Entrevistas

Arthur Zanetti: "O que eu posso prometer é dar o meu melhor"

O ginasta que é campeão olímpico, mundial e pan-americano nas argolas tem um desafio enorme no Rio / Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Arthur Zanetti: "O que eu posso prometer é dar o meu melhor"
 
Para o ginasta Arthur Zanetti o desafio dos Jogos Olímpicos do Rio começa neste sábado (6/8/2016). A qualificatória da ginástica artística masculina terá três subdivisões e o Brasil está na primeira, a partir das 10h30, na Arena Olímpica do Rio de Janeiro.
 
O primeiro aparelho será as argolas, justamente com Arthur Zanetti. Diego Hypólito é o outro especialista do grupo brasileiro. Os generalistas são Arthur Nory Mariano, Francisco Barretto Júnior e Sérgio Sasaki. O treino de pódio foi realizado na quarta-feira (3/8) com as delegações e a banca de arbitragem e está tudo pronto para a competição. 
 
Arthur Zanetti surpreendeu em Londres/2012 ao conseguir o primeiro ouro olímpico na história da ginástica artística do Brasil. Nos últimos quatro anos sempre esteve no pódio das competições mais importantes do ciclo olímpico com resultados consistentes nas argolas. Vem sendo apontado como favorito, mas o que promete é "fazer o seu melhor". "Minha preparação foi bem intensa. Todo mundo tem esperança de medalha para o Brasil e eu tenho um resultado para defender. Mas nem eu e nem os outros atletas da ginástica podemos garantir nada. É uma Olimpíada, reúne todos os melhores ginastas do mundo. O que eu posso prometer é dar o meu melhor", afirma Zanetti.
 
Campeão olímpico, mundial, pan-americano e bicampeão mundial universitário nas argolas, Arthur fala sobre sua trajetória na ginástica artística nesta entrevista.
 
Quando e como começou o interesse pela ginástica artística?
Eu era uma criança cheia de energia, não parava. Chegava da escola e ia correndo para a rua brincar - sempre moramos em uma rua sem saída, tranquila -, com o meu irmão e os vizinhos. Minha infância foi divertida. Meus pais puseram eu e meu irmão (Victor) para praticar esportes. Futsal, natação e também tinha educação física na escola, com gincanas e atividades que eu gostava. Um dia o professor Sérgio (Oliveira), de Educação Física, pediu para falar com os meus pais (estudava na Metodista). Sugeriu que eu fizesse um teste na ginástica - eu já era forte. Indicou a SERC/Santa Maria, de São Caetano. Eu fui lá, fiz o teste, gostei e fiquei. 
 
Como foi o seu início?
Eu tinha 7 anos, fazia escolinha, duas vezes para semana. Eu saia da escola e ia de perua escolar até a casa da minha avó Neide, que me levava na ginástica, de ônibus. Eu tinha de andar até o ponto e inventava desculpas para não andar. Minha avó contornava e oferecia uma ida até a padaria, na volta. Eu gostava. Escolhia um doce para mim, geralmente bomba de chocolate, e outro para o meu irmão. 
 
Quando a ginástica deixou de ser uma brincadeira?
Essa história começou a ficar séria quando o meu treinador, o Marcos Goto, veio de Guarulhos para São Caetano, no ano seguinte, eu com 8 anos, e me escolheu para ficar no grupo dele. Foi o Marcos que implantou a ginástica competitiva em São Caetano, a partir daquele grupo de meninos.
 
Qual foi a influência da família na prática de esportes?
Total. Não sabiam onde eu chegaria, mas deram o estímulo e sempre apoiaram, me ajudando a encarar os treinos, as competições, cuidando de aspectos como a alimentação e a saúde. Meu pai Archimedes chegou a fazer atletismo e minha mãe Roseane natação. Sempre gostaram de esportes. E quando viram que era o que eu queria deram apoio. Acho que o importante para a criança é fazer uma atividade e a ginástica é excelente.
 
Qual é o segredo para ser um atleta com seu perfil?
Acho que o principal segredo é o comprometimento que se tem com o trabalho, a confiança no meu treinador e todo o apoio que tenho dele e da comissão médica e técnica que trabalha comigo - médico, psicólogo, nutricionista, pessoal da administração, assistente técnico... - colegas de treino e família. Para um atleta de elite também é fundamental ter apoio - clube, ginásio e equipamento adequados, patrocinadores, entidades do esporte fortes e presentes. 
 
Qual foi o maior aprendizado dado pelo técnico Marcos Goto?
Quando eu era pequeno eu achava que ele era bravo. Hoje sei exatamente o quanto é necessário aquela cobrança e disciplina. Para ser atleta de alto rendimento, ter bons resultados, precisa ter cobrança desde cedo. Ele fez esse papel e ainda hoje faz de me motivar para eu dar o meu 100% no treino e na competição. Eu acredito no trabalho dele. Com ele e a ginástica aprendi a ter disciplina, comprometimento, respeito à hierarquia, a saber dividir e ser solidário com os colegas e a vencer.
 
O que a ginástica trouxe para você?
A ginástica, além de trazer os resultados e a medalha olímpica, ajudou na formação do meu caráter. Me trouxe conhecimento, valores como disciplina, respeito.... Me trouxe tudo isso.
 
Qual foi o seu maior desafio? Em algum momento pensou em desistir?
Pensei em desistir quando eu era adolescente. Cheguei a deixar os treinamentos - achava que queria a vida de todo jovem naquela idade, fazer coisas como ir à escola, dormir após o almoço, sair, dormir mais tarde. Mas depois de pouco tempo eu já estava inquieto, de um lado para o outro em casa, sem saber o que fazer. Minha mãe, Roseane, me levou ao ginásio para eu conversar com o técnico Marcos Goto. Fui lá, conversei, voltei, fiquei e nunca mais pensei em sair. 
 
É bem grande a cobrança de resultados que você carrega. Se manter no topo é mais difícil?
Sim, se manter no topo é mais difícil do que chegar. A cobrança é maior, das pessoas, mas também a minha. Hoje posso falar que eu treino ainda mais.
 
Tinha menos pressão antes?
Sim e não. Sim, pelo fato de tudo ser um pouco mais tranquilo... Não, pelo fato de essa cobrança ajudar nos treinamentos. Me ajuda a seguir em frente, a buscar aperfeiçoamento, o meu melhor. Tenho de saber que tenho de fazer o meu máximo em cada treino. Foi o que eu fiz.
 
Quais são suas expectativas para as Olimpíadas e como foram os seus treinos?
Minha preparação foi bem intensa. Todo mundo tem esperança de medalha para o Brasil e eu tenho um resultado para defender. Mas nem eu e nem os outros atletas da ginástica podemos garantir nada. É uma Olimpíada, reúne todos os melhores ginastas do mundo. O que eu posso prometer é dar o meu melhor. Durante os últimos quatro anos eu e o Marcos Goto, todos os dias, quando fomos ao ginásio, demos o máximo em cada treino para conseguir chegar aqui e fazer o melhor e conseguir um bom resultado. 
 
Qual mensagem você deixa para os torcedores?
É a primeira Olimpíada na América do Sul e no Brasil. Vamos tentar acompanhar e curtir. Conto com a torcida dos brasileiros para mim e os atletas da ginástica artística e todos os atletas do Brasil.
 
 

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