Isaquias leva mais uma e se torna 1º brasileiro com três medalhas numa Olimpíada

Isaquias Queiroz e Erlon de Souza: prata para o Brasil / Foto: Ryan Pierse / Getty Images

Rio de Janeiro - Primeiro brasileiro a ganhar uma medalha olímpica na canoagem. Primeiro brasileiro a ganhar três medalhas olímpica numa mesma edição dos Jogos. Primeiro homem do mundo a ganhar três medalhas na canoagem velocidade em uma edição das Olimpíadas. Esse é Isaquias Queiroz, o baiano de Ubaitaba que colocou, de uma vez por todas, neste penúltimo dia da Rio 2016, seu nome na história do esporte. 

E o cenário não poderia ter sido melhor. Depois de sua primeira medalha, de prata, no C1 1000m, na terça-feira, e o bronze heróico no C1 200m, na quinta, o canoísta conseguiu levar uma verdadeira multidão de pessoas para acompanhar sua última participação nesta Olimpíada, ao lado de Erlon de Souza, na final do C2 1000m. 

Dessa vez não só as arquibancadas, mas todos os lugares da Lagoa Rodrigo de Freitas com visão para o circuito de 1km da prova estavam abarrotados de gente, para acompanhar Isaquias fazer história. 

O brasileiro, que teve dificuldades na largada nas suas outras duas provas, saiu muito bem com Erlon dessa vez, já tomando a ponta nos primeiros 250m - e mantendo-a até um pouco depois dos 750m.

Dupla brasileira do C2 1000m quase levou o ouro / Foto: Ezra Shaw / Getty Images

Nos metros finais, porém, os alemães Sebastian Brendel e Jan Vandrey engataram um forte sprint e assumiram a liderança da prova, levando a medalha de ouro por menos de um segundo. 

Se o ouro não veio, o Brasil de Isaquias e Erlon conseguiu mais uma prata, a sexta do país na Rio 2016, e terceira medalha do baiano mais vitorioso da história. 

"Isso é trabalho, que a gente vem se dedicando ao longo de 12 anos. Isso mostra a força de vontade do brasileiro, principalmente na C1 200m, todo mundo viu que eu saí muito atrás e não desistiu. É aquela garra do brasileiro, de não desistir", afirma Isaquias, após conceder quase uma dezena de entrevistas para emissoras brasileiras e até uma portuguesa. 

Seu parceiro, Erlon, emanava felicidade igual e admitiu certa ansiedade por remar logo, desde que seu parceiro começou a mostrar os bons resultados na Lagoa.

"Desde segunda-feira que eu estou querendo entrar na água, competir. Você entra nesse momento olímpico. Conforme Isaquias foi competindo, eu vendo que estava dando tudo certo, a ânsia de uma medalha foi crescendo, e hoje a gente conseguiu esse feito histórico, então a gente está saindo com o sentimento de dever cumprido. Agora é celebrar", afirma o medalhista de prata. 

Isaquias considera Erlon um dos principais responsáveis pelo seu sucesso na Rio 2016. "Estou muito feliz de ter ajudado o Erlon, porque ele me ajudou muito, durante esses quatro anos. As minhas duas primeiras medalhas foi ele que me ajudou também", garante o brasileiro. 

Antes da Rio 2016, ele já havia traçado um objetivo: de conquistar três medalhas nas três provas que disputaria. O feito não era fácil, afinal o Brasil nunca havia conquistado sequer um pódio na modalidade em Olimpídas. Mas Isaquias mostrou, a cada remada, o porquê seria o brasileiro predestinado para fazer a história acontecer. 

Isaquias Queiroz se torna o primeiro brasileiro a ganhar três medalhas numa mesma edição dos Jogos Olímpicos / Foto: Mike Ehrmann / Getty Images

"Esse era meu objetivo, eu me dediquei junto com o Erlon durante um ano para a gente tentar fazer história. Eu já fiz história ganhando a primeira medalha no C1 1000m, mas a gente queria mais. Não é ganância, e sim a força de vontade de querer mostrar o trabalho da canoagem no Brasil ao longo desses seis dias de competição. As três medalhas não são só minhas, são do Brasil, da canoa, da canoagem, são da Bahia", enumera. 

A torcida realente na Lagoa também deu um show à parte e fez da canoagem um esporte, mesmo que momentaneamente, bastante popular. O objetivo, agora, é manter o patamar, para chegar em Tóquio 2020 novamente na briga pelo ouro - e, dessa vez, agarrá-lo.  

"A gente batalhou muito, foi muito sofrimento, muita dor. Então você ver que o seu trabalho foi concluído, não dá para fazer outra coisa a não ser agradecer e se emocionar. Eu briguei pelo ouro até o final, mas quando você sai da água satisfeito é sinal que você fez o seu papel. Em Tóquio a gente vai brigar por ela e ela vem", avalia Erlon.  "Com certeza vamos buscar o ouro em Tóquio. Lógico que a gente não conseguiu o ouro ali, mas estamos de parabéns pelo que a gente fez, foi uma prova com muita dificuldade, muito vento de frente, muito desgastante", continua Isaquias. 

O baiano de apenas 22 anos, que parava entre uma entrevista e outra para tirar um selfie com o público, que teve seu nome gritado por crianças, adultos e idosos neste sábado, já sabe o que quer fazer agora que conquistou seu objetivo na Rio 2016: descansar.

"Eu combinei até janeiro [de férias]. Três medalhas é até janeiro. Eu tinha ganhado duas e ficaria até novembro, agora três é até janeiro (risos)", conclui Isaquias.
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