Canoagem Slalom e estágio europeu

Graças ao apoio financeiro do Comitê Olímpico Brasileiro, a Equipe Permanente de Canoagem está realizando neste mês de maio um estágio na Europa  / Foto: Divulgação

São Paulo - Graças ao apoio financeiro do Comitê Olímpico Brasileiro, a Equipe Permanente de Canoagem está realizando neste mês de maio um estágio na Europa preparatório para as Copas do Mundo e Mundiais de 2013.
 
A intenção era participar de três competições internacionais: Liptovsky Mikulas – SVK, Troja CZE e Tacen – SLO, além de treinar com os melhores atletas do mundo em vários canais artificiais de diferentes níveis de dificuldades. Entretanto, mesmo estando no final do período de frio no hemisfério norte, o leste europeu sofreu muito neste mês com fortes chuvas e temperaturas baixas que obrigaram ao cancelamento da prova de Troja. Tacen somente aconteceu porque os organizadores aguardaram até domingo para a realização de apenas duas descidas para cada categoria, caso contrário teria sido cancelada também.
 
O Brasil conseguiu bons resultados em todas as provas que participou. Em Tacen, no último dia 26 de Maio, a competição, que contou com a participação de alguns dos melhores atletas do mundo, serviu como seletivas para formação da fortíssima equipe Eslovana de Canoagem Slalom de 2013, a melhor ou uma das melhores equipes mundiais.
 
Destacaram-se, de forma especial, os atletas Charles Correa (21) e Anderson Oliveira (21), na categoria C2, que conseguiram o 5º Lugar com o tempo de 108,42 segundos. Os vencedores desta prova foram os eslovenos Luca Bozic e Saso Taljat com o tempo de 96,85 segundos. O tempo limpo da dupla brasileira foi de 104,42 segundos, ou seja, estão a aproximadamente 8 segundos do melhor barco.
 
“Ficamos bastante felizes com esse resultado, sabemos que ainda nos encontramos tecnicamente longe de participarmos de uma final mundial, mas o nosso planejamento é chegar a esse patamar em 2015 e 2016 e, estamos caminhando para isso. Se não houver falhas no planejamento estratégico da CBCa, principalmente com relação às participações internacionais, temos consciência que conseguiremos chegar em 2016 com reais chances de fazer bonito para o povo brasileiro” – disse o atleta Charles Correa.
 
Um parâmetro interessante para a dupla brasileira perceber a sua evolução é saber qual é a porcentagem que está com relação ao melhor barco brasileiro na prova. Neste caso, ficaram a 21,49% do K1M brasileiro (Pepe), exatamente e mesma média que fizeram nas últimas seletivas acontecidas no final de abril em Cerquilho, no Estado de São Paulo. A melhor dupla, por sua vez, esteve a 8,52% do melhor barco brasileiro. Portanto, até 2016, o ideal é que essa embarcação esteja a uma média percentual entre 5%  a 8% do melhor barco brasileiro para pensar em chegar a final (obviamente que se houver melhora no nível do K1 brasileiro, esse percentual tenderá a subir).
 
Na categoria K1 masculino, o atleta Pedro Henrique Gonçalves da Silva (Pepe – 20 anos) conseguiu o tempo de 89,24 segundos, ficando na 31º colocação, em prova que contou com 102 atletas, dentre eles o campeão olímpico Daniele Momenti (84,62 seg) e o campeão mundial Peter Kauzer (84,76 seg). O vencedor desta categoria foi o italiano Andrea Romeo, que realizou o percurso com o tempo de 83,94 segundos. O outro atleta brasileiro que participou nessa prova, foi Ricardo Martins Taques (22), com  94,62 segundos, ficando na 51º posição.
 
A se destacar nessa prova é o fato de que o atleta Pepe conseguiu fazer o percurso com o tempo de 86,43 segundos, porém, com duas faltas, que adicionaram mais 4 segundos ao seu tempo final. Se não houvesse cometido as faltas, um atleta brasileiro estaria, pela primeira vez, a menos de 2 segundos de um campeão olímpico e campeão mundial. Não bastasse isso, na primeira prova desse estágio europeu, na Cidade de Lyptovsky Mikulas, se também não houvesse uma infração de 50 segundos bastante contestada por todos os presentes, Pepe já teria ficado a + 1,35 segundos do melhor barco. Ou seja, nesta categoria realmente está havendo um crescimento muito grande do Brasil, que hoje está a apenas 6,31% do melhor barco.
 
“Nos últimos dois ciclos olímpicos, antes das participações do Pepe, o Brasil sempre esteve algo em torno de  10 a 15 segundos atrás dos melhores competidores da categoria K1 masculino. Começamos esse novo ciclo com algo em torno de + 5 segundos. Se conseguirmos baixar isso para algo aproximado a + 3 segundos nas Copas do Mundo e Mundial, já vamos começar a beliscar as finais ainda neste ano, coisa que estávamos prevendo apenas para 2015, ou seja, a continuar nesse ritmo muita gente vai se surpreender com a Canoagem Slalom brasileira” – disse o Superintendente de Canoagem da Confederação Brasileira de Canoagem Argos Gonçalves Dias Rodrigues.
 
Outra atleta que vem encantando o mundo seja por sua capacidade técnica ou pela própria simpatia que conseguiu adquirir junto aos membros da Canoagem Slalom internacional por ter sido a “caçula” nos últimos Jogos Olímpicos, Ana Sátila Vieira Vargas (17) ficou em 11º Lugar, com 102,10 segundos. Prova vencida pela slovena Ursa Kragelj, com 94,50 segundos.
 
Em rápida análise técnica, é muito provável que Ana Sátila esteja na final do Campeonato Mundial Júnior de 2013, que acontecerá em Liptovsky Mikulas, no mês de julho,  e, pela primeira vez na história da Canoagem Slalom feminina brasileira, com grandes chances de medalha. Para medalhar em 2016, aí a coisa muda de figura, a atleta terá que estar no máximo a 6% do melhor barco brasileiro, hoje está a 14%.
 
Na categoria C1Masculino, outro jovem representante brasileiro nesse estágio foi Thiago Saldanha Serra (18), que ficou em 37º Lugar, com o tempo de 105,54 segundos, enquanto que o vencedor Benjamim Savsek, também da Slovênia, ficou com 88, 37 segundos. O interessante é que Thiago melhorou seu percentual com relação ao melhor barco brasileiro. Ao invés de 21,6% alcançado nas últimas seletivas, baixou para 18,26%. O problema é que nesta categoria os atletas brasileiros terão que estar andando junto ao melhor K1 brasileiro para pensar em medalhas no Rio de Janeiro em 2016. Entre todas as embarcações essa é a mais difícil para o Brasil, sem dúvida, porém ainda existe muito tempo para o crescimento dos novos atletas que estão se destacando no Circuito Nacional.
 
Para o presidente da Confederação Brasileira de Canoagem, João Tomasini Schwertner, o estágio europeu está servindo para os atletas conhecerem e treinarem no local do Mundial Júnior e Sub 23 e para que o Brasil consiga encontrar parâmetros internacionais para a contínua melhora interna:
 
“A Canoagem Slalom brasileira tem crescido muito desde o ano de 2010, quando implantamos o Projeto Selo de Qualidade da Confederação Brasileira de Canoagem. Este crescimento quantitativo e qualitativo é flagrante quando verificamos o número de participantes no ranking da modalidade nos últimos anos e nos resultados internacionais que a cada competição tem nos surpreendido. Não tenho dúvidas que neste mundial Júnior e Sub 23 o Brasil conquistará grandes resultados”.