Copa contribui com as campanhas de velejadores olímpicos

Equilíbrio na HPE / Foto: Aline Bassi / Balaio

Rio de Janeiro - As principais competições de oceano em Ilhabela, como a Copa Suzuki Jimny, têm pelo menos uma característica em comum: atraem para o litoral norte de São Paulo velejadores consagrados e que acabam levando com eles, para a raia, a responsabilidade de incentivar os mais jovens que alimentam o sonho de representar o País em uma competição internacional.

Entre aqueles que já tiveram o privilégio de vestir a camisa do Brasil em águas de outros países, Mário Buckup, André Fonseca, Rique Wanderley, Maurício Santa Cruz, Samuel Albrecht e Fábio Pillar são alguns dos que disputam a terceira etapa da Copa Suzuki Jimny, fazendo do Yacht Club de Ilhabela (YCI) um assíduo ponto de encontro dos melhores velejadores do País. 
 
O carioca Maurício Santa Cruz, 38 anos, tripulante do HPE Relaxa Next/Caixa, praticamente saiu do avião para entrar no barco a tempo de largar para a primeira regata da terceira etapa. "Santinha" , como é conhecido, havia conquistado há menos de uma semana a medalha de prata no Mundial de J-24 na Irlanda, classe que já lhe rendeu quatro títulos mundiais e o atual bicampeonato nos Jogos Pan-Americanos, no Rio em 2007 e Guadalajara em 2011. 
 
"Fiz questão de vir a Ilhabela para compor a equipe do Relaxa. Estamos juntos há dois anos. É importante velejar aqui porque o nível da HPE está muito bom e sempre que você entra num barco não deixa de ser um treino para qualquer que seja a classe", avalia Santinha, frequentador do YCI há 20 anos, incluindo três títulos da Rolex Ilhabela Sailing Week com os barcos Polibrasil, de Torben Grael e Caninana, de Marcos Soares, duas vezes. Disputou os Jogos Olímpicos de Sydney e Atenas na classe Tornado. 
 
A briga pelas primeiras posições está equilibrada na HPE, entre Relaxa, Ginga, SER Glass Eternity, Repeteco, Jimny/Bond Girl e outros veleiros que estão reagindo no campeonato. Nas próximas regatas, porém, Santinha vai desfalcar a equipe porque estará no Mundial de J-70, uma nova classe que está ganhando força na Europa e que irá reunir a flotilha no lago de Garda, na Itália, onde mora o bicampeão olímpico Robert Scheidt. 
 
 
Rio 2016
 
Fábio Pillar, tático do Barracuda, da promissora classe C30, disputou os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, na 470 com o conterrâneo gaúcho Samuel Albrecht, o "Samuca", tripulante do ORC A, Tangaroa, na Copa Suzuki Jimny. Fábio está em campanha para buscar a vaga novamente na 470 para os Jogos do Rio. "Ilhabela é o centro da vela de oceano no País. Essa competição pode ser encarada como um complemento para o treino de monotipo. No oceano você encontra situações de regata semelhantes às das classes olímpicas e ainda tem o prazer de trabalhar em equipe. O importante é velejar". 
 
Confortado pelo clima agradável que encontrou na Ilha, em contraste ao frio do dia anterior vivido em Porto Alegre, Fábio respirou aliviado, vestindo bermuda e camiseta. "Aqui está muito bom. Saímos de lá e estava até caindo neve". O velejador de 27 anos é formado em Direito, mas hoje é um profissional da vela. Quando não está competindo de oceano, treina diariamente de 470 no rio Guaíba, com Mathias Mellechi, também gaúcho, com o objetivo de chegar à próxima Olimpíada.
 
Quem também já sentiu a emoção de uma olimpíada e hoje corre de oceano em Ilhabela é Rique Wanderley, comandante do HPE Jimny/Bond Girl. O representante brasileiro na classe 470 nos Jogos de Seul, em 1988, enfatiza o convívio no YCI desde que o pai, Carlos Wanderley corria de Snipe. "Estar em Ilhabela e velejar ao lado dos melhores do País é uma excelente oportunidade de aprendizado. Veja o Jorginho (Jorge Zarif, que acaba de ganhar o Mundial de Finn), quantas vezes treinou aqui na Ilha!", lembra Rique. 
 
O velejador paulista aproveita para reivindicar incentivo aos futuros velejadores, como Jorginho. "Ele tem talento, mas também teve apoio para poder contar com um dos melhores técnicos do mundo. Isso para a vela brasileira é sensacional. Precisamos aprender a apoiar o esporte de base. Não adianta investir apenas no atleta de alto rendimento. Hoje, só o talento não resolve. É preciso aplicar em tecnologia e ter condições de treino. Sem dinheiro não existe renovação", alerta Rique, preocupado com os que virão depois de Torben e Scheidt. 
 
A ideologia de Rique é compartilhada pelo bicampeão pan-americano e mundial da classe Lightning, Mário Buckup, tático do barco de Ubatuba, Maria Preta, também eufórico com a conquista de Jorginho na Estônia. "Ele foi demais! Com o técnico espanhol Rafa Trujillo, acredito que tenha encontrado o ponto certo entre a envergadura do mastro e a curvatura da vela. Essa combinação é fundamental na classe Finn. Creio também que o Bruno Prada esteja dando uma bela força".
 
Buckup, há mais de 40 anos um dos velejadores mais queridos do YCI, devido à simpatia e à competência que lhe são peculiares, não tem dúvida de que o histórico título de Jorginho também passa por Ilhabela. "Veja os exemplos do Torben e do Scheidt. É essencial apender a velejar no mar para se tornar completo. A condição é especial porque o barco flutua mais na água salgada e com isso se torna mais rápido. Esse é o cenário que geralmente encontramos quando saímos para competir lá fora". 
 
Ninguém melhor do que André Fonseca, líder da classe C30 na Copa Suzuki com o Loyal para dizer o que é velejar em águas oceânicas. O catarinense Bochecha deu a volta ao mundo com o barco Brasil 1 na Volvo Ocean Race 2005/06 e quer partir para sua quarta olímpiada depois dos Jogos de Sydney, Atenas e Pequim. 
 
"É sempre bom velejar em mais de um tipo de barco. Esse aumento de experiência contribui para a evolução tática do velejador que pode ser aplicada em qualquer classe. Isso a gente aprende muito aqui em Ilhabela", resume Bochecha que está em campanha para o Rio 2016 na classe 49er, ao lado de Mário Tinoco. A dupla costuma treinar em Florianópolis.
 
Festa e palestra no sábado - A terceira etapa da Copa Suzuki JImny termina no próximo final de semana (7 e 8) no Yacht Club de Ilhabela, para as classes, ORC, C30, HPE e RGS. No sábado (7), após as regatas, haverá palestra com o velejador olímpico André Fonseca, o "Bochecha" sobre os temas "Volvo Ocean Race e regulagem de velas", com o apoio da Olimpic Sails, no próprio YCI. A programação segue à noite com a festa de confraternização dos velejadores e familiares na pousada Armação dos Ventos. 

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