Com pista nova, Maranhão busca revelar novos campeões

Autoridades conferem nova pista / Foto: Divulgação

Rio de Janeiro - Há cinco anos, era preciso usar facão para tirar o mato que crescia sobre a pista de atletismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), como conta Alex Bezerra, o professor responsável pela disciplina na Faculdade de Educação Física.
 
Hoje, uma nova pista está quase pronta, construída com recursos do Ministério do Esporte em parceria com a UFMA, e poderá ser certificada como classe 2 da IAAF (sigla em inglês para a Associação Internacional das Federações de Atletismo). Assim, a capital São Luís estará apta a receber competições de atletismo, até internacionais.
 
O secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, esteve na cidade na última sexta-feira (30.05), visitou a obra e destacou a importância da recuperação do bairro Outeiro da Cruz, que recebe agora a pista de atletismo da UFMA, parte do legado dos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
 
Na visita, o reitor da UFMA, Natalino Salgado Filho, lembrou da área de matagal, invasões e conflitos que foi recuperada, urbanizada com a construção do Centro Pedagógico Paulo Freire, o Centro de Convenções e, agora, a pista de atletismo, em local que foi cercado, mas apenas depois de visitas a núcleos de famílias no entorno – que reúne 350 mil pessoas. Muitas dessas pessoas iam ao local “para buscar água ou mesmo caçar para comer”, como diz o reitor. A universidade foi até elas, ouvir reivindicações para conseguir melhorias, “cumprindo assim seu papel, que é servir à comunidade, de forma organizada, com segurança e integração”.
 
Nacionalização do Rio 2016 - O secretário Ricardo Leyser destacou a importância desse comprometimento da universidade com a população e do papel do esporte nessa inclusão. Comentou que, no caso do atletismo, os investimentos do Ministério do Esporte estarão sob um programa nacional completo, preparado pela confederação brasileira (CBAt): “Vamos garantir pistas oficiais nas capitais – apenas Macapá ainda não está contemplada –, em uma abordagem mais integrada. No caso das universidades, aproveitando sua vantagem de contar com o curso de Educação Física”.
 
Ricardo Leyser ainda falou da importância da estratégia da utilização, para conservação de uma pista de alto rendimento, com foco no público. “Por isso, pediria atenção quanto ao tipo de atividade que vamos desenvolver na pista”, disse.
 
Além dos atletas de performance, ali podem treinar, por exemplo, com professores e estagiários da universidade, grupos de crianças e adolescentes com talento, detectados pelo programa Atleta na Escola (são 42 mil inscritos) e ainda de 285 CIEs (Centros de Iniciação ao Esporte) – um investimento de R$ 967 milhões, com recursos do PAC2 (Plano de Aceleração do Crescimento). Do total de CIEs, 168 terão minipista de atletismo, construídos em 163 municípios de todo o Brasil com recursos do Ministério do Esporte. O Maranhão terá 12 CIEs, dois deles em São Luís.
 
Vocação maranhense - Na visita à pista da UFMA, o professor Alex Bezerra contou ao secretário Leyser que na década de 1990 passaram técnicos cubanos por São Luís, que estudaram o potencial de atletas junto à população de cidades como Codó e até de quilombolas. E mostraram que havia biotipos próximos de jamaicanos e quenianos, ideais para atletas de velocidade e também de fundo.
 
“No caso do atletismo temos a genética gritando em nosso Estado”, disse o professor Alex, que exemplificou: o campeão dos 100m do Troféu Brasil de 2013 foi justamente o “Codó” – apelido de José Carlos Moreira, nascido naquela cidade.  “Também foram campeões Aline dos Santos, no salto em altura, e Joelma das Neves, dos 400 m e revezamento 4x400m. E ainda temos como destaque a fundista Larissa Nascimento.”
 
Em “férias forçadas” em São Luís por causa de uma lesão no pé esquerdo, também participou da visita a jogadora de basquete Iziane, 32 anos e uma das melhores do mundo, que fez parte da seleção brasileira e agora aguarda recuperação para voltar a negociar contratos com times da WNBA, a liga feminina profissional de basquete norte-americano. Iziane conta que saiu de casa com 15 anos, para treinar em Osasco, em São Paulo, e de lá já foi jogar na Espanha.
 
Rio 2016 - Toda essa movimentação no esporte brasileiro, disse Ricardo Leyser, só está sendo possível porque o Rio de Janeiro ganhou a candidatura para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. A partir de então, explicou, foi possível acelerar uma verdadeira retomada do esporte, como quer Iziane. O Ministério do Esporte começou a traçar e a executar um planejamento estratégico, de forma a levar estrutura esportiva para todo o país, contemplando da formação de base até o alto rendimento, com a formação de uma Rede Nacional de Treinamento.
 
Com apoio do governo federal, apenas com relação ao atletismo são 53 pistas oficiais novas, construídas ou reformadas, parte delas já prontas, com projetos do Ministério do Esporte e diversas instituições. O governo federal investe R$ 312 milhões e as parcerias alcançam outros R$ 36 milhões. Apenas na pista da UFMA foram R$ 6 milhões.
 
“Além das obras físicas e dos programas criados para possibilitar desenvolvimento de talentos, temos vários outros projetos. No caso do atletismo, por exemplo, temos parceria esportiva com Cuba, com treinadores vindo para a CBAt. Podemos ver esse e outros tipos de cooperação com a Universidade do Maranhão”, disse o secretário.