Solonei Rocha da Silva sonha com os Jogos Olímpicos da Rio-2016

Solonei, no Mundial de Moscou em 2013: sexto lugar lhe garantiu lugar na elite do esporte / Foto: Paul Gilham/Getty Images
Rio de Janeiro - Classificar-se para a maratona dos Jogos Olímpicos sempre foi um desafio complicado no Brasil, face a grande quantidade de atletas capazes de obter os índices exigidos pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) Para 2016, os tempos estabelecidos são de 2h17min para os homens e 2h42min para as mulheres.
 
Até o momento, sete atletas do país, no masculino, e cinco, no feminino, já correram abaixo das marcas desde 1º de janeiro de 2015, quando teve início o período de obtenção dos índices olímpicos. Com isso, todos estão credenciados para defender o país no Rio de Janeiro.
 
Entre os homens, Marílson Gomes dos Santos, Paulo Roberto de Almeida, Solonei Rocha da Silva, Valério de Souza Fabiano, Franck Caldeira, Gilberto Silvestre Lopes e Edson Amaro Arruda dos Santos têm o índice. No feminino, Adriana Aparecida da Silva, Marily dos Santos, Rosângela Raimunda Pereira Faria, Sueli Pereira Silva e Graciete Moreira Carneiro Santana superaram o tempo da IAAF. No total, a lista de atletas brasileiros com índices no atletismo para 2016 já conta com 37 nomes, classificados para 11 provas no masculino e nove provas no feminino.
 
Cada país pode competir com no máximo três atletas por prova do atletismo dos Jogos Olímpicos. Nessas condições, como o prazo para obtenção dos índices segue aberto até o dia 6 de maio de 2016, Solonei Rocha da Silva pode se considerar um privilegiado em meio à forte disputa pelas vagas na maratona, única das provas com mais de três atletas brasileiros com índices, tanto no masculino quanto no feminino.
 
Por ter terminado a maratona no Campeonato Mundial de Pequim, disputado em agosto, na 18ª posição, Solonei cumpriu o que diz o item 3 dos critérios de convocação para os Jogos Olímpicos Rio 2016 da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Lá está escrito que “estarão automaticamente classificados para as provas da maratona os atletas que se classificarem do 1º ao 20º lugar nas provas dos Campeonatos Mundiais de Atletismo de 2015”. Com isso, ele é o único maratonista do país com vaga oficialmente assegurada nos Jogos Olímpicos Rio 2016.
 
Para Solonei, de 31 anos, beneficiado com a Bolsa Atleta, a conquista da vaga é a coroação de um trabalho iniciado recentemente, no ano de 2010, quando ele se tornou atleta de alto rendimento. “Só tenho cinco anos de atletismo e tenho resultados de quem tem 15 anos no esporte”, orgulha-se o corredor, medalha de ouro na maratona nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011, vencedor da Maratona de São Paulo em 2012 e sexto colocado no Campeonato Mundial de Moscou em 2013.
 
Os Jogos Olímpicos do Rio serão os primeiros da carreira do paulista. E Solonei recorda a emoção que sentiu quando soube que tinha assegurado a vaga. A largada da maratona – última prova do atletismo olímpico – será às 9h30 do dia 21 de agosto de 2016.
 
“É motivo de muita alegria saber que estou garantido. Por ser um atleta de alto rendimento, esse é meu trabalho e é para isso que eu luto, para participar de grandes competições”, declarou. “Mas os Jogos Olímpicos saem desse padrão e estão em um outro nível no quesito de satisfação pessoal. Todos querem estar lá, ainda mais sendo no Brasil, com a torcida, que faz total diferença. Para mim,  essa vaga é a realização de um sonho pessoal. É um meio de demonstrar para as pessoas, para a família e para os amigos que você conseguiu atingir o objetivo máximo e que tudo, todo o esforço, tudo o que um atleta abre mão, valeu a pena. Se for definir em uma palavra o que sinto ela seria orgulho por poder defender o Brasil dentro do meu país”, prosseguiu o maratonista.
 
Com a certeza da vaga, os planos de Solonei para o primeiro semestre de 2016 mudaram. “Agora eu posso trabalhar com tranquilidade. Uma vaga dessas tira a pressão. Você não precisa ficar arriscando tanto. A maratona é uma prova muito desgastante. Não dá para fazer duas vezes por mês. São três meses de preparação e se você acertar, beleza. Se não acertar, tem que começar tudo de novo, pois o risco de lesão é muito alto”, ressaltou.
 
“Antes de chegar essa notícia maravilhosa de que eu já tenho a vaga, a gente (ele e o técnico Ricardo D\Ângelo) trabalhava com várias possibilidades. Eu iria me sacrificar para tentar um lugar na equipe olímpica e se chegasse aos Jogos seria para fazer o que meu corpo pudesse render, pois eu não tinha a certeza de que chegaria 100% devido ao desgaste para a conquista da vaga”, lembrou.
 
Agora, a realidade é outra. “Devido a essa situação de estar com a vaga assegurada, vamos analisar aos poucos a situação. Ainda não definimos o calendário para o primeiro semestre de 2016”, prosseguiu.
 
Apesar disso, Solonei já tem uma boa ideia de como serão os próximos passos. “Provavelmente eu faça uma prova preparatória antes dos Jogos. O importante é trabalhar com a segurança, fazer bons treinos e focar em agosto. Daqui para lá serão muitos treinos. Já estou nessa pegada, não quero ter férias. Vou competir na São Silvestre para me ajudar na preparação e, depois, devo participar de algumas outras provas de meia-maratona. Também vamos fazer os trabalhos de altitude, em Paipa, na Colômbia, para onde eu já vou tem cinco anos. É uma cidade bem tranquila, bem pacata, e a gente vai fazer esse trabalho focando em algumas provas. Devo ir para lá umas duas vezes antes de chegar aos Jogos”, adiantou.
 
Imprevisível
 
Solonei destaca que, devido à complexidade da maratona, é impossível fazer previsões de resultados para 2016. Ele ressalta que o mais importante é chegar bem preparado e torcer para ter um dia bom em 21 de agosto.
 
“É difícil falar de posição. Mas tenho quase certeza de que quando eu fui sexto no Mundial em 2013 poucas pessoas acreditavam que eu poderia chegar nesse nível”, recordou.  “Fazer previsões para 2016 é muito complicado. A maratona é uma prova completamente imprevisível. Seu corpo responde de uma maneira boa em um momento e ali na frente ele pode falhar. As condições do clima afetam e existem situações que a gente não pode prever”, detalhou.
 
“O negócio é fazer uma boa preparação e torcer para que no momento da prova o corpo esteja em situação totalmente favorável. Se for assim não tem erro. É só ter coragem e não se intimidar com os concorrentes. Aqui é nosso país e temos que querer ser o campeão. Se eu chegar a ganhar alguma medalha em 2016 não será por acaso. Estou trabalhando para isso”, avisou.
 
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