Poliana de ouro e Ana Marcela de prata no Mundial de Barcelona

Ana Marcela e Poliana comemoram a dobradinha / Foto: Satiro Sodré / Divulgação CBDA

Barcelona - "Fizemos uma espécie de parede para ninguém passar". Com essa tática do "é tudo nosso", na manhã desta terça-feira, 23/07, Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha protagonizaram mais um momento histórico e inédito para o Brasil no Mundial dos Esportes Aquáticos de Barcelona com o ouro e a prata na prova que é a distância olímpica: os 10 quilômetros.
 
Poliana chegou em 1h58min19s2 e Ana em 1h58min19s5. A terceira colocada foi uma velha conhecida das brasileiras tão habituadas ao Circuito da Copa do Mundo da FINA, a alemã Ângela Maurer, veterana de 37 anos dona de muitos títulos mundiais. Chorando muito, Poliana desabafou.
 
"Depois dos Jogos Olímpicos foi muito difícil. Muita gente queria me aposentar e o fator psicológico foi o que pesou mais. Eu estava muito bem preparada para Londres e ter que abandonar a prova foi doído demais. Este ouro nos 10 quilômetros é um recomeço. Tracei uma estratégia com o meu técnico (o marido Ricardo Cintra) que foi não ficar muito atrás. Nos últimos 500 metros tudo pode acontecer e o exemplo foi a prova masculina de 10 quilômetros no dia anterior. Então, quando vimos que estávamos as duas na frente, nadamos muito forte e fizemos uma espécie de parede, de bloqueio para que ninguém passassem por nós, o que já tentamos antes e não tinha funcionado. Não tem segredo para o resultado que o Brasil vem conseguindo nas maratonas aquáticas. Tudo é o resultado de muito trabalho. Faço parte da seleção brasileira de natação desde os 17 anos e só há alguns anos venho colhendo os frutos. É isso. Estamos plantando agora para quem saber colher mais ainda nos Jogos Olímpicos do Rio 2016" , declarou emocionada, lembrando da dificuldade do início, pois "A gente se esforça tanto, todos os dias nos treinos, são anos de dedicação. Estou no esporte desde os nove anos. Estou emocionada pois muita gente se esforça tanto por um objetivo e ele às vezes não vem, e eu consegui. É gratificante. Valeu a pena cada esforço, cada manhã gelada, encarando água fria, tudo. Tenho que agradecer muito aos meus patrocinadores, em especial os Correios, que me ajuda muito; à CBDA que acreditou muito no meu trabalho, mesmo depois de um ano tão difícil pra mim após os Jogos Olímpicos; e ao meu clube, o Minas Tênis", disse Poliana.
 
Ana Marcela também falou em recomeço e já está mirando o próximo objetivo: o bicampeonato nos 25 quilômetros. "Sabíamos que todo o pódio dos Jogos Olímpicos de Londres 2012 estava aqui, então tentei ficar na frente um pouco antes do que costumo. É claro que todo mundo quer ganhar a prova, mas chega um momento que temos que garantir o pódio. E foi isso que fizemos. A medalha dos 5km já foi uma surpresa para mim e estou muito feliz. No último Mundial eu fiquei em 11º lugar e não consegui me classificar para as Olimpíadas. Assisti a tudo pela televisão, então para mim também é um recomeço. Agora é descansar três dias para tentar mais que a prata nos 25 km. Independesnte da medalha de prata, o Brasil ganhou ouro, o que prova que nosso treino foi muito bom. Estamos bem rumo a 2016 e se em Copacabana se repetir isto, com medalhas olímpicas, vou ficar muito feliz também", disse Ana Marcela, que por ter sentido um pouco no fim da prova, vai descansar e manter o foco nos 25km, sábado (27/7). A prova de equipes, na 5ª feira (25/7), vai ter Poliana, Samuel e mais um (Luis Arapiraca ou Allan) no time.
 
A terceira colocada, Ângela Maurer (1h58min20s2), no último Mundial, em 2011, disputou braçada por braçada com Ana Marcela nos 25 quilômetros. Em Barcelona, ela continua perseguindo o ouro desta prova e já declarou que é seu objetivo principal, mas nos 10 quilômetros tinha uma meta modesta que era ficar entre as 10 primeiras.
 
"A prova foi muito dura hoje e fiquei muito surpresa. Tentei seguir Poliana e acho que deu certo", disse. Ana Marcela é treinada pelo técnico Fernando Possenti e Poliana, por Ricardo Cintra. O técnico de Poli, que também é seu marido, fez questão de falar sobre o momento difícil que passaram após os Jogos de Londres 2012 e revelou um projeto do casal.
 
"Imagine que você é uma atleta olímpica e ser forçada a levantar o dedo e pedir pra sair de uma prova? Foi duríssimo. E preciso registrar uma coisa aqui. Naquele pior momento, um dos primeiros telefonemas que recebemos foi o do presidente da CBDA (Coaracy Nunes Filho) dizendo "Nada mudou. Eu acredito em vocês". Acho importante falar isso porque na vitória tudo é fácil e não fossem todos os projetos que hoje existem nós não teríamos ganho esta medalha. A Poliana já agradeceu, mas eu volto a agradecer além da CBDA, ao Minas Tênis Clube, aos patrocinadores todos que continuaram conosco mesmo depois de Londres. Muitos não continuaram... Queremos agora arrumar um patrocínio para fazer um projeto social com o nome da Poliana. É hora de usar a natação para ajudar a resolver alguns problemas da infância e nós podemos fazer parte disso. Queremos ter uma piscina em que possamos treinar com mais tranquilidade e também levar adiante este sonho do projeto", revelou Cintra.
 
O técnico também falou do que mudou em um ano para chegar ao ouro. O processo de Londres também nos fez refletir e ver onde estávamos errando. E aí voltamos para perto da família, observei que estava faltando força a ela e contratamos um preparador físico que fez toda a diferença e uma nutricionista (Marcela Amar) que resolveu os problemas da Poliana com intolerância a vários alimentos.
 

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