Jovens de Brasília são destaque nos Saltos Ornamentais

Kawan (C) e Luis Felipe (E) juntos no pódio: medalha de ouro e de prata para os amigos / Foto: Danilo Borges / Brasil 2016

Rio de Janeiro - “Futuro Campeão”. As palavras estampadas no Centro Olímpico do Gama (DF) ficavam na cabeça de dona Francisca. E foi disso que ela se lembrou no último fim de semana, ao ver os filhos gêmeos, Luís Felipe e Maria Luísa, e o “filho emprestado”, Kawan, todos com 12 anos, subirem ao pódio várias vezes no Campeonato Brasileiro de Saltos Ornamentais dos grupos C e D, categorias de base que incluem crianças e adolescentes de até 13 anos. A disputa foi realizada no Parque Aquático da Secretaria de Esporte do Distrito Federal, em Brasília, de 31 de outubro a 2 de novembro.
 
“Quando eu via aquela frase, eu não imaginava que meus filhos pudessem fazer parte de um projeto de formação de atletas e serem os melhores do Brasil. Só de treinarem todos os dias eles já são campeões, mas vê-los aqui é emocionante”, disse Francisca Bonfim, técnica em radiologia.
 
De segunda a sexta, uma van passa às 6h na porta da casa dela, no Gama, para levar as crianças ao Centro de Excelência em Saltos Ornamentais da Universidade de Brasília (UnB), onde ficam até as 12h. Aos sábados, é a própria Francisca quem os leva. O local de treinamento foi inaugurado em março de 2014, com investimento de R$ 800 mil do Ministério do Esporte, e oferece uma estrutura que já faz a diferença na rotina dos jovens atletas e de nomes do alto rendimento, como Hugo Parisi, que participou dos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012.
 
Na piscina, há duas plataformas (5m e 10m), quatro trampolins (dois de 3 m e dois de 1 m), e ainda será instalada uma máquina de bolhas, que amortece a queda dos atletas na água. Mas o principal da estrutura são os equipamentos para treinos fora da água.
 
“Temos um ginásio com três trampolins, piscina de espuma, três camas elásticas e cinto de segurança. É uma estrutura que não deixa a desejar em nada”, afirmou o coordenador do Centro de Excelência, Ricardo Moreira. “O diferencial desse projeto é que hoje essas crianças começam com a mesma estrutura que tem o Hugo Parisi, que tem o César Castro (atualmente treinando nos Estados Unidos). E assim elas podem se desenvolver muito mais rápido”, acrescentou, citando dois dos principais nomes brasileiros na modalidade.
 
Vencendo o medo - Vinte e oito crianças e adolescentes, escolhidos em seletiva realizada no início do ano, treinam na UnB. Além dos meninos e meninas que competem pelo Centro Olímpico do Gama, há atletas do Mackenzie, como Anna Lúcia Santos, de 13 anos. Para ela, treinar “a seco” faz diferença antes de executar os saltos na piscina.
 
“Ajuda muito, porque você ganha segurança, você tira o medo que tem do salto quando pula no colchão. Quando você vai para a água fica mais fácil”, contou a jovem, ouro nas quatro provas que disputou no Campeonato Brasileiro (trampolim 1m, trampolim 3m, plataforma e trampolim 1m sincronizado, com Isabela Brasiel).
 
Resultados - A mistura entre a nova estrutura e o empenho das crianças e dos professores já mostrou resultados na competição nacional, da qual participaram 50 atletas, representando oito entidades esportivas de cinco estados (DF, RJ, SP, PB e PA).
 
Das 42 medalhas em disputa em 14 provas, 23 foram para o peito de meninos e meninas que treinam na UnB, como Rafael Almeida, de 10 anos. Competindo pelo Centro Olímpico do Gama, ele ficou em primeiro lugar nos trampolins de 1m e 3m, e na plataforma, em provas do grupo D (até 11 anos).
 
“Fiquei feliz e orgulhoso. Quando olho para trás, vejo que melhorei muita coisa já. Minha estratégia é treinar muito, concentrar bastante e fazer o melhor salto possível”, disse o jovem.