Com pista ruim e atletas hospitalizados, evento-teste é cancelado

Circuito chegou a ser testado, mas chuva e pista perigosa atrapalharam / Foto: Divulgação / Portal Brasil 2016 / Ministério do Esporte

Rio de Janeiro – Programado para ocorrer nos dois dias do final de semana, o primeiro evento teste do ciclismo BMX para os Jogos Olímpicos de 2016 acabou sendo apertado em apenas um dia – o domingo –, enfrentou críticas de dezenas de atletas e teve dois atletas brasileiros indo parar no hospital depois de quedas. 
 
Na sexta, véspera da competição, os atletas se recusaram a treinar no circuito montado em Deodoro por questões de segurança. Eles alegaram que as retas e rampas da pista foram mal projetadas pelo criador do percurso, o americano Tom Ritzenthaler, também responsável pelas pistas do BMX em Pequim 2008 e Londres 2012. 
 
Como resultado, na disputa de domingo, a brasileira Bianca Quinalha foi parar no hospital com suspeita de fraturar o punho direito depois de uma queda. Outro brasileiro, Rogério dos Reis, pode ter fraturado as costelas. Com isso o evento teste acabou sendo oficialmente cancelado.
 
Campeã mundial da prova feminina, a venezuelana Stefany Hernandez não poupou o projetista de críticas. “Conseguimos nos organizar e conversar com os organizadores, que fizeram algumas alterações que nos permitiram provar a pista. Ainda assim necessita de modificações. Eu, como atleta e como pessoa, me desculpo com os organizadores do Rio 2016. Vimos que fizeram tudo para fazer um evento magnífico, mas o construtor da pista ficou louco”, disse.
 
Stefany endossou as críticas dos ciclistas em relação às elevações nas retas, que aumentam os riscos de queda dos atletas. O objetivo, segundo ela, seria tornar o esporte mais atrativo, mas acabou deixando a questão da segurança de lado. 
 
“Não é a melhor pista para os atletas. Não vão fazer a melhor competição. Nós treinamos dia e noite para termos força, mais velocidade e tudo mais. E vemos uma pista que você precisa frear antes do salto porque é muito perigoso. É uma falta de respeito com a organização dos Jogos Olímpicos terem feito essa pista. Os construtores têm que pedir desculpas. Ainda precisa de modificações e há tempo para isso. Estou chateada porque um piloto veio aqui há um mês e disse que não tinha condição e não fizeram nada”, criticou a ciclista. 
 
A venezuelana fez questão de isentar os brasileiros pelo problema. “Quero deixar claro que o Brasil está dando tudo pelo evento. Sou latina e sei como somos aqui, sempre queremos dar o melhor, recebendo bem”, finalizou. 
 
O brasileiro Renato Rezende também fez coro às reclamações e apoiou uma pista com retas tradicionais. “Estava bem perigoso. Os atletas pediram as mudanças por questão de segurança. Acho que pode ter essa coisa de querer puxar para a dificuldade em evento promocional, em Copa do Mundo. Mas para uma Olimpíada não é a hora de testar coisa nova”, complementou. 
 
Projetista responde - Ao desenhista da pista restou admitir as falhas e prometer melhorias para os Jogos Olímpicos. Ritzenthaler questionou, no entanto, a forma como a questão foi levantada pelos atletas. Para ele, os ciclistas deveriam ter primeiro testado a pista, coisa que se recusaram a fazer.
 
“Claro que há questões sobre a segurança e diferentes formas de analisar. Concordo com a maioria dos pontos, porque são eles que dirigem na pista. Eu acho que tudo foi feito para entregar uma boa pista para eles e fizemos mudanças que até o campeão mundial concordou. Não posso culpá-los por não terem treinado em nada parecido com isso e nem culpá-los por expressarem suas opiniões. Acredito que eles poderiam ter feito isso de uma maneira mais profissional em vez de fazer um grande alarde sobre isso”, rebate o americano. 
 
O prefeito Eduardo Paes, ao comentar o caso, pediu alinhamento entre os ciclistas e a União Ciclística Internacional (UCI). Para ele, o órgão e os atletas não tiveram a mesma posição, já que a UCI teria aprovado a pista previamente. Um delegado da UCI rebateu, porém, que a pista só é aprovada depois do evento teste. 
 
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