Ginástica perde medalha mas exalta trajetória: "a gente não tinha uniforme"

Jade Barbosa, que disputa ainda o individual geral / Foto: Lars Baron / Getty Images

Rio de Janeiro - "No meu primeiro pan-americano eu consegui um amigo meu do basquete que me patrocinou pra ir, foi minha primeira medalha, eu tinha 13 anos. Foi o Ronaldo fenômeno que patrocinou a Dani na primeira medalha da ginástica, a gente não tinha uniforme, não tinha collant. A gente não usava protetor na mão porque estragava o barrote e a gente não tinha dinheiro pra comprar outro". 

As memórias acima são de Jade Barbosa, uma das ginastas mais vitoriosas e que viu crescer a modalidade no Brasil nos últimos 15 anos. Nesta terça-feira, durante a participação do Brasil na final por equipes feminina, na Rio 2016, o país acabou em oitavo lugar, igualando sua melhor colocação em Jogos Olímícos (Pequim 2008). 

E o cenário de hoje, que viu Jade, Lorrane Costa, Flávia Saraiva e Rebeca Andrade representarem o Brasil, viu também a despedida da mais veterana e pioneira delas todas: Daniele Hypolito. Responsável pela primeira medalha da ginástica artística brasileira em mundiais, no solo, em Gante 2001, Dani confirmou que a Rio 2016 foi sua última Olimpíada. 

Rebeca Andrade / Foto: David Ramos / Getty Images

"Eu vou ficar até o final de 2017 até porque a gente tem que ter um tempinho de transição de carreira, terminar minha faculdade, treinando e já fazendo essa transição. Não sei o que vai acontecer, posso estar indo pra próxima Olimpíada de uma outra maneira. O que vai acontecer depois de 2017 só chegando lá pra prever", afirma a ginasta, com os olhos marejados. 

O Brasil não teve um bom desempenho de modo geral nesta terça-feira. Depois de terminar em quinto lugar na fase qualificatória, a equipe acabou somando dois pontos a menos na final e terminou em oitavo. Se tivesse repetido a nota da fase inicial, teria ficado muito perto do bronze, em quarto lugar. 

"É do esporte, a gente erra e acerta, estou conformada. Claro que estou triste porque estava valendo uma medalha por equipes, mas são coisas que acontecem", avalia Rebeca Andrade.

A ginasta ainda disputa medalha no individual geral (é a quarta, mas as três primeiras são americanas e apenas duas ginastas de cada país podem se classificar). "Se eu realmente tiver com chances de medalhas, a gente vai pensar as passagens no solo, o resto está bom eu só tenho que manter", antecipa Rebeca. 

Outra que ainda disputa medalha é Flávia Saraiva, a Flavinha. Enquanto segurava um dos gravadores de um jornalista ("é para ajudar, né?", justificou), a pequena ginasta de 1,33m contou porque abdicou de disputar também o individual geral. 

Daniele Hypolito disputou sua última Olimpíada / Foto: Lars Baron / Getty Images

"A gente decidiu focar na trave. Foi decisão técnica e eu apoiei porque eu dei vaga pra uma amiga minha e isso foi muito legal", conta Flavinha, que cedeu então a vaga para Jade Barbosa, que disputará mais uma vez a final do individual e afirma não ser mais necessário passar experiência para as novatas. 

"As meninas estão muito bem preparadas, melhor do que eu e as outras na nossa primeira Olimpíada. A gente teve psicólogas esse ciclo, uma ótima estrutura de aparelho, de tudo. Foi a primeira vez que a gente teve a oportunidade dessas coisas. Então eu vejo elas muito bem. Agora é treinar bem direitinho cada dia até a competição, não deixar nada atrapalhar, mas eu vou estar lá do lado", pontua a três vezes campeã mundial e campeã pan-americana do Rio 2007. 

Amanhã os brasileiros Sérgio Sasaki e Arthur Nory estarão na disputa do individual geral masculino, a partir das 16h. O feminino é na quinta-feira, no mesmo horário.

 

Veja fotos da disputa da ginástica artística na Rio 2016

 

 

 

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