Brasil conquista prata e bronze na marcha no Pan de Toronto

Caio Bonfim  / Foto: Wagner Carmo/CBAt

Toronto - Em 64 anos de história dos Jogos Pan-Americanos, o Brasil havia conquistado duas medalhas na marcha atlética. Só neste domingo (dia 19), a equipe de Atletismo da modalidade somou mais dois pódios em sua galeria. A pernambucana Érica Sena assegurou a medalha de prata e o brasiliense Caio Bonfim, a de bronze, nas provas dos 20 km, disputadas sob sol e calor, no Ontario Place West Channel, no Parque Pan-Americano de Toronto.
 
Este domingo marcou o segundo dia de competições do Atletismo, iniciadas no sábado (18), com a paulista Adriana Aparecida da Silva conquistando a medalha de prata na maratona, também na bonita região do Parque, às margens do Lago Ontário.
 
Tanto Érica quanto Caio comemoraram muito o pódio canadense. E por motivos que extrapolam a simples competição. Erica, por exemplo, pensou há duas semanas em desistir do PAN. Com gripe forte, não conseguia treinar e só queria ficar deitada em sua casa, em Cuenca, no Equador, onde mora.
 
"Fiquei realmente muito ruim e não tinha confiança nenhuma em competir aqui em Toronto. Quando voltei aos treinos e resolvi viajar, claro que o objetivo era o ouro, mas a prata foi um excelente resultado diante das circunstâncias", comentou a atleta de 30 anos, que completou as 10 voltas no circuito de 2 km em 1:30:03.
 
Érica escreveu o seu nome na história da competição ao se tornar a primeira brasileira a ganhar numa medalha na marcha. "Este é mais um motivo de orgulho e de recompensa pelo meu esforço", afirmou. "Não comecei bem a prova, estava desconfortável, com pouco de dor na canela. Aos poucos, entrei no ritmo. Não deu apenas para acompanhar a mexicana", completou Érica, referindo-se a Maria Gonzalez, campeã com 1:29:24, novo recorde pan-americano. A mexicana desmaiou após cruzar a linha de chegada e teve de ser levada a um hospital de ambulância. A equatoriana Paola Perez ficou com o bronze, com 1:31:53.
 
A outra brasileira na prova, a também pernambucana Cisiane Lopes, sentiu-se indisposta na prova, com problemas estomacais. Precisou até fazer uma parada, mas completou em 11º lugar, com 1:38:53. "Mesmo sem condições, fiz questão de terminar. Era questão de honra", disse.
 
Persistência - A medalha de bronze também teve um gosto especial para Caio por ter sido uma recompensa pela garra demonstrada na prova. Ele ficou em terceiro lugar pelo menos por 13 dos 20 km, mas acabou ultrapassado pelo guatemalteco Erick Barrondo no km 16. Vice-campeão olímpico em Londres, Barrondo chegou a ficar em segundo lugar, mas foi desclassificado pelos árbitros no último quilômetro.
 
"A competição foi muito sofrida. Minha estratégia foi acompanhar os líderes o tempo todo, mas os canadenses conseguiram manter um ritmo mais forte. Estou feliz porque dei tudo na prova e a medalha só foi garantida mesmo no final. Cheguei no limite", lembrou o marchador, que obteve o tempo de 1:24:43. "O sol castigou bastante e a sensação térmica no asfalto era maior do que os 26 graus registrados."
 
O Canadá ficou com o ouro e prata. Evan Dunfee foi o primeiro, com 1:23:06, e Iñaki Gomez, o segundo, com 1:24:25.
 
Érica, Cisiane e Caio estão qualificados para o Campeonato Mundial de Pequim, em agosto. Erica e Caio já garantiram também índice para os Jogos Olímpicos Rio 2016.
 
Antes do Pan-Americano de Toronto, o Brasil havia conquistado uma medalha de prata, com Mario José dos Santos Junior, nos 50 km de Santo Domingo, em 2003, e uma de bronze, com Marcelo Moreira Palma, nos 20 km de Havana, em 1991.
 
Congresso Técnico - Esta segunda-feira (dia 20) é reservada para o Congresso Técnico das provas de pista e de campo, a partir das 16 horas locais (17 horas de Brasília) no Estádio Pan-Americano, na York University. O treinador-chefe Nélio Moura vai pleitear na reunião que Jaima Lima e Liliane Fernandes, inscritas inicialmente apenas no revezamento 4x400 m, sejam incluídas também nos 400 m com barreiras.
 
As competições começam nesta terça-feira na York, com nove finais previstas, sendo oito com a participação de brasileiros. O Programa-Horário a ser ratificado no Congresso Técnico prevê que a qualificação do salto em distância masculina abra oficialmente o evento, a partir das 10:05 (11:05 de Brasília).
 
 
Veja Também: