Em ano pré-olímpico, treino mental pode ser caminho para o sucesso

Alessandra Dutra / Foto: Divulgação

Rio de Janeiro - Para Alessandra Dutra, psicóloga da seleção brasileira feminina de handebol que foi campeã mundial em Belgrado, na Sérvia, em 2013, um ano pré-olímpico necessariamente já tem um foco mais dirigido. “Trabalhamos com recursos mais elaborados e específicos para as necessidades olímpicas”, diz, ressaltando o entrosamento de equipe, mas também o olhar sobre cada jogadora, detectando as necessidades de cada uma. “É coletivo, mas com particularidades – o que faz total diferença.”

Em 2014, o treino mental não foi tão intenso porque não havia um cenário tão competitivo para a seleção. Alessandra fala de exercícios visuais individuais, como o controle de passes para a tolerância de concentração. “Em 2015, sofisticamos esses exercícios. Temos treino mental por posição, porque goleira é diferente de ponta, que é diferente de pivô... E ainda temos as características de cada atleta.”
 
Neste ano, segue Alessandra, ao condicionamento visual foi acrescentado o auditivo. “Até então, aumentamos a capacidade de movimentos. Em 2015, colocamos nos treinos, por exemplo, barulho de torcida, música, para tirar as jogadoras da zona de conforto. Elas precisam ter consciência corporal - e estarem concentradas. Precisam ter o seu ritmo e não ser influenciadas por ritmo externo.”

Mudando o chip

Alessandra Dutra lembra que a vida das jogadoras da seleção mudou muito, depois que se tornaram campeãs mundiais (a Arena Belgrado teve recorde mundial de público para o handebol, na final de 2013, com vitória sobre as sérvias, donas da casa, diante de 20 mil pessoas). 
 
“Também chegaram algumas atletas mais novas para o grupo, de clubes diferentes. Tivemos de ‘mudar o chip’ das necessidades até o Mundial 2013 para uma situação nova, de Olimpíada. Mas temos de lembrar que, antes dos Jogos do Rio 2016, temos outro Mundial, agora em dezembro, na Dinamarca, quando estará em jogo a defesa do título.”
 
Com o conhecimento acumulado até o ano passado, Alessandra diz que em 2015 começou a colocar em prática um trabalho psicológico alinhado a objetivos técnicos e táticos para a manutenção do título do Mundial, “o que é ainda mais difícil”. Esse trabalho é feito com recursos motivacionais. A cada fase, a psicóloga tem respostas das jogadoras a esse trabalho. A partir delas, faz avaliações do que precisa ser mantido ou melhorado. E assim será até os Jogos Olímpicos. 
 
Com “dois focos” e duas expectativas bem altas 
O bicampeonato mundial e a Olimpíada -, com atletas experientes e algumas novatas a serem inseridas no grupo, a seleção precisa de equilíbrio e de formar uma identidade forte e consolidada, afirma Alessandra, que faz parte do grupo de psicólogos reunidos pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que se reúnem periodicamente para formular ações que ajudem “passo a passo” os atletas brasileiros a aproveitar o fator “jogar em casa”.

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