Equipe unida por medalhas no México

A seleção brasileira de natação participou de um treinamento em conjunto e de entrevista coletiva no hotel Copacabana Mar, nesta segunda-feira, dia 26 de Setembro / Foto: Satiro Sodré/AGIFRio de Janeiro - A seleção brasileira de natação participou de um treinamento em conjunto e de entrevista coletiva no hotel Copacabana Mar, nesta segunda-feira, dia 26 de Setembro. O grupo se reuniu no Rio de Janeiro para uma bateria de exames laboratoriais exigido pelo Comitê Olímpico Brasileiro com profissionais do IPPMG, comandados por Eduardo Pernambuco, chefe da Divisão de Diagnóstico do Instituto de Puericultura e Pediatria, um dos departamentos da UFRJ que estão no convênio assinado com a CBDA na última quarta-feira, 21/09.

Os atletas Thiago Pereira, Kaio Márcio Almeida, Leonardo de Deus e Henrique Rodrigues falaram à imprensa das expectativas para o Pan de Guadalajara ao lado do técnico Alberto Silva e do supervisor técnico da CBDA, Ricardo de Moura. Antes, Thiago e Cesar Cielo contaram para a equipe de nadadores - muitos novatos na competição - suas experiências em Jogos Pan-Americanos

Thiago é o nadador brasileiro que mais vezes cairá na piscina mexicana. Ele estará em sete provas (200m costas, 200m e 400m medley, 200m peito, 100m costas, 4x200m livre e 4x100m medley) e já elegeu o inimigo número um: a altitude.

"Desta vez não terei que enfrentar semifinais, mas em compensação serão 1500m de altitude. Estou bem, treinando muito bem, mas não sei como será nadar essa quantidade de provas em lugar tão alto. Só vou saber quando chegar lá mesmo. A altitude vai ser um obstáculo para mim, mas pra todo mundo também. Então é chegar lá e fazer o melhor. Vamos com o objetivo de trazer o maior número de pódios possível", disse.

Kaio Márcio concordou com o colega de equipe e disse que também se sente preparado pra brigar por seus melhores resultados em Jogos Pan-Americanos. Já Leo de Deus e Henrique Rodrigues, estreantes na competição, afirmaram que o ano de 2011 está sendo de muito aprendizado e que a expectativa é grande para Guadalajara.

"O Mundial (de Xangai, em julho) foi muito bom para o Brasil e aprendemos muito lá. Acho que estamos no caminho certo", disse.

O supervisor Ricardo de Moura falou da renovação da equipe- metade está indo pela primeira vez - e dos cuidados com a aclimatação dos atletas que será feita em San Juan de Potosi, no centro esportivo de La Loma. Ele destacou que o fator altitude impede que se faça uma análise por favoritos, pois cada atleta reage de forma diferente quando compete em tais condições.

O técnico Alberto Silva não quis precisar um número de medalhas, mas garantiu que a natação vai para se superar.

"Eu não tenho um número, uma conta na cabeça de medalhas por atleta, mas garanto que a natação sempre vai com o objetivo de fazer melhor que na edição anterior. E a meta é ter resultados mais expressivos que os do Rio de Janeiro",  disse.

No Pan Rio 2007 a natação trouxe 25 medalhas, sendo 10 de ouro, seis de prata e nove de bronze.

Pela manhã a equipe treinara no Flamengo, onde nadou num típico dia carioca, de tempo bom e sol forte.

"O clima aqui está ótimo, com calor a cara do Rio de Janeiro", disse Alberto Silva, técnico do campeão olímpico e bicampeão mundial dos 50m livre, Cesar Cielo Filho. O técnico brasileiro ainda falou sobre o convênio da CBDA.

"A estratégia técnica do ciclo olímpico 2012 já está toda mapeada. Este convênio vai ser mais importante ainda para o próximo ciclo: 2012 / 2016. Nós já trabalhamos muito com os atletas nas analises de biomecânica e pretendemos usar para 2016 esta parte bioquímica", disse Albertinho. Quanto à aclimatação para altitude que a seleção fará em La Loma, antes de viajar para Guadalajara, ele explicou que "temos que avaliar caso a caso, como cada nadador vai reagir na altitude, mas é sempre bom para os atletas pegarem o clima e sentir que a competição está se aproximando".

Cesar Cielo está indo para seu segundo Pan, depois de conquistar quatro medalhas no Rio de Janeiro, em 2007 (três de ouro nos 50m, 100m e 4x100m livre, e uma de prata no 4x100m medley).

"A expectativa é de bater o número de medalhas do Pan de 2007, e o time vem forte e defendendo títulos tanto no feminino quanto no masculino. Agora é a hora de botar tudo em prática, apesar do Pan não ter sido o foco principal do ano. Estou em melhores condições físicas do que estava no Mundial de Xangai, onde tinha perdido seis quilos. Lá eu estava mais fraco, mas nadei bem, só que agora voltei a nadar o meu normal. Hoje sou um nadador bem melhor do que era em 2007, fui evoluindo muito com o passar dos anos e sei que hoje sou mais completo e preparado", disse

Cielo, que ainda abordou o tema Olimpíadas e o grande número de novatos na equipe do Pan. "Desde quando acabou o Mundial de Xangai a "luzinha" da Olimpíada já está acesa. Não precisa terminar o ano para começar a pensar nisto. Falta menos de um ano, e pra gente o ano olímpico já começou. Nós dois - eu e Albertinho - queremos muito o Bi olímpico e o objetivo é tirar o melhor tempo da minha vida. Já o time do Pan está cheio de caras novas e esse primeiro contato com o grupo foi importante, vai ajudar em Guadalajara".

A seleção brasileira de natação nos Jogos Pan-Americanos contará com 40 nadadores (21 mulheres e 19 homens). Destes, metade estará pela primeira vez na competição, sendo 11 mulheres e nove homens. Um destes novatos em Pans é o campeão mundial dos 50m peito, Felipe França Silva, que garante estar tranquilo para a competição.

"Eu estou trabalhando forte para trazer o ouro, não vou viajar atrás de uma prata, ninguém gosta de perder e eu odeio perder. Mas para as Olimpíadas de Londres, estamos trabalhando a minha volta. Hoje sou o melhor do mundo na ida (50 metros), mas agora tenho que trabalhar mais para ser o melhor também na volta - concluiu França, se referindo a prova olímpica dos 100m peito (os 50m peito não consta do programa olímpico ou pan-americano)". Quanto à alimentação, França revelou que está fazendo um fazendo um trabalho balanceado, já que "eu como bastante, a toda hora, mas só venho comendo coisas lights".

Outra novata nos Jogos é Daynara de Paula, recordista sul-americana dos 50m borboleta.

"Eu estou me sentindo superbem. Eu demoro um pouco para me adaptar a essas mudanças - Daynara mudou de treinador -, mas aos poucos nós estamos nos adaptando um ao outro, e venho treinando muito bem. Lá no Pan vai ser um pouco diferente do Mundial de Xangai, que só tinha poucas meninas. Agora nós somos muitas, o que é sempre bom".

Bruno Fratus também fará sua estreia na maior competição das Américas. "A aclimatação vai ser muito importante para gente ir se acostumando com as condições climáticas. Estou animado, mas não chego a estar ansioso, porque algumas experiências me fizeram melhorar nisso", afirmou Fratus, que ainda falou sobre o também velocista Cesar Cielo.

"Como já disse anteriormente, sempre nadei com ele ao meu lado, e que bom que ele está do meu lado. Na final, ele não é o meu rival, lá são sete adversários que tenho que superar", concluiu o finalista do Mundial de Xangai, que estava feliz com o sol carioca, "pegar este solzinho aqui é bom demais, poderia haver mais treinos desses, com direito a água de coco e praia" - brincou.