Maratonista, Adriana Aparecida da Silva aposta no preparo emocional para Londres 2012
São Paulo- A representante brasileira na maratona feminina das Olimpíadas de Londres, Adriana Aparecida da Silva, aposta no trabalho de preparo psisológico que vem realizando há algum tempo para atingir sua meta nos Jogos, que começam no próximo dia 27. Esta será a primeira participação de Adriana na competição, e ela sabe que a pressão olímpica é grande, mas, sente-se confiante. “Acho que a preparação psicológica é parte fundamental da minha preparação. Além de estar bem treinanda fisicamente, eu preciso estar preparada psicologicamente, pois as Olimpíadas são um momento único e vai ser dificil controlar a ansiedade”, revela a atleta paulista, de 30 anos.
Adriana começou o trabalho de psicologia esportiva bem antes dos Jogos, há cinco anos, com a psicóloga Carla Di Pierro, que atualmente também atua no Comitê Olímpico Brasileiro no Time Brasil. “O trabalho começou em um momento difícil, quando eu estava lesionada e não conseguia correr. Desde a lesão, até hoje, eu fui amadurecendo bastante. No começo, a Carla trabalhou comigo para que eu pudesse superar a lesão e, depois que eu me recuperei, o foco do tratamento mudou. Nós passamos a lidar com a ansiedade pré-competição, e eu cresci muito nos meus resultados e na minha atitude dentro das provas”, conta Adriana, medalha de ouro na maratona dos Jogos Pan-americanos de Guadalajara 2011.
Carla Di Pierro conta que o trabalho com Adriana começou em 2007, quando ela foi encaminhada pelo ortopedista que a acompanhava após cirurgia bilateral nos pés, uma vez que relatava muita dor, mesmo após meses da operação. “O trabalho começou com uma avaliação psicológica, na época a Adriana estava afastada dos treinos, com dor, e sentia-se insegura, pois estava em São Paulo a pouco tempo, depois de sair de sua casa no interior”, lembra Carla.
“A primeira etapa do trabalho foi a reabilitação psicológica, ela precisava colocar foco nisto para reduzir a ansiedade e voltar, passo a passo, a correr. Ela sentia muita dor e não entendia bem porque, fiz um trabalho de psicoeducação junto com os fisioterapeutas e médicos, para ela entender a sua lesão, como e porque sentimos dor, e que, no caso dela, estava potencializada pela ansiedade de voltar a treinar e pelo medo de nunca mais poder correr.”, conta Carla.
A maratonista olímpica destaca justamente essa valiosa ajuda do trabalho psicológico: estabelecer foco. “Quando entro na competição focada, eu fico mais preparada para qualquer mudança dentro da prova”, diz. Em Londres, o objetivo de Adriana é aproveitar o ritmo forte da competição para tentar correr os 42 km da prova em 2h27min.
Atualmente, Adriana detém o recorde brasileiro e sulamericano na maratona, com o tempo de 2h29min17s. Entre os tempos homologados oficialmente, essa é a melhor marca brasileira já registrada.
Apesar de correr desde os 12 anos, Adriana estreou nas maratonas há apenas dois anos, na prova de Berlim em 2010, considerada uma das mais rápidas do mundo e onde os recordes mundiais costumam ser superados.
Em fevereiro deste ano, Adriana conseguiu na Maratona de Tóquio, no Japão, a vaga para os Jogos Olímpicos. O desafio foi grande. Adriana precisava correr os 42 km abaixo de 2h30min, porém, até então, seu melhor tempo era de 2h32min30s, conseguido justamente na Maratona de Berlim. Pois Adriana conseguiu superar sua marca pessoal, cruzando a linha de chegada com 2h29min17s, garantindo vaga entre as 10 mais rápidas da prova e carimbando o passaporte para Londres.
O técnico de Adriana, Claudio Castilho, também afirma que o trabalho de psicologia com a Carla Di Pierro foi fundamental para a mudança de comportamento da Adriana, principalmente, em busca de equilíbrio para lidar com várias situações de conflito. “Mais do que resolver conflitos momentâneos, o trabalho de psicologia esportiva deu ferramentas e subsídios para que ela pudesse resolver os conflitos que ainda não existiam, diz Claudio. “Ela teve uma evolução muito grande de maturidade e poder de decisão”.
Claudio diz que a meta de Adriana é pulverizar as marcas pessoais, não importa em que distância e em que posição isso a coloque. “Ela entendeu que precisa evoluir. Essa é a busca”.
A atleta está realmente preparada para a pressão olímpica? O técnico diz que tem uma boa expectativa sobre a resposta de Adriana à pressão em Londres. “A questão é ela ter uma devolutiva boa, que é melhorar a marca dela, um segundo que seja”.
“Hoje, a Adriana é uma atleta madura, autônoma emocionalmente, capaz de traçar metas ousadas, assumir riscos e pronta para encarar qualquer desafio, inclusive as Olimpíadas”, atesta Carla Di Pierro.
Adriana está atualmente treinando na Colômbia, onde permanece até o dia 28 de julho, quando embarca para Londres.