Mário José disputa Copa do Mundo de marcha atlética antes da Rio 2016

Mário vai disputar a Copa do Mundo antes da Rio 2016 / Foto: Antônio Nílson/CBAt

Rio de Janeiro - Você sabe qual é a prova mais longa e que mais “castiga” o corpo de um atleta nos Jogos Olímpicos? Com cerca de quatro horas de duração, os 50km da marcha atlética desafiam os limites do corpo humano. 
 
O percurso exige muito do físico e do psicológico dos atletas, tanto que os melhores esportistas do mundo disputam, em média, somente duas provas por ano. “O desgaste é tremendo. Após a prova você tem que ficar cinco dias sem fazer atividades. O atleta pode voltar a treinar somente 15 dias depois. É uma questão fisiológica”, explica o marchador brasileiro Mário José dos Santos Júnior, 36 anos.
 
O atleta marcha para a sua terceira participação olímpica. Ele representou o Brasil nos Jogos de Atenas 2004 e Pequim 2008. “A marcha de 50km é a maior distância do atletismo e a prova que mais demora. Quem corre uma maratona sabe bem que percorrer 42km é terrível, imagine completar mais 8km. No Rio de Janeiro vai ser bastante especial, porque geralmente as boas marcas saem de lugares frios. Em agosto estará quente e com umidade é alta. Será uma Olimpíada particular. Quem estiver bem adaptado ao calor terá um melhor rendimento”, analisa.
 
No dia 28 de fevereiro, os atletas da marcha atlética conhecerão o percurso olímpico da prova, durante o evento-teste do Rio 2016. Na ocasião, será disputada a Copa Brasil de Marcha Atlética junto com o Sul-Americano.
 
Mário José Jr. Já tem o índice para disputar os 50km nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Com a vaga garantida, o paulista abdicou de competir no evento-teste para participar da Copa do Mundo da modalidade, no dia 8 de maio, em Roma. “Fiz a opção de disputar somente os grandes eventos. Vou para a Copa do Mundo e para a Olimpíada. As duas provas de 50km”, diz. 
 
“Infelizmente, não vou poder participar da Copa Brasil. Fico até um pouco chateado, porque é a prova ideal para encontrar todos os atletas brasileiros. Este ano terá um gostinho bem especial, pois os atletas irão conhecer o percurso e a estrutura olímpica. Seria até legal participar”, lamenta.
 
A Copa Brasil será o passaporte para os atletas que não garantiram vaga para disputar a Copa do Mundo. Já o evento na Itália será o trampolim para os Jogos Olímpicos do Rio 2016. “Acredito que os atletas classificados para as Olimpíadas não irão completar a prova da Copa Brasil, eles vão participar para conhecer o percurso, o clima. Então, agora, quem vai completar é quem tem o objetivo de participar da Copa do Mundo.”
 
Nos Jogos Olímpicos de Pequim, Mário terminou os 50km em 4h15min16, cruzando a linha de chegada em 41ª. Em 2016, ele espera melhorar a marca. “É um privilégio ser um atleta. A Olimpíada é a realização de um sonho. Durante a prova, passa um filme na cabeça com tudo o que você fez, cada dia que você tomou chuva, que você não tinha recursos, que você deu a volta por cima, se machucou, voltou de lesão. O momento olímpico faz tudo valer a pena”, afirma.
 
 “A Olimpíada do Rio terá um gosto mais do que especial. Vou poder competir na frente da minha família. Infelizmente, nas duas outras edições eu não tinha recursos para levá-los para me ver. Agora, eles estarão comigo”, comemora.
 
Artes marciais e apoio financeiro - O atleta é filho de nordestinos retirantes. Os pais saíram de Pernambuco e se estabeleceram em São Paulo, onde nasceu o fundista. Na família, com quatro irmãos, o esporte sempre esteve presente, como ele mesmo recorda. “Sempre fui muito fã de artes marciais. Antes do atletismo tive a oportunidade de praticar judô, kickboxing, capoeira. Eu era um grande fã de lutas. Entrei no atletismo porque a minha mãe achava as lutas violentas”, revela. Mário recebe o apoio financeiro do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte desde 2010.
 
O marchador considera fundamental a ajuda financeira direta do governo federal para os atletas, dos iniciantes aos olímpicos. “Eu recebo a Bolsa Atleta desde quando mudou a legislação e atletas com patrocínio passaram a receber o recurso. Sempre comento sobre a relevância da ajuda do governo, porque ela vem no momento que precisamos. Como não contamos com o valor no orçamento, quando vem, ajuda bastante no treinamento, nas viagens.”
 
 
 
 

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