Australianos falam sobre o legado dos Jogos Olímpicos de Sydney

Três representantes da Griffith University, da Austrália, estiveram no Ministério do Esporte, em Brasília, para troca de experiências sobre os Jogos Olímpicos / Foto: Divulgação

Brasília - Três representantes da Griffith University, da Austrália, estiveram na sexta-feira, dia 28 de Junho, no Ministério do Esporte, em Brasília, para troca de experiências sobre os Jogos Olímpicos, principalmente quanto ao que se espera de legado para o país organizador. 
 
Chris Auld, especialista em gestão esportiva e voluntariado em grandes eventos; Kristine Toohey, que foi gerente do Programa de Serviços de Comunicação dos Jogos de Sydney 2000 e também atuou no Comitê Organizador dos Jogos de Pequim 2008; e Guie Hartney, diretora da universidade para parcerias entre a Austrália e a América Latina, falaram da necessidade e da importância de planejamento do legado desde a fase anterior aos Jogos, para que a experiência olímpica não se perca depois de encerradas as competições.
 
Kristine, que também tem trabalhos ligados ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e à Agência Mundial Antidoping (Wada) defendeu basicamente que o maior legado de Jogos Olímpicos é a educação. E ressaltou: “Os governos falam de legado econômico e de infraestrutura, mas a participação de todos, como comunidade, é fundamental, assim como o papel da comunicação, para que a mensagem chegue às pessoas. E isso não se consegue sem planejamento. Você não terá mais pessoas praticando esportes ou mais gente qualificada em esportes ou em voluntariado, depois dos Jogos, se não houver um plano para isso”.
 
Chris Auld, que atuou como assessor da Comissão Australiana de Desportos, falou da importância desse planejamento nos vários níveis de governo. Lembrou que Londres, nesse aspecto, precisaria de mais equipamentos e condições gerais de receber as crianças que se motivaram para a prática esportiva depois de encerrados os Jogos 2012.
 
Sobre os Jogos de Sydney 2000, Kristine comentou que se viu um pequeno aumento de público em competições e também na audiência esportiva da tevê, mas não aumentou o número de praticantes no país. Por outro lado, exemplificou, um programa de pré-qualificação de voluntários em uma região mais degradada funcionou muito bem e se manteve a longo prazo.
 
Além do físico, valores - Outro ponto da apresentação foi sobre o trabalho dos australianos na detecção de talentos, que investiga, por exemplo, por que em tal região um determinado esporte é mais praticado ou desenvolvido.  “A prática esportiva é muito ligada a clubes. É muito importante que as crianças tenham transporte, acesso a instalações; que, para isso, exista um bom trabalho de governo municipal e também que pais apoiem seus filhos na prática do esporte”, disse Chris Auld. “E, mais que o trabalho físico, é importante que se cultivem valores. E digo valores como parte da educação geral da criança. Não é apenas questão de boas maneiras.”
 
Os especialistas australianos foram informados dos diversos programas do governo federal que estão sendo desenvolvidos para o alto rendimento em paralelo à preparação para os Jogos Olímpicos do Rio 2016, como o Bolsa-Atleta e a Lei de Incentivo ao Esporte, além de projetos ligados à educação, em escolas, como o Segundo Tempo. O grupo da Griffith University ainda fará visitas a outras cidades brasileiras, mas já foi convidado para voltar e participar de intercâmbio de experiências com representantes de confederações brasileiras.