Flávia Saraiva disputa sua primeira final olímpica na trave

Recado do técnico Alexandre Carvalho para a ginasta: "Ser feliz, aproveitar a competição e fazer a parte dela"; decisão do aparelho começa às 15h45 desta segunda-feira (15/8) / Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Rio de Janeiro - A ginasta Flávia Saraiva, de 16 anos, disputa nesta segunda-feira (15/8/2016) sua primeira final olímpica da ginástica artística, na trave. O programa de provas, na Arena Olímpica do Rio, terá dois brasileiros - Arthur Zanetti está na final das argolas, às 14 horas, e Flávia Saraiva na decisão da trave, a partir das 15h45. Flávia quer repetir as boas apresentações que tem conseguido na temporada.
 
"O objetivo era colocar a Flávia numa final olímpica e conseguimos, tanto na trave quanto no individual geral, que decidimos não disputar para que ela pudesse focar só na final por aparelho. A Flávia tem outras Olimpíadas pela frente. Por isso, quero que ela faça tudo o que sabe com tranquilidade, sem o peso de uma final, e o resultado será consequência disso. Eu disse a ela para ser feliz, aproveitar a competição e fazer a parte dela", afirmou o técnico Alexandre Carvalho, o Cuia.
 
Na etapa de Anadia da Copa do Mundo, sua última competição antes dos Jogos do Rio, Flávia foi a campeã da trave, com nota 15.125, para uma série que vem treinando há dois anos. "É difícil, de muitas ligações. No começo foi até bem complicado para ela. Só que era a chance que nós tínhamos para começar a obter resultados. Com os treinos e apresentações, a Flávia conseguiu firmar a série", acrescenta o treinador. Na qualificação olímpica, a ginasta manteve a regularidade apresentada na temporada, passou pela série sem grandes desequilíbrios e conquistou a segunda maior nota da carreira, 15.133 - a melhor apresentação foi na Copa do Mundo de Baku, em fevereiro, quando recebeu 15.150 na qualificação. 
 
Perfil: Das acrobacias na infância até a Olimpíada - Desde a infância Flávia Saraiva demonstrava o gosto pelas acrobacias nas brincadeiras - piruetas, cambalhotas e balanço em árvores - que fazia em Paciência, zona oeste do Rio. Por indicação da prima Juliana Andrade foi fazer ginástica artística pouco antes de completar 9 anos, na Faculdade Moacir Bastos. Aos 12 anos, Flávia mudou para Três Rios, a 130 km do Rio, para treinar com Alexandre Carvalho, na ONG Qualivida, de Georgette Vidor, coordenadora da seleção brasileira.
 
Com treinos diários de 7 horas, em média, conciliado com os estudos, Flávia teve de lidar com um desafio ainda maior, a distância da família. "No começo achava legal, porque era uma coisa nova, mas depois foi muito difícil. Minha mãe (Fábia Saraiva) sentia falta, e eu também. Nos fins de semana eu ia para casa. Quando eu não podia ir era ela quem ia me visitar. Foi muito difícil, mas não me arrependo, faria tudo de novo", diz a ginasta. Na última temporada, Flávia e a mãe Fábia passaram a morar juntas, no Rio, para a preparação olímpica. Flávia dividia o apartamento, sob a gerência de Fábia, com várias ginastas da seleção.
 
Pela graça, carisma e talento, Flávia surpreendeu e apareceu para o mundo em 2014, ao conquistar ouro no solo e prata na trave e no individual geral nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim, na China. "Foi uma competição muito importante para mim, eu pude conviver com atletas e equipes que me inspiram muito, me sentia como numa mini Olimpíada."
 
Integrada à seleção brasileira principal em 2015, em sua primeira temporada como adulta, teve de se dedicar mais. "Ela é muito dedicada e sabe o que quer, é sempre a primeira a chegar no ginásio e a última a sair. Eu vejo como um tripé: família, treinador e Flávia, tem que estar tudo alinhado para funcionar", acentua Alexandre Carvalho.

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