Brasil encerra participação histórica em Barcelona com 10 medalhas

Pódio dos 400m medley, com a presença de Thiago Pereira / Foto: Satiro Sodré / Divulgação CBDA

Barcelona - Thiago Pereira deu ao país a décima medalha no Mundial de Barcelona ao ganhar o bronze nos 400m medley, neste domingo (4/08). Quando parecia que não daria mais para subir ao pódio, o brasileiro que também conquistou o bronze nos 200m medley, assumiu a terceira posição da prova.
 
"Sei que ainda tenho muito o que fazer para estar bem no Rio de Janeiro 2016 e para brigar com ele, mas me sinto como um bebê", brincou Thiago, que está com 26 anos, com o japonês Daiya Seto, vencedor da prova de 19 anos. Daiya marcou 4m08s69, o americano Chase Kalisz fez 4m09s22 e Thiago 4m09s48.
 
"Nossa, valeu demais! Eu achei que o Hagino ia ganhar, mas o que me surpreendeu mais foram os meus últimos 50m. Mais uma vez foi na batida de mão. Agora vou voltar ao Brasil, focar nas competições, mas o objetivo final não é agora. O objetivo é 2016. Foi legal da parte do Albertinho, me motivando a nadar. Eu já tinha acabado e não tinha porque não arriscar, não tentar. Consegui fazer esta prova bem inteligente. Sinceramente não esperava nadar para 4m09s. O que me fez nadar mais relaxado foi ter conquistado a medalha nos 200m medley. O contexto todo levou a isso e fechando o Mundial para o Brasil. Um ano pós-olímpico que já mostrou que o pessoal está buscando um grande resultado nas Olimpíadas e o trabalho começa a partir de agora", declarou Thiago.
 
Daniel Orzechowski caiu na piscina para sua primeira final de Mundial de longa, e melhorou em uma posição a colocação que obteve no Mundial de curta (25 metros) de Istambul, em dezembro passado, na mesma prova. Se na Turquia, ele ficou em 7º lugar, aqui em Barcelona, o brasileiro terminou na 6ª posição, com 24s87, depois de ser o 1º nas eliminatórias, e o 4º na semifinais.
 
"Esperava nadar bem melhor aqui durante a competição toda, mas provas de velocidade não tem muito que dar explicação, é continuar treinando para conseguir novos objetivos. Tensão antes da prova é normal. Os oito que estavam atrás do bloco estavam sentindo uma coisa pelo menos parecida. Estava com muita vontade de ganhar uma medalha, mas prova rápida é assim, os tempos foram bons, embora já tenha feito tempo melhor...me deixa um gosto amargo", concluiu Daniel.
 
A França fez dobradinha no pódio, com Camille Lacourt vencendo em 24s42, e Jeremy Stravius, este num empate com o americano Matt Grevers, dividindo o pódio, após completarem em 24s54. 
 
Sucesso do trabalho em grupo - O Mundial dos Esportes Aquáticos de 2013 deram ao Brasil o melhor resultado de todos os tempos na história da competição. Segundo o supervisor técnico de natação da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Ricardo de Moura, nunca a modalidade começou tão bem um ciclo olímpico. Na água salgada do Port Vell e na piscina do Palau Sant Jordi o Brasil somou 10 medalhas no total (Três de ouro, duas de prata, cinco de bronze, mais sete finais e nove semifinais na natação, três finais no nado sincronizado e uma semifinal nos saltos ornamentais).
 
"Com todos os problemas que tivemos no início de ano (atletas de ponta sem clube, lesões e mudanças de estrutura) foi realmente excelente. Definitivamente, não se consegue um resultado destes sem um trabalho enorme de equipe. Todas as nossas ações (treinamentos especiais, viagens para competições preparatórias, clínicas, etc) foram realizadas e isso só foi possível graças a confiança que os Correios, o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro depositam no trabalho da CBDA. Os resultados foram fruto desta confiança", explicou.
 
Dez anos passaram do primeiro Mundial da FINA realizado em Barcelona, em 2003, quando o melhor resultado do país foi o de Fernando Scherer, numa final. Na ocasião faltava um ano para os Jogos Olímpicos de Atenas 2004, hoje ainda há um caminho de três anos a percorrer.
 
"Foi o melhor início de ciclo olímpico que já tivemos. E já temos uma configuração sólida para 2016. As perspectivas agora estão mais concretas. Este Mundial foi importante principalmente para olhar o mundo e já vimos quem está surgindo e quem são os nomes para o futuro próximo. Agora o mais importante: Estamos no jogo! Falta muita coisa ainda, mas estamos na briga e com um caminho mais acertado, com aprendizado do que deu e o que não deu certo. Entre os acertos cito o planejamento técnico. Temos hoje uma periodização de treinamento acertada e ajustada com o restante do planeta", afirmou.
 
Barcelona fez o mundo olhar mais atentamente ainda para a natação brasileira. "Tivemos conquista de medalhas em provas inéditas pra nós (100m peito e 200m medley), tivemos o primeiro tricampeão da história nos 50m livre, gente nova nas finais, enfim, muitos motivos para comemorar. Temos um trabalho sólido, que vem ganhando corpo a cada competição. Isto leva tempo e agora está aparecendo o que foi construído por muita gente que acreditou. Acho que o Brasil sai do Mundial com esperanças renovadas e que todos estão de parabéns. Mas repito: Nada se faz sem um trabalho de conjunto, de equipe. Toda a equipe multidisciplinar da CBDA esteve em Barcelona, todos os atletas que foram às finais tiveram seus técnicos na competição. A natação é um esporte vital no cenário olímpico nacional e a gente tem que corresponder a esta responsabilidade, mas o que é mais bacana é que não estamos sós, carregando esta tarefa. As instituições acreditam e vem junto conosco", completou Moura.
 
No meio da competição de natação, após a medalha de ouro de Cesar Cielo nos 50m borboleta, a equipe vibrou com a notícia de que o Parque Aquático Júlio de Lamare não seria mais demolido. "Tudo faz parte de uma coisa só. Agora sim estamos falando de legado. Foi uma grande vitória da CBDA e isto tudo é resultado do momento pelo qual o nosso país passa, em que os anseios da população precisam ser levados em conta e que tudo tem que ser feito em bases concretas, com projetos bem claros e objetivos. Esperamos sinceramente que possamos transformar o local numa referência para o desporto aquático nacional e que novas instalações possam ser criadas para o desenvolvimento das modalidades", finalizou o dirigente da natação brasileira.
 
Mundial de Barcelona 
 
Medalhas
Ouro = Poliana Okimoto - 10km
Ouro = Cesar Cielo - 50m borboleta
Ouro = Cesar Cielo - 50m livre
Prata = Poliana Okimoto - 5km
Prata = Ana Marcela Cunha - 10km
Bronze = Ana Marcela Cunha - 5km
Bronze = Allan do Carmo, Poliana Okimoto, Samuel de Bona - Revezamento 5km
Bronze = Felipe Lima - 100m peito
Bronze = Thiago Pereira - 200m medley
Bronze = Thiago Pereira - 400m medley
 
Outras Finais
4º Nicholas Santos - 50m borboleta
4º Etiene Medeiros - 50m costas
5º João Gomes Junior - 50m peito
6º Marcelo Chierighini - 100m livre
6º Daniel Orzechowski - 50m costas
7º 4x100m livre - Nicolas Oliveira, Fernando Ernesto, Vinícius Waked e Marcelo Chierighini
8º Leonardo de Deus - 200m borboleta
 
Nado Sincronizado
Equipe técnica - 10º lugar
Equipe livre - 10º lugar
Dueto técnico - 13º lugar
 
Semifinais
9º Felipe Lima - 50m peito
10º Marcelo Chierighini - 50m livre
11º Nicolas Oliveira - 200m livre
12º Leonardo de Deus - 200m costas
12º Henrique Rodrigues - 200m medley
14º João Gomes Junior - 100m peito
15º Daynara de Paula - 100m borboleta
15º Thiago Pereira - 100m borboleta
16º Joanna Maranhão - 200m borboleta
 
Outra semifinais - saltos ornamentais
15º Cesar Castro - Trampolim de 3 metros
 
Finais - domingo, 4/08
3º Thiago Pereira - 400m medley - 4m09s48
6º Daniel Orzechowski - 50m costas - 24s87