Sérgio Sasaki comemora recuperação e treina forte em busca de vaga para Londres 2012

Sérgio Sasaki nas paralelas / Foto: Ricardo Bufolin/Photo&GrafiaSão Paulo - Exatamente dois meses após cirurgia para tratar de lesão no pé direito, Sérgio Sasaki, um dos atletas mais completos da Seleção Brasileira de Ginástica Artística Masculina, está melhor a cada dia e já se prepara para voltar a treinar no solo em abril.

 A motivação é a possibilidade de ocupar a terceira vaga do País nas Olimpíadas de Londres, no meio do ano, e se juntar a Diego Hypolito e Arthur Zanetti, já classificados. Aos 19 anos, a estrela do individual geral comemora as conquistas internacionais dos últimos anos, que não foram poucas, e trabalha para ser ainda mais reconhecido no cenário mundial.

A rotina de Sasaki já voltou a ser intensa, mesmo pouco tempo após a operação. Ele faz trabalho diário de fisioterapia, musculação e treinamento nos aparelhos que exigem esforço maior apenas dos membros superiores: argola, paralelas, barra e cavalo. "Meu pé já está bem desinchado e a recuperação está sendo mais rápida do que eu imaginava. No mês que vem, devo retomar o solo", comemora. Feliz pelo ótimo recomeço, o ginasta tenta encarar a lesão como um incentivo a mais para se tornar representante do Brasil nos Jogos Olímpicos. "Para um grande atleta, é sempre ruim se machucar. Mas acredito que nada é por acaso. A necessidade de passar por essa superação torna ainda mais valioso o desafio de disputar a vaga."

Com humildade, o ginasta reconhece, no entanto, que o País tem outros talentos para levar à capital inglesa e, por isso, precisa provar que é o melhor nesse momento. "Quero chegar ao meu auge e mostrar que sou capaz. Estou totalmente concentrado na minha recuperação. Não perco nenhum dia de treino, tenho evitado sair e me preservo ao máximo. Mesmo que eu não vá às Olimpíadas, quero ter a certeza de que fiz o certo", disse. "Sei que a escolha será consequência do trabalho e jamais vou dizer que já estou dentro. A vaga é do País e vai quem estiver melhor. Se eu não for, é porque não era a hora", completou.

Mesmo com essa incerteza, Sérgio Sasaki já tem muito o que comemorar. Nos últimos anos, ele conquistou resultados inéditos e realizou sonhos. Em 2009, aos 17 anos, registrou marca histórica no Mundial de Londres, com o 19º lugar no individual geral. Em abril de 2011, foi prata no solo e ouro no salto na Copa do Mundo de Doha, no Catar, onde recebeu o Trophy Young, troféu revelação por se tornar o atleta mais novo a ganhar medalha de ouro na competição. Os ótimos desempenhos lhe renderam elogios da presidente da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), Luciene Resende.

"É um jovem talento, que desde criança vem mostrando suas habilidades. Em 2009, conquistou cinco medalhas para o Brasil na Gymnasiade de Doha (competição para atletas em idade escolar) e ficamos muito felizes com essa ótima participação", disse, registando seu apoio ao ginasta. "Estamos confiantes na volta dele aos treinamentos e torcemos para que esteja apto a participar das avaliações que definirão nosso terceiro representante nas Olimpíadas."

Apesar de estar há pouco na vitrine internacional, o reconhecimento já bateu à porta do brasileiro. Em janeiro, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) registrou um elemento com o seu sobrenome no Código de Pontuação pelo movimento inédito nas paralelas no Mundial de Tóquio, em outubro de 2011, apresentado oficialmente pela primeira vez no Troféu Brasil de 2011.

"É um privilégio enorme e uma marca que vou deixar na história da ginástica brasileira. Pode parecer insignificante para alguns, mas é o sonho de qualquer atleta de alto rendimento. Fico feliz por ter tantos feitos bacanas em uma carreira ainda curta e sei que, se um dia eu sair do esporte, vou ser lembrado de alguma maneira", comentou, deixando suspense no ar quanto à série que apresentará em Londres, caso seja escolhido pela CBG. "A ideia é incluir um ou outro elemento novo e, se valer a pena, o 'Sasaki'", disse. Antes dele, Diego Hypolito e Daiane dos Santos eram os únicos brasileiros que haviam dado nome a um elemento no Código de Pontuação, ambos no solo.

Sasaki está na ginástica desde os 7 anos, quando foi aprovado numa peneira do clube MESC, de São Bernardo do Campo, cidade onde nasceu, mas o sonho de ser um atleta internacional começou a se desenhar mesmo somente mais tarde. "Apenas aos 12 anos, incentivado pela família, passei a encarar o esporte como um projeto para o meu futuro", contou. Aos 16, foi para o Serc/Santa Maria, de São Caetano, e, aos 18, transferiu-se para o Flamengo, clube que defende atualmente.

Foi no MESC que o ginasta se dedicou a todos os aparelhos, sem privilegiar nenhum. "Meu treinador lá incentivava a todos para que fossem completos. Foi assim que, quando eu percebi, já estava indo bem em tudo. Para a Seleção, é bom ter alguém com esse perfil, porque ajuda muito na contagem das notas." Os aparelhos em que Sasaki costuma conseguir as maiores notas são o solo e o salto. "Se um dia eu quiser me especializar, será nesses dois. Mas, por enquanto, nem penso nisso, pelo menos até as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro."

O ginasta acredita que ser especialista traz vantagens e desvantagens. "Para quem se destaca em um aparelho, a cobrança é muito grande. Se erra, é 0% de aproveitamento. Se acerta, é 100%. É tudo ou nada. O bom do individual geral é que sempre temos a possibilidade de recuperação. Por outro lado, carregamos a responsabilidade de ser regular nos seis", avaliou Sasaki, que revelou um hábito antes dos treinamentos e das competições. "Estudo ou assisto a vídeos para me sentir ainda mais motivado. Sou viciado em ginástica. É a minha vida."