Museu de Arte dá cara nova a Porto Maravilha no Rio 2016

Museu de Arte une dois prédios com características diferentes / Foto: Alex Ferro/Rio 2016

Rio de Janeiro - Enquanto as estrelas do esporte mundial terão que esperar mais três anos e meio para brilhar na primeira edição dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos da América do Sul um batalhão de diferentes profissionais prepara a cidade para receber os ilustres visitantes com tapete vermelho e braços abertos. 
 
Um dos maiores projetos urbanos em curso no Brasil, a revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, que receberá as vilas de mídia e de árbitros, um centro de convenções e dois hotéis com 500 quartos cada durante os Jogos, segue o cronograma que irá transformar a área desvalorizada e esvaziada em um chamariz para novos empreendimentos.
 
No dia 1º de março, um dos carros-chefes da revolução cultural que está em curso na zona portuária será inaugurado. Trata-se do Museu de Arte do Rio (MAR), que pretende contar a história da cidade através da arte e terá um acervo permanente e mostras temporárias de longa e curta duração, de âmbito nacional e internacional. O museu vai ocupar dois prédios distintos interligados por uma passarela: o Palacete Dom João VI, do início do século passado, e outro de estilo moderno, onde vai funcionar a Escola do Olhar. Cerca de 270 trabalhadores dão os últimos retoques na construção, que deverá receber cerca de 200 mil visitantes por ano.
 
“Fiquei impressionado com a quantidade de obras que o porto está recebendo. A região tem tudo para se transformar em uma das mais bonitas do Rio e fazer parte de tudo isso é uma grande honra. Assim que ficar pronto vou trazer toda a minha família para visitar o museu”, disse o colocador de fórmica, Élcio Luís Maciel, de 42 anos. “A cidade vai ficar ainda mais maravilhosa do que ela já é. Nossos filhos terão ainda mais orgulho de dizer ‘sou carioca’”, concordou Everaldo Costa Mendes, de 39 anos, que também trabalha no acabamento do MAR.
 
A outra vedete da região será o Museu do Amanhã. As obras de reforço estrutural do píer Mauá e execução das fundações do museu começaram em dezembro de 2011 e estão na fase final. Ainda sem data definida para sua inauguração, a construção, no melhor estilo high tech, será dedicada ao desenvolvimento sustentável do planeta.
 
Inspiração espanhola - As mudanças pelas quais passa o porto têm inspiração direta no projeto dos Jogos de Barcelona. Na cidade espanhola, os antigos armazéns e estruturas portuárias foram convertidos em avenidas e prédios novos, que abrigaram os atletas. No Rio de Janeiro, a Vila Olímpica está sendo levantada na Barra, mas as duas cidades têm em comum a demolição de uma enorme construção.
 
Se na capital carioca, o Elevado da Perimetral ainda atrapalha a visão da Baía de Guanabara, em Barcelona, era uma linha de trem que obstruía a vista para o mar. Barcelona criou um túnel para que o trem passasse sem atrapalhar a paisagem. O Rio também faz escavações para escoar o trânsito após a demolição da Perimetral, prevista para o segundo semestre de 2013.
 
Em seu lugar serão construídos dois túneis sobrepostos, em um projeto inédito na cidade. O Túnel do Binário, de 1.800 metros, que terá início nas proximidades do Museu Naval e Oceanográfico. O túnel vai passar sob o Mosteiro de São Bento e a Praça Mauá e sair entre os armazéns 4 e 5 do Porto. Já o Túnel da Via Expressa passará embaixo do Túnel do Binário no trecho sob o Morro de São Bento. A galeria do Túnel do Binário estará a 14 metros de profundidade, enquanto a do túnel da Via Expressa a 25 metros.
Auxiliar de movimentação de cargas da obra do Túnel do Binário, Wellington Luciano, desce 40 metros de profundidade, o equivalente a um prédio de 13 andares, para realizar o seu trabalho. “Essa é a minha primeira grande obra. Uma obra enorme que está mexendo com toda a cidade. Sou um carioca feliz por assumir uma responsabilidade dessas, o que muito me orgulha”, afirmou o operário de 30 anos.
 
As principais obras na zona portuária incluem ainda a construção de 4 km de túneis, reurbanização de 70 km de vias e 650.000m² de calçadas, reconstrução de 700 km de redes de infraestrutura urbana (água, esgoto, drenagem), implantação de 17 km de ciclovias, plantio de 15 mil árvores (o aumento da área verde vai saltar de 2,46% para 10,96%), construção de três novas estações de tratamento de esgoto, a recuperação do casario, calçamento e da iluminação do Morro da Conceição, e o restauro da igreja São Francisco da Prainha, de 1696, uma das mais antigas do Rio e que está fechada desde 2004 pela Defesa Civil por problemas de conservação.