Ginastas falam com exclusividade sobre a expectativa para Londres
São Bernardo do Campo - Estádio lotado, torcida uniformizada e bastante animada. Essa era a imagem que os atletas que estavam competindo no II Meeting Internacional de Ginástica Artística tinham ao entrar na quadra do Ginásio Adib Moyses Dib, em São Bernardo do Campo. Com a participação de outros seis países - Portugal, Canadá, Coréia do Sul, França, Argentina e Colômbia -, o evento atraiu por volta de cinco mil pessoas apenas no último domingo, dia 15 de Abril.
Somadas as cinco medalhas conquistas no primeiro dia de disputa, no sábado, mais os oito pódios do domingo, o Brasil conquistou 13 medalhas na competição deste final de semana. Daniele Hypolito foi um dos destaques. A ginasta foi campeã na trave e levou o bronze no solo. Dentre as meninas, Lais Souza também subiu ao pódio, com uma prata no salto. Arthur Nory, com uma prata no solo, e Péricles Silva, bronze nas paralelas e ouro nas barras fixas, também representaram bem o Brasil no campeonato. Mas a expectativa maior estava sobre o vice-campeão mundial nas argolas Arthur Zanetti. E ele não deixou por menos: fez exibições impecáveis e levou o ouro na sua especialidade, as argolas, e também no solo. O último, segundo ele, um resultado inesperado. Arthur também foi campeão por equipes.
Após as apresentações por aparelhos, os ginastas conversaram com o Esporte Alternativo sobre os treinamentos para as Olimpíadas de Londres e a sensação de disputar um campeonato em casa, com a torcida a seu favor.
Caçula da seleção brasileira, Bruna Leal, de 18 anos, já foi vice-campeã no individual geral do Campeonato Brasileiro de 2010, além de um ouro nas barras assimétricas na mesma competição. Bruna também integrou a equipe que conquistou a vaga para Londres, no Pré-Olímpico em janeiro, e conta como está o ritmo de treinamento das ginastas para os Jogos. "A gente ainda está voltando a treinar, estamos numa fase boa, mas agora precisamos colocar mais dificuldades nos treinos e aprimorar os movimentos", explica.
Competindo no salto neste domingo, Lais Souza, do Esporte Clube Pinheiros, disse ter gostado muito de se apresentar em casa. "É bacana, eu gosto bastante. Porque eles conhecem os atletas, guardam o nome e acabam seguindo o esporte", justifica. A ginasta de 23 anos falou também sobre Londres e destacou que até lá a seleção deverá treinar muito, além de participar de algumas etapas da Copa do Mundo de Ginástica. Questionada sobre a sua presença nas Olimpíadas, ela desconversou. "Ainda não sei. Aliás, ninguém sabe!", conta. Lais disse que a lista com as seis ginastas que representarão o país só deverá sair um pouco antes dos Jogos.
Uma das mais aplaudidas quando anunciada, a veterana Daniele Hypolito era a mais feliz por competir em São Bernardo. E tinha motivo. "É muito bom competir aqui, eu estou literalmente em casa, porque sou do ABC Paulista", explica a ginasta, natural de Santo André. Ela analisou ainda sua boa performance no Meeting, com cautela para os Jogos Olímpicos. "Tenho muita coisa para melhorar para a Olimpíada, mas daqui estou saindo muito satisfeita. Foi um bronze ontem, um bronze e um ouro hoje, então estou muito satisfeita", completa.
O melhor ginasta brasileiro da atualidade também competiu em São Bernardo. Arthur Zanetti, prata nas argolas no Mundial de Tóquio, em outubro do ano passado, conseguiu neste domingo um feito para se destacar. O atleta alcançou uma nota nas argolas que, hoje, renderia uma medalha de ouro em mundiais e talvez até em Londres. Seu principal concorrente na disputa nas Olimpíadas, o chinês Yibing Chen teve 15.800 em Tóquio. Na disputa das argolas, no Meeting, Arthur cravou 15.825. "A nota que eu tirei aqui já é um pouco superior a dele, mas eu vou trabalhar para melhorar ainda mais", garante o ginasta, maior esperança de medalha para o Brasil na modalidade.
Os ginastas que competiram no Meeting neste final de semana terão agora pela frente uma série de competições, como o Troféu Brasil e algumas etapas europeias da Copa do Mundo de Ginástica. A intenção, para os que irão a Londres, é aproveitar ao máximo essas disputas para melhorar notas e aumentar os níveis de dificuldade, pensando nos Jogos Olímpicos.