIO MARTINS FERNANDES
Presidente da Confederação Brasileira de Atletismo