Medalha de ouro de Ana Luiza Ferrão é a 250ª do Brasil na história do Pan

A atiradora Ana Luiza Ferrão conquistou na quarta-feira, dia 19 de outubro, a primeira medalha de ouro no tiro esportivo nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara / Foto: Wander Roberto / Inovafoto / COBGuadalajara - Ana Luiza Ferrão jamais esquecerá o dia 19 de outubro de 2011. Ao fazer 773,9 pontos na prova de pistola de 25 metros no Club Cinergetico Jalisciense, em Guadalajara, ela conquistou a 250ª. medalha de ouro do Brasil em Jogos Pan-americanos e a primeira medalha de ouro do tiro esportivo feminino na historia dos Jogos.

"Juro que não sabia. Cada hora era uma surpresa. Só depois de saber que ganhei é que percebi que tinha batido também o recorde pan-americano. E jamais imaginaria ser uma medalha tão significativa. Atirei no que vi e acertei no que não vi", brincou Ana Luiza.

Para garantir o ouro, a atiradora brasileira deixou para trás Sandra Uptagrafft, dos Estados Unidos, com pontuação 769,8; e Maribel Pineda, da Venezuela, com 768,8.

Motivos para descontração ela tinha de sobra. Depois de uma noite mal dormida, o dia foi memorável.

"Cheguei a Guadalajara pensando em ganhar mesmo. Mas quando se entra na Vila de Atletas e se sente aquele clima, a coisa muda, a ficha cai, a ansiedade aumenta. Passei uma noite ruim, estava tensa", admitiu. As coisas não melhoraram quando a competição começou. Dispersa, Ana Luiza não teve um bom início.

"Não fui bem na fase de precisão. Mas na parte de tiro rápido já melhorei e no final, estava mais calma", contou. "O rápido é onde atiro melhor, o que mais gosto. Não costuma ser assim com as outras atiradoras, mas no meu caso, é. Durante a prova, não sabia como estavam as outras, mas sabia que eu podia melhorar. E fui melhorando", explicou.

Antes de vir ao México, Ana Luiza Ferrão, major do Exército Brasileiro, competiu nos Jogos Mundiais Militares 2011, em julho, no Rio de Janeiro. Não foi tão bem como gostaria.

"Senti a pressão por estar em casa, admito. Mas isso me ajudou aqui. Vou ficando calejada, consigo lidar melhor com o nervosismo", contou. Primeira atleta do Brasil a garantir vaga nos Jogos Olímpicos Londres 2012, Ana Luiza ainda programa muitos treinos até lá.

"Essa medalha e os últimos resultados que tenho conseguido são frutos de muito trabalho. Desde 2009 eu me dedico apenas ao tiro, treino várias horas por dia, faço condicionamento físico. Mas sei que até Londres ainda tenho muito que melhorar", avaliou.

Mas toda a rigidez é relaxada ao se recordar do dia que teve. "Hoje eu tenho a sensação do dever cumprido", suspirou. E a rotina de treinos, ainda que por um tempo curto, será relaxada. Por enquanto, é hora descansar. Esta noite mexicana será mais tranquila que a anterior, Ana Luiza tem certeza.

"Ah, eu vou dormir pesado. Será o sono dos justos", brincou. A medalha de ouro - a primeira de uma mulher brasileira no tiro esportivo, a 250ª do Brasil na história do Pan e que valeu recorde pan-americano -, essa repousará ao lado do travesseiro. "Eu vou acordar amanhã e achar que sonhei com tudo que aconteceu. Por isso vou deixar a medalha do meu lado. Para eu ver que tudo isso é verdade". Como se fosse possível esquecer um dia como esse dia 19 de outubro de 2011 em Guadalajara.

Mais medalhas - Com uma grande recuperação ao longo da prova, Luiz Fernando Graça conquistou mais uma medalha para o tiro esportivo do Brasil. Ele garantiu o bronze na fossa olímpica dupla dos Jogos Pan-americanos Guadalajara 2011 e repetiu o feito do pai, Luiz Carlos Graça, que ganhou a mesma medalha na mesma prova em Winnipeg 1999.

Para chegar lá, o brasileiro, que estava quatro pratos atrás do terceiro colocado, fez uma série perfeita no final, acertou os 50 pratos lançados e garantiu o bronze, a quinta medalha do tiro em Guadalajara. Com pontuação total de 182 pratos, ele ficou atrás apenas do norte-americano Glenn Walton, que, com 195 pratos quebrados confirmou o favoritismo e ficou com o ouro, e do portorriquenho Jose Torres de Porto Rico, com 185 pratos acertados.