Ele teve a vida mudada pelo golfe e recebeu uma homenagem no Rio 2016

Brasileiros viram abaixo de 22s nas eliminatórias dos 50m livre / Foto: Scott Halleran/Getty Images

Rio de Janeiro - Foram 112 anos de ausência do golfe nos Jogos Olímpicos. A expectativa pelo retorno era imensa, e coube justamente a um brasileiro dar a primeira tacada. Mas não qualquer um.
 
O escolhido foi o atleta Olímpico Adilson da Silva, dono de uma trajetória de vida inspiradora. Ex-caddie, aqueles que carregam ao longo do campo a bolsa com os tacos, o golfista, que está longe do Brasil há 24 anos e hoje vive na África do Sul, chegou onde está porque alguém deu-lhe uma oportunidade. 
 
"Muita coisa passa pela sua cabeça", disse ele ao dar a primeira tacada. "Minha vida não foi fácil, mas naquele momento procurei pensar apenas nas coisas boas. Antes da tacada, ficava me indagando por que será que eu merecia isso. É um momento único: meu país, retorno do meu esporte aos Jogos Olímpicos, um campo lindo como esse... Certamente foi a maior tacada da minha carreira", afirmou Adilson com os olhos marejados, principalmente ao lembrar da própria família. 
 
"Nos últimos anos abri mão de muita coisa para estar aqui. Viajei, disputei campeonatos que não costumava. Fiquei mais longe da minha família. E é para eles que dedico tudo isso. Infelizmente eles não puderam vir, certamente tornaria tudo mais especial", disse.
 
A primeira chance - Natural de Santa Cruz do Sul (RS), Adilson iniciou a carreira como caddie em busca de uma oportunidade de vida. Ela veio através de um fazendeiro que o levou para morar no Zimbábue. Foi lá que começou a carreira. Novamente sem segurar as lágrimas, Adilson disse que, mesmo sem ser um esporte popular por aqui, outros brasileiros poderiam deslanchar caso tivessem a mesma chance. E é isso que ele espera que aconteça após a inclusão do golfe nos Jogos Rio 2016. 
 
"Existem jogadores talentosos que só precisam de uma oportunidade para crescer na vida. Eu era só um caddie até apostarem em mim. Esse acho que tem de ser o principal legado do golfe", declarou. 
 
Falando um português cheio de sotaque - afinal de contas, só pratica quando conversa com a mãe -, Adilson espera agora ter um desempenho maior nas próximas três voltas que ainda dará no percurso. Ele admitiu que a ansiedade o atrapalhou, mas ressaltou que, com o apoio dos torcedores brasileiros, vai buscar subir na classificação. 
 
"Foi legal ter essa torcida. Em alguns momentos até exageraram no barulho. Outros jogadores chegaram a comentar comigo, mas disse que não era maldade e nem para atrapalhar. É o espírito da festa, mesmo", finalizou.

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