Handebol brasileiro comemora visibilidade nos Jogos Olímpicos 2016

Os dois naipes obtiveram os melhores resultados da história e modalidade teve um ganho imensurável com grande exposição e a conquista do público / Foto: Inovafoto/Photo@Grafia

Rio de Janeiro - Para o Brasil, a disputa do handebol nos Jogos Olímpicos do Rio chegou ao fim nas quartas de final tanto no masculino quanto no feminino. As equipes esperavam mais, porém, a falta de uma medalha não define o enorme ganho da modalidade na maior competição do ciclo.
 
Tratando-se de resultados, os dois naipes garantiram os melhores da história. As meninas ficaram em quinto e o masculino em sétimo. Mas, outro quesito teve um saldo mais do que positivo: a visibilidade. Com o ginásio sempre lotado e uma torcida animada, o handebol conquistou os corações de milhares de pessoas e passou a ser um dos 'queridinhos' dessa Olimpíada. 
 
O handebol se mostrou um esporte ainda mais apaixonante para os brasileiros. Dinâmico, com muita velocidade, gols e defesas espetaculares, chamou atenção de públicos de diferentes idades, não só dentro da Arena do Futuro, como também em casa, já que todas as partidas foram transmitidas, muitas delas em TV aberta. 
 
A equipe feminina já é uma geração vencedora. Dona do ouro mundial em 2013, tinha grandes expectativas para os Jogos Olímpicos em casa. Fez uma belíssima campanha na primeira fase, garantindo quatro vitórias em cinco jogos e terminando em primeiro do grupo. Sabia que tinha plenas condições de brigar por uma medalha. No entanto, por estar entre as 11 equipes capazes de concorrer ao título em uma das edições mais equilibradas da história, foi muito estudada pelo adversário das quartas de final, a Holanda. 
 
As oponentes, que haviam enfrentado o Brasil pouco antes do início dos Jogos, em dois amistosos, mostraram um verdadeiro 'paredão' na defesa e neutralizaram jogadas cruciais para as brasileiras. O resultado entristeceu, sobretudo porque a equipe se despede de atletas que fizeram uma história brilhante dentro da Seleção, como a capitã Dara, a pivô Daniela Piedade, e a ponta direita Alexandra Nascimento, eleita a melhor do Mundo em 2012. 
 
Porém, o futuro é promissor. Há anos o handebol feminino do Brasil não deixa a elite da modalidade, mantendo-se entre as principais equipes. Isso significa que a busca pela tão sonhado medalha olímpica não pára por aqui. "Agradeço a todas as meninas que fizeram parte da Seleção, até mesmo há mais tempo que eu, pelo apoio que deram ao handebol brasileiro, e também a todas que irão continuar. Para elas foi uma honra, um orgulho poder jogar uma Olimpíada em casa. Antes de chegar aqui, estávamos trabalhando para ir longe e sabíamos que tínhamos potencial para brigar pela medalha olímpica", comentou o técnico Morten Soubak. 
 
Morten cita o fato do handebol ser uma modalidade muito praticada nas escolas e acredita que a realização dos Jogos no Brasil desperte ainda mais o interesse das crianças pelo handebol. "Espero que o handebol possa seguir esse desenvolvimento em todo o Brasil. Há muitos meninos e meninas, que tenho certeza que terão um belo futuro na modalidade. É um esporte muito praticado e com muitos talentos."
 
O masculino, totalmente renovado, tem expectativas gigantes para um futuro próximo. Se mesmo com um time extremamente jovem, conseguiu resultados históricos ao vencer a Polônia, medalha de bronze no último Mundial, a Alemanha, atual campeã europeia, e fazer frente à 'toda poderosa' França, bicampeã olímpica, nas quartas de final, o que se pode esperar em alguns anos? 
 
"Temos que nos sentir orgulhosos. Para nós essa Olimpíada foi espetacular. Garantimos a classificação para as quartas de final com duas grandes vitórias, principalmente com a Alemanha, que é o atual campeão europeu. Para mim, isso vai ficar na cabeça por muito tempo, pensando o que poderemos fazer no futuro. Saímos muito reforçados. Esta é uma equipe que pode chegar tranquilamente a duas Olimpíadas. Se fizeram o que fizeram aqui, podemos imaginar o que poderão fazer daqui a três ou quatro anos", previu o técnico Jordi Ribera. 
 
Para ele, a modalidade também deu um grande salto com esses Jogos Olímpicos em casa. "O handebol aqui deu amostras que é um esporte que pode dar muitas alegrias. Não me limito ao masculino, mas especialmente ao feminino também, que foi campeão mundial. No masculino, vamos dando passos para ficar cada vez mais perto", continuou Jordi. 
 
Realmente ver o handebol tão comentado e tão querido pelo público tocou o coração de atletas, técnicos e dirigentes da modalidade. O presidente da Confederação Brasileira de Handebol, Manoel Luiz Oliveira, disse que os resultados em quadra não foram as únicas coisas a se destacar. "Com relação aos resultados, ficou um sensação de que poderíamos ter ido mais longe. Tínhamos expectativa de subir no pódio. Um objetivo que era de todos e que sabíamos que era possível. Mas, isso não tira o brilho que foi o handebol brasileiro nos Jogos do Rio. Ambas as equipes tiveram o melhor resultado de toda a história, com o feminino em quinto, superando Londres, e o masculino pela primeira vez na história nas quartas de final, terminando com um sétimo lugar histórico e inédito", destacou. 
 
O presidente lembrou da grande visibilidade que o esporte teve durante todos esses dias. "Este campeonato nos trouxe algo que não tenho palavras para expressar o quanto me deixa feliz. A modalidade movimentou a imprensa, o Brasil abraçou o handebol. A participação no Rio se tornou uma referência. Escutamos muitas pessoas falando bem da entrega, da qualidade, e que perdemos, mas lutando até o último momento. Evidentemente, as transmissões dos jogos, as postagens nas redes sociais, o que escutamos, com certeza, farão o número de participantes da modalidade se multiplicar."
 
Manoel garante que o handebol brasileiro ainda tem muito para dar e que o trabalho continua para o próximo ciclo visando a um desenvolvimento ainda maior com a ajuda dos parceiros que já fazem parte da história da modalidade e com novos, que certamente irão chegar após essa campanha histórica. "Vamos dar continuidade ao que já temos feito para trabalhar internamente o desenvolvimento do esporte, como os acampamentos, melhoria das competições internas, e a realização da Liga Nacional com um novo modelo. Tudo isso, com certeza, vai se transformar em apoios muito interessantes para conseguirmos definitivamente a consagração da modalidade junto à opinião pública. Mas, depois do que vimos aqui, podemos dizer que hoje o Brasil faz parte definitivamente das equipes tops do handebol mundial."
 
Neste domingo (21), último dia dos Jogos Olímpicos do Rio, será disputada a final do masculino entre França e Dinamarca. Hoje, no feminino, o ouro será dividido entre Rússia e França.
 

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