BMX mostra que há espaço para mulheres no esporte radical

 Nos últimos anos, as mulheres têm ganhado cada vez mais espaço no esporte / Foto: Divulgação

São Paulo - Nos últimos anos, as mulheres têm ganhado cada vez mais espaço no esporte, inclusive em modalidades que antes eram praticadas em sua maioria por homens. Mas esse espaço não veio de forma gratuita: com o bom desempenho em competições internacionais e em Jogos Olímpicos, as mulheres conquistaram a admiração do público e aumentaram o número de representantes femininas em esportes nos quais eram pouco vistas. 
 
É o caso do bicicross ou BMX, modalidade olímpica do ciclismo que estreou nos Jogos de Pequim 2008 e tem provas de corrida praticadas com bicicletas especiais em pistas de obstáculos. E no que depender das atletas Naiara Silva e Squel Stein, principais representantes brasileiras da modalidade, o mito de que esporte radical não é para mulheres é apenas mais um obstáculo fácil de ser driblado. Com vários títulos nacionais e participação nas principais competições mundiais, as atletas superaram os preconceitos e são as pioneiras na construção da história brasileira feminina de bicicross.
 
Praticante da modalidade há dez anos, Squel já trouxe vários títulos para o esporte nacional: foi vice-campeã brasileira em 2011, ficou com o sexto lugar no mundial da modalidade realizado no ano passado em Birmingham, na Inglaterra, e chegou às semifinais nos Jogos Olímpicos de Londres. Para a atleta, ter alcançado a vaga para representar o Brasil em uma Olimpíada contribuiu para divulgar o esporte entre as mulheres, além de ter sido mais uma prova de que a participação delas nos esportes radicais veio para ficar. “Acho que conquistamos um pouco mais o coração dos brasileiros e das brasileiras, mostrando o que é o BMX de verdade. Depois dessa participação acredito que nós mulheres vamos ter um pouco mais de espaço”, disse.
 
Apesar de ainda não ter feito sua estreia em Olimpíadas, Naiara também não fica atrás quando o assunto são títulos. Ela é tetracampeã paulista, campeã brasileira em 2011, terceiro lugar na Copa América 2013 e ficou com a sexta colocação nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara em 2011. A atleta, que treina em São José dos Campos (SP), começou na modalidade aos 13 anos por convite do técnico da equipe local. “Apareceu uma vaga na equipe da minha cidade e eles precisavam de uma menina para participar de um campeonato. Como eu estava sempre nas pistas treinando, chamaram-me para a competição. Gostei e estou até hoje”, conta Naiara, ao ressaltar que em 2006, quando começou, ainda havia poucas mulheres praticantes do BMX no Brasil. “Hoje conseguimos formar equipes de competição, mas há alguns anos era mais difícil porque não tinha mulher suficiente para competir. Agora a mulherada está vindo com tudo para o esporte radical e, ao aparecer mais, conseguimos mais apoio e patrocínios, o que ajuda bastante as atletas que querem seguir no esporte de alto nível”, completa. 
 
As atletas se preparam agora para buscar uma vaga nos Jogos Olímpicos do Rio 2016 e representar mais uma vez o BMX feminino brasileiro, dessa vez competindo em casa. “Vou treinar forte para chegar a 2016. Os Jogos serão na cidade em que minha mãe nasceu e quero dar este presente para ela e para o meu país”, disse Naiara. “A expectativa é enorme, mas tenho certeza de que vamos deixar todos orgulhosos do bicicross feminino brasileiro!”, completa Squel.
 
Conheça o bicicross - As provas de bicicross são constituídas por baterias de oito competidores. Os pilotos partem alinhados do início da pista, saindo de um portão que marca a largada da prova. A partir daí, os atletas completam uma volta na pista de obstáculos, com duração média de 45 segundos. 
 
A principal característica do bicicross é a velocidade e grande explosão física, somadas à técnica e habilidade dos seus praticantes. Desde sua criação no final da década de 1960, a modalidade ganhou adeptos no mundo inteiro e atualmente o Brasil conta com campeonatos regionais, estaduais, nacionais e também recebe competições internacionais da modalidade.