Meninas do handebol chegam confiantes

Mais experiente e com bons resultados, Seleção acredita em bom desempenho em Londres/ Foto: Divulgação

Londres- Os sobrenomes são brasileiríssimos: Silva, Moura, Oliveira e Rocha, entre tantos outros. No entanto, é difícil fechar os olhos para a influência europeia na Seleção Brasileira de handebol feminino. Das 14 jogadores, 13 atuam no Velho Continente. Graças a um convênio firmado no ano passado pela Confederação Brasileira de Handebol, a base está no Hypo, clube da Áustria, defendido por oito atletas. A convivência com as melhores equipes do mundo e competições mais equilibradas renderam frutos: a equipe brasileira desembarcou na segunda-feira, 23 de julho, em Londres com uma bagagem recheada de experiência, um inédito quinto lugar no Mundial, em 2011, e vitórias expressivas na reta final de preparação.

 

Comandada pelo dinamarquês Morten Soubak desde 2010, a seleção de handebol busca uma medalha inédita em um torneio pautado pelo equilíbrio. “O fato de grande parte das atletas jogar fora do país, junto com o trabalho do Morten, é o principal motivo da a nossa evolução”, conta a pivô e capitã Dara, na seleção desde 2003. “Já conhecemos e enfrentamos nossas adversárias com frequencia. Elas não são mais um bicho papão. Não ficamos mais nervosas, como antigamente”, diz a ponta Alexandra.
 
Morten reforça a importância da convivência das jogadoras na Europa. “É bom lembrar que, em sua maioria, elas não ficam no banco, não são coadjuvantes. Temos capitãs e destaques de alguns dos principais times da Europa, forças dentro da Champions League, a principal competição de clubes do mundo”, afirma.
 
Com uma base formada há dois anos, Morten vê potencial na equipe para brigar com as melhores seleções. Nas duas últimas semanas, o Brasil enfrentou e venceu Alemanha e Holanda. Desde a disputa do Pan, que o Brasil venceu, a seleção derrotou Rússia, Suécia e Croácia – a adversária de estreia nos Jogos, no próximo sábado, dia 28. “Estamos evoluindo passo a passo. Já vencemos seleções de ponta nos últimos meses, mas há um grande equilíbrio hoje no handebol mundial. Vemos os nossos resultados com um misto de cautela e confiança”, analisa o treinador.
 
Dara admite que ainda falta tradição à Seleção Brasileira no esporte, mas lembra que isso não pode impedir a equipe de se lançar ao ataque. “É claro que não somos as favoritas. Não temos a mesma história do que as europeias, mas ninguém veio aqui apenas para participar. Acho que temos chance e vamos brigar por uma medalha”, diz a capitã.
 
A ansiedade pela estreia olímpica no sábado é lembrada nas preleções do técnico, que tem na equipe uma mescla de jogadores experientes e novatas: das 14 atletas, oito estiveram nos Jogos de Pequim, em 2008, quando o Brasil ficou em nono. “Essa característica emocional dos brasileiros não pode ser vista como algo que nos atrapalhe. Temos que transformar isso em algo positivo, que nos dê mais força e energia para entrar na competição”, lembra Morten. Alexandra reforçou a necessidade de concentração para passar de fase. “Não podemos perder o foco, nem esquecer o que viemos fazer aqui. Nunca tivemos um entrosamento como temos hoje. Estamos em um grande momento”.