Rival de Bolt é o homem mais odiado do atletismo no mundo
Rio de Janeiro - O homem mais rápido do mundo no ano não é Usain Bolt. Na verdade, as cinco melhores marcas nos 100m rasos em 2015 não pertencem ao jamaicano, consagrado recentemente tricampeão mundial em Pequim. Quem está no topo do ranking atualmente tem 33 anos e atende por Justin Gatlin.
Na semifinal dos 100m no mundial o americano cravou 9s77, uma das melhores marcas do ano (a melhor, 9s74, feita em maio, é de Gatlin), que teria sido o suficiente para que ele tirasse o ouro de Bolt na final, quando acabou fazendo 9s80 e perdeu o título por um centésimo.
Mas, se Bolt é considerado uma estrela por onde passa, amado e idolatrado pelas pessoas, a situação de Gatlin é praticamente oposta. Desde que voltou após quatro anos de suspensão por doping (a segunda em sua carreira), mesmo melhorando seus tempos consistentemente a cada prova, o medalhista de ouro nos Jogos de Atenas 2004 não inspira respeito.
Muitos consideram Gatlin a pessoa mais odiada hoje no atletismo. Para se ter ideia, toda vez que sua imagem aparecia no telão do Ninho de Pássaro, em Pequim, era solenemente vaiado pelo torcedor chinês.
As justificativas estão em seu passado e relacionadas ao uso do doping. Sua primeira suspensão, em 2001, foi por causa de estimulantes para tratar deficit de atenção. O segundo, em 2006, testou positivo para testosterona e Gatlin culpou um massagista, dizendo que o profissional teria intencionadamente utilizado a substância nele.
Como costuma mandar a jurisprudência dos tribunais esportivos, quem é pego duas vezes no doping acaba sendo banido do esporte. Mas, como ele havia tido a pena atenuada na primeira condenação, acabou pegando oito anos na reincidência - que terminaram reduzidos a quatro anos, após nova apelação.
Por isso o mundo do atletismo torce o nariz para sua volta. Robert Harting, campeão olímpico no lançamento de disco, pediu que seu nome fosse retirado da lista de melhores da IAAF (Confederação Internacional de Atletismo) ao ver que aparecia ao lado de Gatlin. Achou aquilo um insulto.
Sebastian Coe, presidente da IAAF, também admitiu certo desconforto. "Depois de tudo o que eu já disse, não posso negar que fico incomodado ao pensar que alguém suspenso por uma ofensa séria possa continuar competindo e ganhando títulos mundiais", afirmou, completando que "não existe nenhuma regra que o proíba de competir".
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