Frank Caldeira desiste e Brasil interrompe quatro ouros na Maratona

Brasil teve dois representantes na prova, mas Frank Caldeira se contundiu e não completou a maratona / Foto: Jonne Roriz / Exemplus / COB

Rio de Janeiro - Na história recente dos Jogos Pan-Americanos, o Brasil dominou a prova da maratona masculina, uma das mais aguardadas do atletismo. Mas a hegemonia verde e amarela na competição – que teve início em 1999, em Winnipeg, quando Vanderlei Cordeiro de Lima levou o ouro; prosseguiu em 2003, em Santo Domingo, com Vanderlei chegando ao bicampeonato; continuou em 2007, no Rio de Janeiro, com Frank Caldeira; e se manteve em 2011, em Guadalajara, com Solonei Rocha da Silva – chegou ao fim neste sábado (25.07), penúltimo dia do Pan em Toronto.
 
Os atletas largaram cedo, às 7h de uma bela manhã de sol na maior cidade do Canadá. Com dois representantes na disputa, Frank Caldeira e Ubiratan dos Santos, a expectativa girava em torno de um possível bicampeonato de Frank, que havia declarado antes da prova estar bem treinado para o desafio.
 
Entretanto, na altura do 30º quilômetro dos 42,195km da prova, uma contratura muscular na perna direita de Frank Caldeira o impediu de tentar o sonho do bicampeonato pan-americano no Canadá. Ubiratan cruzou a linha de chegada em 13º. O vencedor foi o cubano Richer Perez (2h17min04), que foi seguido pelo peruano Raul Pacheco (2h17mn13) e pelo medalhista de bronze, o argentino Mariano Mastromarino (2h17min45).
 
“Infelizmente aconteceu (a lesão)”, declarou Frank Caldeira. “Eu fiz uma boa preparação, mas maratona é isso. Eu tenho que estar pronto para vibrar com as alegrias e lamentar as coisas que acontecem durante a prova. Hoje não foi um dia especial para mim”, continuou. “Eu senti a coxa direita em uma mexida que o peruano deu. Eu o acompanhei e, na subida, senti um pouco. Embolou a perna direita, como se fosse uma câimbra, um espasmo... Agora é voltar os treinos e visar às próximas preparações”, continuou. O plano do maratonista é focar no objetivo de disputar os Jogos Olímpicos do Rio 2016.
 
Para Frank, o que aconteceu em Toronto não pode macular a ótima performance do Brasil na maratona dos Jogos Pan-Americanos. “O que aconteceu não me deixa triste, me deixa frustrado por saber que eu tenho a responsabilidade de estar aqui fazendo o meu melhor. Acredito que todos os outros títulos que nós demos não devem ser esquecidos, assim como esse resultado não pode ser massacrado por a minha vinda aqui ter sido frustrada. É o que acontece na maratona: dias bons e dias ruins. Eu peço desculpas àqueles que estavam esperando um bom resultado, mas o Brasil tem um bom histórico em maratonas que não deve ser esquecido e eu acho que isso é o mais importante”, desabafou.
 
Frank não disputará o Mundial da China, em agosto. O plano imediato (ele retorna ao Brasil na segunda-feira à noite) é fazer os exames e descobrir a extensão da lesão. “Depois tenho que me recuperar. O próximo objetivo são os Jogos de 2016, no Rio. Temos o Marílson (Marílson Gomes dos Santos, bicampeão da Maratona de Nova York) já garantido, e o Solonei corre agora o Mundial. Como eu optei por vir a Toronto, não tenho essa oportunidade (de disputar o Mundial). Preciso ver qual é a próxima maratona que seja rápida e que eu possa estar lá e bem. Não adianta entrar e dar mais um tiro pela culatra.  Tem que ser algo certeiro agora, pois temos pouco tempo (para buscar a vaga olímpica)”.
 
Médico da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Cristiano Laurino deu mais detalhes sobre a lesão de Frank. “Ele teve uma dor súbita na coxa. Não teve nenhum antecedente de dor nem nos treinamentos e nem no aquecimento aqui. Então me parece algo súbito. Mas até caracterizar isso como uma câimbra isolada nós temos que fazer exames para identificar, porque às vezes a câimbra esconde uma lesão muscular, mesmo que pequena. Então a ressonância é importante”, avaliou.
 
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