Seletiva garante 26 paulistas nos Jogos Escolares da Juventude em Bélém

Luca da Silva vence os 100 m rasos / Foto: Flávio Perez / ZDL

São Paulo - O estádio Ícaro de Castro Mello, no Ibirapuera, recebeu sexta (4) e sábado (5) os candidatos a futuros campeões do atletismo brasileiro na seletiva infantil dos Jogos Escolares de São Paulo (JEESP). Mais de 600 adolescentes pré-selecionados nas dez etapas anteriores realizadas no Estado ao longo do ano participaram da competição. O vencedor de cada prova garantiu, como prêmio, a vaga nos Jogos Escolares da Juventude, de 3 a 17 de novembro em Belém (PA), representando o estado na competição. Os resultados completos podem ser encontrados no site www.atletismofpa.com.br
 
Uma das provas mais concorridas é a dos 100m, considerada a mais nobre do atletismo. A maioria dos meninos espelha-se no recordista Usain Bolt e acaba optando pela distância, sonhando um dia alcançar as glórias do jamaicano ou mesmo do ídolo brasileiro Robson Caetano, a partir dos Jogos Escolares. Luca da Silva, de 15 anos, começa a dar os primeiros passos. Formado no Centro de Excelência Esportiva (CEE) da Baixada Santista, o vencedor dos 100m tem meta definida: buscar resultados mais expressivos nos próximos anos para atingir o auge da carreira na Olimpíada de 2020, no Japão. 
 
"Daqui pra frente só quero treinar muito, para depois colher os frutos de um trabalho sério. Eu tenho de superar meus próprios tempos. Quem sabe um dia consiga bater o recorde de Robson Caetano", projetou Luca da Silva, de São Vicente, após a vitória nos 100m com 10s84. "A final foi muito disputada, com dois adversários tentando me passar até em cima da linha de chegada. Essa geração é muito forte com marcas excelentes". O tempo de 10s cravados, estabelecido por Robson Caetano em 1988, permanece até hoje como recorde sul-americano dos 100m.
 
O coordenador do evento, Carlos Alberto Félix, um dos treinadores de Luca da Silva, acredita que o atleta tem potencial para brilhar nas provas de velocidade. O garoto está sendo lapidado pela equipe técnica da Federação Paulista na Praia Grande. "O Luca é um dos garotos que estão pré-selecionados para representar o Brasil na Olimpíada da Juventude de 2014, mas ainda não devemos pensar nele para 2016. Melhor não ter pressa. O objetivo dos Jogos Escolares é formar campeões para o futuro e para isso é preciso garimpar velocistas nas escolas", afirmou Félix. 
 
No feminino, a medalha de ouro e a vaga para representar São Paulo na competição de Belém, ficou com Jessica Honorato, de Limeira, com o tempo de 12s14 nos 100m. "Dever cumprido. Esperava ir para o pódio e consegui me superar aqui no Ibirapuera. Competir nos Jogos Escolares é mais uma oportunidade para aprender e melhorar meu desempenho. Trabalho para ser uma velocista da seleção brasileira de atletismo", desejou a atleta.
 
Talento nos 400m rasos - Medalha de ouro na prova dos 400 m, Maykon Kennedy do Nascimento, de Campinas, é integrante do CEE desde o começo de 2013. Aos 16 anos, o jovem atleta já coleciona grandes feitos, como o recorde brasileiro de 2012, na prova dos 250 m. Evandro Lázari, treinador de Maykon, assistiu na beira da pista a prova e destacou que o atleta pode servir de espelho para outros que estão começando agora.
 
"O Maykon é um Orcampi e no local onde treina está se tornando um exemplo para os demais. Ele ganhou recentemente a seletiva nacional para a Ginasíade, que será realizada no final de novembro em Brasília. No ano que vem acredito que possa brigar por uma vaga nos Jogos Olímpicos da Juventude", opinou Evandro. Nos 400m feminino, o primeiro lugar foi de Daysiellen Dias, de Osasco, com 58s25. 
 
Amizade e rivalidade no lançamento do dardo - Mesmo sem tanta tradição no Brasil, o lançamento do dardo começa a crescer com o aumento de inscrições de atletas constatado em todas as etapas, principalmente no interior. Os melhores de cada etapa se enfrentaram no Ibirapuera e o destaque ficou para um duelo entre alunos das cidades Guariba e Sertãozinho. 
 
Antônio José (de Guariba) e Alberico Ramos (de Sertãozinho) brigaram a cada arremesso pelo título e vaga para os Jogos Escolares no Pará. Antonio José, de 17 anos, levou a melhor. "É uma rivalidade sadia. Trocamos sempre informações e treinamos juntos. Minha meta é crescer, ganhar campeonatos importantes e representar o País", revelou o garoto, que obteve sua melhor marca. "Estava atrás dela faz tempo. Fiquei muito feliz com os 49,07m obtidos justamente na minha última tentativa". 
 
O amigo e principal rival Alberico Ramos, 16 anos, vai torcer para Antônio José trazer o ouro de Belám. "Eu e o Antônio treinamos juntos. A gente alterna as melhores marcas. Em certos momentos eu estava melhor que ele, mas desta vez o Antônio teve um dia mais feliz. Agora é treinar e evoluir. Independentemente dos resultados, somos amigos", 
 
No lançamento do disco feminino, a polivalente Eloah Caetano ficou com o primeiro lugar com 40,27m. A atleta de São Caetano do Sul já havia conquistado a medalha de bronze no arremesso do peso com 12,43m. O ouro e a prata no peso feminino ficaram com Mayara de Andarde (13,36 m) e Dara Gabriela (12,59 m), respectivamente. 
 
"Quando comecei a treinar não tinha ideia de como fazer para arremessar bem. Era uma coisa muito diferente, nunca tinha ouvido falar. Minha irmã me incentivou e peguei gosto. Estou feliz por fazer a minha melhor marca em uma competição escolar", comemorou Mayara de Andrade, de São José dos Campos.
 
Mauro Checkin prestigia os campeões - O presidente da Federação Paulista de Atletismo, Mauro Checkin, acompanhou as finais dos Jogos Escolares do Estado na pista do Ibirapuera. Atento a todos os detalhes como logistica, segurança, parte médica e resultados, o dirigente mostrou-se satisfeito com o torneio que passou por nove cidades de São Paulo e selecionou os melhores alunos de cada região. Um total de 20.000 estudantes passaram pela atual edição dos Jogos Escolares. "Os jovens conseguem tempos e marcas cada vez melhores em pistas de alto nível. Isso mostra que o trabalho foi bem feito por toda nossa equipe, incluindo os técnicos dos Centros de Excelência, alunos, arbitragem e organização".
 
Segundo o presidente da FPA, a parceria da entidade com a Secretária de Educação é importante para o desenvolvimento do esporte nacional. "Temos a oportunidade de ver os garotos que vão representar o Brasil nas principais competições do mundo. É difícil falar se eles chegarão ou não a disputar uma Olimpíada, mas a formação conta muito. Claro que o nosso foco principal está em 2020 em diante e não em 2016".
 
"O mais importante é que os professores das escolas abraçaram a ideia trazendo os alunos para as seletivas nos três anos. Muitos deles buscaram especialização em determinada modalidade, participando de clínicas e trocando informações com treinadores e outros profissionais da área. Os resultados melhoraram e nas próximas temporadas devem ser ainda melhores", contou o cubano Lázaro Velazquez, um dos coordenadores do Centro de Excelência Esportiva e dos Jogos Escolares (CEE).