O dia seguinte de Fabiana Murer após a medalha de ouro no mundial de Daegu

Fabiana Murer dormiu pouco mais que três horas e antes das 7 da manhã já estava de pé / Foto: Getty Images/IAAFDaegu - Fabiana Murer dormiu pouco mais que três horas e antes das 7 da manhã já estava de pé. Um rápido café da manhã e uma sessão de fisioterapia, mas já atendendo, com a atenção de sempre, a Assessoria da CBAt. Eram pedidos de entrevistas ou mesmo de declarações, as famosas "aspas" no jargão jornalístico.

O que vai fazer agora? Quando volta para o Brasil? Já está pensando no PAN? E Londres, acha que o grupo que disputará os lugares do pódio mudará muito em relação ao que competiu em Daegu? Ou, então: Em quem você pensou quando teve a certeza de que era a primeira sul-americana campeã mundial? A quem dedicou a medalha de ouro? O que fez você evoluir a ponto de tornar-se uma protagonista do salto com vara feminino?

São perguntas necessárias, embora pareçam rotineiras. Agora com mais calma, Fabiana lembra que foi longo o caminho para passar da atleta que saltava 3,90 m uma década atrás, para os 4,85 que lhe deram o lugar mais alto do pódio nesta 13ª edição do Campeonato Mundial de Atletismo, que está sendo disputado em Daegu, na Coreia do Sul. Explicou tudo nas entrevistas que concedeu ainda no Estádio. Depois, já de madrugada, enquanto saboreava um lanche e recebia cumprimentos do pessoal do Brasil na Vila dos Atletas, dava entrevistas por telefone. Quando foi dormir, começou a projetar o novo dia, dali a algumas horas, os compromissos de campeã mundial.

Agora, já atenta, foi sincera, mais uma vez: "Pude evoluir porque teve quem acreditou em mim. E pude chegar a este nível profissional porque investiram em mim. Foi o trabalho do Elson (seu treinador e marido Elson Miranda), do Vitaly (Vitaly Petrov, especialista ucraniano contratado pela CBAt para dar assistência à prova no Brasil), meu clube (BM&FBovespa), a Confederação e seus patrocinadores (CAIXA, NIKE). Foram as pessoas que me atenderam, treinadores, médicos, pessoal de apoio. E foi a paciência para esperar, porque demorei 15 anos, desde que comecei a treinar em Campinas, até vencer aqui em Daegu." Por isso, explica, "não poderia oferecer a medalha apenas a uma pessoa ou instituição. Foi tudo isso que me fez campeã."

E agora? "Bem, tem os compromissos de hoje, não é?" Com dirigentes, treinadores e pessoal da equipe, almoçou na sala da Nike no Novotel. Depois, entrevistas para o canal da empresa, para três emissoras coreanas, gravações com equipes do Sportv e Globo, e conversas com jornalistas brasileiros que vieram a Daegu para acompanhar o Mundial.

Um pouco de descontração, brincadeiras com os amigos, e uma confissão: "Estou ansiosa para a cerimônia de premiação." A previsão é que Fabiana, a vice-campeã Martina Strutz, da Alemanha, e a ganhadora da medalha de bronze Svetlana Feofonova, da Rússia, recebam as medalhas nesta quinta-feira, dia 1º de Setembro, às 19:45. "É emocionante só de pensar, é a primeira vez que vamos ouvir o Hino Nacional numa cerimônia de premiação num Mundial de Atletismo", fala. De fato, as 10 medalhas ganhas anteriormente por brasileiros foram de prata e bronze, cinco cada.

"É hora de curtir, depois da cerimônia volto aos treinos e o Elson pega pesado", brinca. "Vou me preparar para Zurique", afirma (se ganhar será bicampeã da Diamond League). "Depois, descansar um pouco e voltar aos treinos para o PAN (em outubro)", diz.

Num ponto de uma das entrevistas fica sabendo que a imprensa coreana a chama de "cinderela". Não perde a piada: "Bem, não perdi nenhuma sapatilha." Um tempo para descanso, mais entrevistas. Com Elson, ganha um garrafa de "dom Perignon", dá mais uma entrevista, toma um café e um táxi para voltar à Vila dos Atletas. Agora, um pouco de descanso, um tempo para responder a perguntas que chegaram por e-mail, atender telefonemas, ver pedidos para que compareça a programas de televisão quando voltar ao Brasil. E planejar a volta aos treinos, focar no Meeting de Zurique, no PAN de Guadalajara e pensar em 2012, ano da Olimpíada de Londres.