1º campeão venceu preconceito: "perguntavam se era aberração"

Bill May e Christina Jones / Foto: Divulgação

Rio de Janeiro - Nesta segunda-feira, os desportos aquáticos viram Bill May fazer história em Kazan, na Rússia. O americano se tornou o primeiro homem campeão do mundial de nado sincronizado, depois que a Fina (Federação Internacional de Natação) decidiu por incorporar as disputas mistas à modalidade, historicamente feminina. 
 
Aos 36 anos, porém, o americano passou por uma história de preconceito, chegou a abandonar as piscinas e se dedicar ao Cirque du Soleil, na impossibilidade de competir a nível internacional no esporte que mais amava. 
 
Quando era apenas uma criança, aos 10 anos de idade, Bill praticava ginástica, enquanto a irmã, Courtney, sincronizava coreografias na piscina. Ele, quando terminava seus treinos, precisava esperar a irmã e acabava assistindo às suas práticas na piscina. 
 
Até que um dia resolveu tentar também. "Era uma segunda-feira e comecei com outros quatro garotos. Na sexta-feira, só havia eu de menino", comentou o atleta, recentemente. A perseverança de Bill, porém, foi maior que essa cultura do nado sincronizado, esporte olímpico desde Los Angeles 1984, sempre disputado por mulheres. 
 
O americano treinou por uma semana, gostou e continuou. Sofreu, no começo, etapas duras de preconceito. "Sempre me diziam que era um esporte de meninas e me perguntavam se eu era homossexual ou uma aberração. Algumas pessoas davam risada, mas passei por cima de tudo isso", contou.
 
Porém, com muita determinação e com as habilidades de criar movimentos advindas da ginástica, e a força física que tinha, ele acabou competindo e ganhando, aos poucos, disputas oficiais contra mulheres. Tornou-se um fenômeno, com 14 títulos nacionais. 
 
Cansou de lutar para competir internacionalmente e, em 2004, se aposentou das piscinas e integrou o Cirque du Soleil, ao lado de Christina Jones, hoje sua parceira nas duplas do nado sincronizado. 
 
Em novembro, a decisão tardia da Fina de incluir os homens no esporte, reacendeu o gosto de Bill pela modalidade. Não deu outra, o americano voltou a treinar e, ontem, em Kazan, na Rússia - um país com severos casos de homofobia e sexismo - entrou para a história ao vencer um campeonato mundial do esporte que havia se dedicado tanto, há tanto tempo atrás.
 
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