Rolex Sailing Week chega aos 40 anos e leva vela oceânica para o topo

Curupira, campeão em 1998 e 2000 e vice em 1999 e 2001 / Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

Ilhabela - A história da vela oceânica nacional se confunde com a Rolex Ilhabela Sailing Week. Em 2013, o maior evento da modalidade completa 40 anos de sucesso, revelando novas classes, velejadores e colocando a categoria entre as mais vitoriosas do esporte brasileiro. Tripulações das classes ORC, HPE, C30, S40, RGS (A, B, C e Cruiser) e Star disputarão as provas no Yacht Club de Ilhabela (YCI) entre os dias 6 e 13 de julho. 
 
O tradicional campeonato, que começou em 1973, já teve a participação de ídolos do esporte brasileiro como Torben Grael, Lars Grael, Robert Scheidt, Bruno Prada, Eduardo Souza Ramos, Jorge Zarif, Cláudio Bierkark, Mário Buckup, Eduardo Penido, Alex Welter, Alan Adler, Gastão Brum, Boris Ostergren entre outros atletas de ponta.
 
O evento, chamado inicialmente de Semana de Vela de Ilhabela, ganhou o naming rights da Rolex. Desde 2007, a marca de relógios suíça colocou o País no grupo das mais históricas e prestigiadas competições, como a Rolex Fastnet Race, Rolex Sydney Hobart, Maxi Yacht Rolex Cup e Rolex Swan Cup. "O Yacht Clube de Ilhabela trabalha para fazer da edição número 40 um momento histórico para a vela brasileira e para nosso clube", ressalta Marco Fanucchi, comodoro do YCI. A Rolex Ilhabela Sailing Week reúne todos os anos, no mês de julho, no Yacht Club de Ilhabela, cerca de 1.500 velejadores, que disputam uma semana inteira de regatas na raia entre São Sebastião e Ilhabela. 
 
A história começou com os Optimist - A Rolex Ilhabela Sailing Week começou a ser pensada em 1969. Com o apoio dos clubes da represa do Guarapiranga, em São Paulo, principalmente do Yacht Club de Santo Amaro (YCSA), e da Prefeitura de Ilhabela, foi organizada a "Semana da Vela". Figuras como Carlos Cyrillo, Mário Volkoff, Geraldo Junqueira, Oscar Wekerle e Flávio Caiuby convenceram vários associados do YCSA e alguns velejadores de outros clubes da represa a enfrentar horas de estrada com seus monotipos para participar de uma competição nova, sem tradição, mas que trazia em si um cunho de desafio, como mencionava a carta-convite para as regatas, no item "condições para realização das regatas: são ideais nestas águas, e é desconhecida por todos os velejadores".
 
Depois de quatro anos, o YCI tomou a iniciativa de promover um novo torneio de grande porte, que se transformou no maior e mais competitivo evento de vela oceânica da América Latina, a Rolex Ilhabela Sailing Week. "Esta história começou com a chegada da classe Optimist no Brasil. Lembro-me perfeitamente de que, no final de 1972, chegaram ao Brasil os primeiros veleiros da classe Optimist e uma pequena flotilha se formou aqui na represa de Guarapiranga. Como no final de 1972 iria acontecer o Campeonato Sul-Americano de Optimist, em Buenos Aires, nós, os pais, achávamos que os garotos precisavam treinar melhor no oceano", afirma Raul de Souza Sulzbacher, que era capitão de vela do YCI.
 
Os pais dos alunos de Optimist ficaram só observando a garotada velejar e se entusiasmaram. A vontade de também fazer parte das regatas surtiu efeito e, no ano seguinte, o grupo organizou uma semana de provas nas classes Pinguim e Snipe. Participaram também alguns Hobie Cat 16.
 
A partir daí, em todos os anos, sempre no meio do ano, os velejadores começaram a manter a rotina de disputar regatas em Ilhabela durante uma semana. E o tamanho dos veleiros foi aumentando. Logo, não apenas monotipos olímpicos corriam as regatas, mas barcos de oceano ganhavam o mar de Ilhabela.
 
"Naquele início, a coisa era feita na base do altruísmo, da amizade, da lancha emprestada. Era um evento extremamente leve, simples e divertido. Que eu me lembro, na primeira vez, corri de Snipe. Nem existia propriamente o YCI como existe hoje. Depois, quando começaram os veleiros de oceano, participavam não mais do que uns 30 barcos", relembra Eduardo Souza Ramos, primeiro campeão da Rolex Ilhabela Sailing Week e maior campeão com nove títulos.
 
A quantidade de veleiros de oceano na água já era ideal e os barcos maiores logo superaram os monotipos, que continuaram a ter na represa o seu principal centro. Os veleiros de oceano paulistas, nessa época concentrados no Iate clube de Santos e depois também nas marinas do canal Bertioga, começaram a vir em peso, na segunda metade da década de 1970, para competir nas águas da Ilhabela. A partir do fim dos anos 1970, o evento se dividiu numa semana de vela de oceano abraçada pelo YCI e uma competição de vela de monotipos, na segunda metade de julho, organizada pela FEVESP (Federação de Vela de São Paulo) e pela Prefeitura de Ilhabela.
 
Na década de 1980, a Semana de Vela de Oceano de Ilhabela se consolidou sendo organizada pelo Yacht Club de Ilhabela com forte influência de seu sócio Nelson Bastos, proprietário da Fast Boats, principal estaleiro nacional de veleiros de oceano na época. Nelson trouxe as primeiras jurias profissionais para o YCI com o Dionísio Sulzback, Durante os anos 1980, o evento se tornou altamente competitivo, atraindo os principais veleiros do Rio de Janeiro e do sul do País, se tornando, junto com o Circuito Rio, um dos principais campeonatos regionais de vela oceânica.
 
Nos anos 1990, a organização do evento ganhou ‘status’ profissional. A parte operacional e comercial começava a ser terceirizada e os patrocínios se ampliaram. Já a partir da segunda metade da década, o campeonato ganhou impulso com as parcerias com a Marinha do Brasil, Comando do VIII Distrito Naval de São Paulo e Delegacia da Capitania dos Portos de São Sebastião. A Regata Alcatrazes por Boreste foi introduzida como sua prova de longo percurso. A partir de 2000, a profissionalização se acentuou e o número de barcos inscritos cresceu para quase 200 barcos, tornando-se de longe maior evento de vela oceânica do Brasil, abrindo espaço para sua internacionalização. "A Rolex Ilhabela Sailing Week é talvez o único lugar do Brasil que você respira o campeonato 24 horas por dia", reforça Eduardo Souza Ramos, que em 2012 foi campeão da Rolex Ilhabela Sailing Week na classe S40.
 
Inscrições continuam abertas - Os velejadores de todo o País e as tripulações estrangeiras devem acessar o site www.risw.com.br e seguir o procedimento indicado para inscrição. Os participantes devem garantir presença de 1º de maio até 30 de junho. Terão 25% de desconto os veleiros que ficarem em seus clubes de origem, outros clubes com eles conveniados ou com amarras próprias ou alugadas. Neste caso, os valores serão: de 1º a 31 de maio - R$ 200,00 cada tripulante; de 1 a 15 de junho - R$ 240,00 e de 16 a 30 de junho - R$ 300,00.
 
Os valores das inscrições para os barcos que queiram ficar em poitas ou amarras do Yacht Club de Ilhabela são os seguintes: de 1 a 31 de maio, será de R$ 270,00 por tripulante. Entre 1 e 15 de junho, sobe para R$ 320,00 e de 16 a 30 de junho, passa para R$ 400,00. Vale lembrar que a quantidade de vagas nas dependências do clube é limitada. Além disso, a organização distribuirá as vagas conforme julgar adequado à natureza das embarcações inscritas.
 
O Yacht Club de Ilhabela poderá limitar a quantidade de embarcações inscritas visando segurança dos velejadores e seus convidados, tanto no mar como nas dependências do clube, tendo prioridade aquelas que primeiro formalizarem inscrição.
 
Depois de fazer a inscrição, cada atleta poderá visitar a página da Rolex Ilhabela Sailing Week e ver os avisos de regata, resultados das últimas temporadas, fotos e muito mais. Outra novidade é a Fan Page do Facebook, que pretende ser um ponto de encontro virtual da comunidade náutica envolvida no evento.
 
Resultados de 2012 - A 39ª edição da Rolex Ilhabela Sailing Week foi marcada por regatas equilibradas e de alto nível técnico. Os vencedores em cada categoria foram: Pajero/Gol (S40), Loyal/TNT (C30), SX4/Bond Girl (HPE), Tomgape Touché (ORC Geral e 500), Zeus (ORC 600), Kiron (ORC 650), Prozak (ORC 700), Maria Preta (RGS Maxi), Troop Too (RGS A), Tangaroa (RGS B), Mandinga (RGS C), Chrispin II Kelvin Clima (RGS Cruiser A) e Hélio II- Hospital Sírio Libanês (RGS Cruiser B).