Vela dá a partida

Brasileiro estão na confiança de um bom resultado/Foto: Luca Modena/Divulgação 

Londres- Com a reputação de esporte que mais medalhas deu ao Brasil, a vela inicia neste domingo, dia 29 de julho, seu programa nos Jogos Olímpicos Londres 2012. Representado em sete classes, o Brasil entra no primeiro dia de competições com dois barcos na raia olímpica de Weymouth: na Finn, com Jorge Zariff, e na star, em que Robert Scheidt e Bruno Prada, atuais campeões mundiais e donos da medalha de prata em Pequim 2008, são a principal esperança de manter uma rotina de pódios que desde os Jogos de 1976, em Montreal, só foi interrompida em Barcelona 92.

 

A equipe brasileira é formada também por Bruno Fontes (Laser), Ricardo Winicki (RS:X), Patricia Freitas (RS:X feminina), Fernanda Oliveira e Ana Barbachan (470) e Adriana Kostiw (Laser Radial). Adriana e Bruno Fontes começam suas regatas na segunda-feira, enquanto Ricardo e Patricia entram na água na terça. Para Fernanda e Ana, a espera pelo tiro de largada será mais longa, pois o programa da 470 só começa na sexta-feira, dia 3 de agosto. ‘’Claro que a ansiedade vai ser grande, mas a preparação foi bem feita e já estamos prontas’’, diz Ana.
 
Para os olhos do público local, a participação de Robert e Bruno promete ser a mais interessante. Afinal, a dupla da Star tem travado uma série de duelos com os britânicos Iain Percy e Andrew Simpson, incluindo uma dramática regata decisiva para o ouro olímpico em Pequim, vencida por Percy e Simpson. No último Mundial da classe, disputado em Perth (Austrália), os brasileiros deram o troco, com os britânicos terminando até mesmo fora do pódio. Em Londres, porém, Percy e Simpson têm vantagem teórica, pois treinam frequentemente em Weymouth, balneário a 175km de Londres e que também sedia a Academia Nacional de Vela do Reino Unido.
 
Mas, na prática, foram os brasileiros que terminaram na frente dos britânicos no último duelo, terminando em segundo na etapa da Copa do Mundo disputada recentemente em Weytmouth – os britânicos ficaram em terceiro. A raia é marcada pelo clima frio e o vento muito forte, que inclusive causou o cancelamento de regatas da competição.
 
“É uma disputa intensa e acredito que o campeão só será conhecido na última regata. Temos uma rivalidade grande com os britânicos, mas é apenas dentro d’água. Temos um bom relacionamento com eles, tudo no maior respeito”, explica Scheidt. Se subir ao pódio, o brasileiro se igualará ao também velejador Torben Grael como o maior medalhista brasileiro de todos os tempos. Mas, caso a medalha seja dourada, ele será o único tricampeão olímpico verde-amarelo.
 
Para Ricardo “Bimba” Winicki, Londres será uma nova oportunidade de chegar ao pódio. Dono de dois títulos mundiais e três ouros pan-americanos, o melhor resultado de Bimba nos Jogos Olímpicos foi o quarto lugar em Atenas 2004. Em Pequim, o velejador carioca terminou na quinta colocação. Em junho, Bimba esteve em Weymouth para fazer treinos de reconhecimento. “Fiz os últimos ajustes e pude me adaptar ainda mais ao local. O nível da RS:X está atíssimo, com pelo menos 11 velejadores brigando pelo pódio”, analisa.
 
Além da dupla da Star, o único integrante da equipe que já sentiu o gosto de um pódio olímpico é Fernanda Oliveira. Ao lado de Isabel Swan, ela foi bronze na 470 em Pequim, conquistando a primeira medalha feminina da vela brasileira. Uma companhia ideal para Ana, que fará sua estreia olímpica. Curiosamente, a representante brasileira na Laser Radial, Adriana Kostiw, foi quem fez as vezes de proeira para Fernanda nos Jogos de Atenas 2004.
 
Outro estreante é Jorge Zarif, que aos 19 anos é também um dos mais jovens atletas da delegação brasileira. Campeão mundial júnior em 2009, ele já foi elogiado publicamente pelo britânico Ben Ainslie, bicampeão olímpico da Finn e um dos adversários do brasileiro em Weymouth.
 
Na Laser, Bruno Fontes espera manter o momento de evolução. Depois de um 27º lugar em Pequim, ele é o segundo colocado no ranking mundial da classe e também terminou em segundo na Semana Olímpica de Miami, em janeiro.