Daniel Orzechowski, sobre uma final olímpica: "É possível"
Daniel Orzechowski: "A final olímpica é um objetivo bem possível"
São Paulo - Daniel Orzechowski é estreante em Jogos Olímpicos, mas já tem bastante experiência nas piscinas. O catarinense de 27 anos representou o Brasil no Campeonato Mundial em Roma, no Campeonato Brasileiro e nos dois troféus mais expressivos do Brasil, o Maria Lenk e o José Finkel. Nos nacionais Daniel guarda, inclusive, medalhas.
Em Londres, ele estará competindo nos 100m costas, uma de suas especialidades juntamente com os 50m. Nos 50m, aliás, Daniel só não se classificou porque a prova não é olímpica. "O tempo que eu fiz no Rio de Janeiro foi bem expressivo, foi o melhor no ranking mundial nesse ano nos 50m costas", explica o nadador.
Além da briga com os americanos e europeus nos 100m costas em Londres, Daniel terá pela frente outra disputa, saudável, com um brasileiro. Ele e Thiago Pereira têm chances de integrar a equipe do Brasil no revezamento 4x100 medley no nado costas. Por enquanto, Thiago Pereira está dentro. Mas Daniel espera nadar abaixo do tempo de Thiago, de 53s87, em Londres. "Eu quero muito participar desse revezamento, é uma prova bastante competitiva e o Brasil tem chances de se sair muito bem", avisa Daniel.
A 35 dias dos Jogos Olímpicos, o atleta do Esporte Clube Pinheiros bateu um papo com o Esporte Alternativo e, dentre outras coisas, falou sobre o seu começo na natação, a classificação olímpica e as chances em Londres.
Confira a entrevista completa:
EA - Quando você começou na natação?
Eu comecei com quatro anos na escolinha, mas por decisão dos meus pais. Já com os dez anos de idade, comecei com treinamentos maiores e com o intuito de competir. Aos 15 anos eu participava de campeonatos mais regionais, no meu estado natal, em Santa Catarina.
EA - Qual foi o seu principal resultado no começo da carreira?
Comecei a dar resultado um pouco tarde, porque era muito pequeno para minha idade, até os 18 ou 19 anos. Mas a competição que me incentivou a levar a sério a natação, a continuar competindo foi o Campeonato Brasileiro, em 2006. Eu ganhei os 50m costas e foi uma surpresa bem grande, nem estava esperando.
EA - Você sempre focou no nado costas?
Sempre nadei costas, desde que eu era mais novo foi o estilo que eu mais me identifiquei.
EA - Além do Brasileiro em 2006, o que você considera marcante de lá pra cá?
Eu participei de alguns campeonatos sul-americanos, de duas Universíades, fui para o Campeonato Mundial de Roma, que considero o mais importante na minha carreira, onde consegui um 14° lugar nos 50m costas. Também ganhei medalhas no Troféu José Finkel e no Maria Lenk.
EA - Você sempre morou e treinou em Joinville, sua cidade natal em Santa Catarina. Como foi vir para São Paulo?
Eu demorei bastante para decidir vir pra São Paulo. Sempre morei com meus pais, gosto bastante de Joinville, gostava da minha faculdade de Engenharia e sou um pouco teimoso também (risos). Mas chegou uma hora em que eu vi que para conquistar um objetivo tão grande, que era a vaga olímpica, eu tinha que me dedicar 100% à natação. Foi aí que vim para São Paulo, treinar no Esporte Clube Pinheiros com o meu técnico, o André Ferreira. Acho que foi a melhor decisão que eu tomei na minha carreira.
EA - Os 50m costas não é uma prova olímpica, mas o seu tempo no Maria Lenk te credenciaria para um disputa a nível mundial?
Sim! O tempo que eu fiz no Rio de Janeiro foi bem expressivo, foi o melhor no ranking mundial nesse ano. O segundo colocado, inclusive, está razoavelmente atrás. No próximo Campeonato Mundial eu pretendo nadar os 50 e os 100m costas.
EA - O índice que te classificou para as Olimpíadas (54s20) nos 100m costas foi o melhor da sua carreira. Você já havia chegado perto nos treinos?
Eu já tinha o meu objetivo da classificação olímpica, participei de todas as seletivas e tinha uma meta em cada uma. No ano passado eu tinha chegado perto desse tempo. Eu voltei a treinar depois das festas de fim de ano e planejamos muito bem para o Troféu Maria Lenk. Guardamos tudo para ele, que era a última seletiva. Eu precisava abaixar bastante meu tempo, mas era possível e deu certo!
EA - Quanto você precisa baixar para chegar bem aos Jogos Olímpicos?
Estamos nos baseando no Mundial desse ano, porque na hora da disputa olímpica mesmo não tem como prever o tempo de todos. Mas acredito que um tempo de 53s50 ou mais abaixo eu entro na final. Então preciso baixar uns 60, 80 centésimos.
EA - Acha que é possível?
Acho que sim. Identificamos os erros na prova do Maria Lenk e já estamos trabalhando em cima deles. Então é um objetivo bem possível.
EA - E o revezamento 4x100 medley, ainda é possível uma vaga?
Para o revezamento eu tenho que fazer o tempo do Thiago Pereira na seletiva do Maria Lenk, nos 100m costas. Ele fez 53s87, uns 30 e poucos centésimos abaixo do meu tempo. Como ele não vai nadar essa prova nas Olimpíadas, eu tenho a chance de baixar o meu tempo lá em Londres para tentar a vaga. Eu quero muito participar desse revezamento, é uma prova bastante competitiva e o Brasil tem chances de se sair muito bem.
EA - Sabemos que a delegação da natação é uma forte candidata a medalhas, mas você arriscaria algum palpite entre os seus companheiros?
É difícil falar em nomes porque conheço todos eles e sei que estão muito fortes para os Jogos, estão indo para um bom resultado. Mas sei que o Bruno Fratus e o Felipe França, que treinam aqui no Clube, vêm muito bem e têm a chance de uma medalha inédita, além do César Cielo.
EA - E em outras modalidades?
Acredito que o Brasil é bem forte na Vela, no Vôlei e está bem esperançoso de medalhas pro Judô também.
EA - Como está seu calendário até Londres?
Agora vamos focar só nos treinos, aqui em São Paulo. Viajo para Londres no dia 15 de julho para aclimatação e fico lá até a minha prova, no dia 28.