Maria, caçula do nado sincronizado, vai ao Rio 2016 representar 3ª geração de atleta

Atleta de 17 anos tem entre as maiores incentivadoras a mãe e a avó, veteranas da modalidade / Foto: Satiro Sodré/CBDA

Rio de Janeiro - Quando a equipe brasileira de nado sincronizado se posiciona na borda da piscina para começar a apresentação, logo o grito “raça, Maria!” ecoa.
 
O estímulo que acompanhou as apresentações da seleção durante as competições antes das Olimpíadas do Rio de Janeiro é direcionado a Maria Clara Coutinho, 17 anos, caçula do grupo. 
 
O grito surgiu com a mãe da atleta. O amor pelo mesmo esporte une três gerações da família da jovem Maria Clara. Tudo começou com a avó, Ana Maria Lobo, veterana da modalidade e uma das pioneiras no país. Em seguida, foi a vez da mãe Cristina Lobo, que representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992. Agora, Maria terá a oportunidade de mostrar a sua raça e escrever o nome da família mais uma vez na história do esporte olímpico nacional durante a estreia olímpica no Rio 2016. 
 
O esporte que combina ginástica e balé dentro d’água é a paixão de Maria Clara desde os 9 anos. A piscina sempre esteve presente nas brincadeiras de infância. Na adolescência, o hobby se transformou no compromisso que moveu a atleta, que recebe o apoio financeiro do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte, a realizar o sonho olímpico. 
 
O nado sincronizado é um esporte técnico, que exige o máximo do lado psicológico das atletas. São 8 horas diárias de treinamento, de segunda a sábado, divididas entre dentro e fora d’água. Três vezes por semana as atletas contam com exercícios e musculação. 
 
Faz dois anos que a jovem encara a rotina da seleção principal. Mesmo com a dedicação dos últimos anos, ver o nome na lista de convocada surpreendeu a atleta. “Foi muito emocionante saber que eu estava dentro da equipe que vai disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Até porque eu estava concorrendo à vaga e não tinha certeza se eu iria ficar”, contou.
 
Maria Clara enfrenta diariamente os dilemas de todos os adolescentes. No caminho até a vaga olímpica, a jovem enfrentou uma maratona para conciliar estudo, família, amigos e treino. “Eu sempre estudei de manhã no colégio. Às vezes a minha avó levava a minha marmita para a escola, pois eu saía do treino direto e chegava no terceiro tempo de aula. No terceiro ano eu tive que mudar para a noite, porque eu estava chegando muito atrasada na escola”, recordou.
 
Confira a entrevista com a estreante olímpica:  
 
Conte como você entrou no esporte. 
 
Comecei no nado sincronizado bem novinha, com 9 anos. Fui para a seleção juvenil cedo também; com 12 anos eu já tinha participado do meu primeiro Sul-Americano. A minha história na seleção começou aí.
 
Como é ser a caçula da seleção?
 
As meninas me tratam de igual para igual. Dentro da piscina a gente se iguala. Mas a Lara, por exemplo, que tem experiência e já disputou uma Olimpíada, dá bastantes dicas emocionais. Elas me passam confiança, porque elas são bem mais velhas e me ajudam a superar o nervosismo. 
 
Se você não tiver um psicológico bom, você não consegue mostrar a sua técnica. 
 
O que podemos esperar da equipe nacional de nado sincronizado nas Olimpíadas?
 
Nós temos duas coreografias. Na equipe técnica o tema será motoqueiro. Um tema internacional que todo mundo vai entender, com uma música bem animada, com um rock bem legal. Na equipe livre vamos apresentar o carnaval, que vai levar muito a figura do Rio de Janeiro e a coisa carnavalesca do Brasil. Acho que a torcida vai se identificar bastante.”
 
Fale um pouco sobre a sua rotina. 
 
Eu sempre dormi cedo porque treino muito no dia seguinte. Mas valeu tudo muito a pena. E os amigos ficavam para o fim de semana e para fazer coisas bem tranquilas, porque atleta vive sempre cansado.
 
“Não posso, tenho treino” é a resposta que dou aos meus amigos quando eles chamam para sair. Todo mundo me chamava para sair, mas os meus amigos sempre me ajudaram bastante. Todo mundo entendeu isso, principalmente na escola, quando anotavam matéria para mim, o que me ajudava quanto eu não estava presente na aula. 
 

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