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Tiago Camilo: "A Olimpíada é o objetivo de todo atleta"

Daniel Orzechowski disputa sua primeira Olimpíada / Foto: Satiro Sodré

Tiago Camilo: "A Olimpíada é o objetivo de todo atleta"

São Paulo - Tricampeão panamericano, campeão mundial e duas vezes medalhista olímpico, Tiago Camilo já entrou para a história do judô brasileiro. E pode ser também o primeiro judoca a conquistar uma medalha olímpica em três categorias de peso diferentes. O paulista de Tupã competirá em Londres na categoria peso médio (até 90kg), após conquistar uma medalha de prata em Sydney, no peso leve (até 73 kg) e uma de bronze em Pequim, no meio-médio (até 81 kg).

O atleta do Esporte Clube Pinheiros dedica diariamente pelo menos seis hora ao judô e está preparado para aquela que ele considera a mais importante competição esportiva. "A Olimpíada é o objetivo de todo atleta", explica o judoca.

Tiago conversou com o Esporte Alternativo e se mostrou bastante confiante em conquistar mais uma medalha olímpica para o Brasil. Além disso, afirmou que seremos surpreendidos em Londres. "A surpresa do judô nessa Olimpíada será a equipe feminina, a maioria das atletas está entre as quatro ou cinco melhores e têm tudo para surpreender lá!", cravou Tiago.

 

Confira a entrevista completa:

EA - Como você começou no judô?

Eu sou do interior de São Paulo, de Tupã, e eu comecei com incentivo do meu pai. Na época tinham poucas opções esportivas na cidade. O judô era uma delas, muito conhecido mundialmente pela filosofia do esporte. Aí meu pai nos levou – eu e meu irmão – pra conhecer, eu gostei e comecei a praticar. Foi em 1987, eu tinha cinco anos.

 

EA - Quando você começou a se destacar na modalidade?

Com sete anos, meu professor disse pro meu pai que eu tinha talento e poderia ser um atleta internacional. Aí meu pai começou a me colocar nas competições nacionais, regionais e municipais. Fui ganhando destaque e com 14 anos, quando já tinha conquistado praticamente todos os títulos da categoria, decidi que o que eu realmente queria era lutar em uma Olimpíada. Eu assistia na época aos Jogos de Atlanta, em 1996, via o Aurélio Miguel ser medalhista de bronze e isso me estimulou a vir pra São Paulo, melhorar meu rendimento pra alcançar esse objetivo.

 

EA - A categoria de peso que você disputa hoje é diferente das que te renderam medalhas nas outras Olimpíadas. O que isso muda?

É, eu passei do leve em Sydney para o meio-médio em Pequim, ambas com medalhas, e agora estou em busca da minha terceira medalha em uma terceira categoria, o peso médio. Além de trazer experiência, isso faz com que eu tenha bastante recurso, porque por cada categoria que eu passei eu tive que me adaptar e treinar as características de cada uma. E hoje carrego um pouco de cada. É um benefício para mim.

 

EA - Como está o ritmo de treinamentos hoje?

Está bastante intenso, até porque falta pouco tempo até as Olimpíadas. Na verdade sempre treinei forte, desde que vim pra São Paulo. Em alguns momentos se intensifica mais por conta de alguma competição importante, com quatro a cinco horas diárias de treinamento, fora a fisioterapia. É realmente puxado, mas não tem outra forma de obter sucesso em uma competição como as Olimpíadas.

 

EA - Você considera o mundial do Rio em 2007 o seu melhor resultado ou as medalhas olímpicas foram mais marcantes?

Acho que as duas medalhas olímpicas, tanto a de prata quanto a de bronze, são maiores do que o título mundial por conta da representatividade. É lógico que ser campeão do mundo é uma coisa muito legal, já ficou para a história do esporte. Mas a medalha olímpica, o fato dela poder ser conquistada a cada quatro anos sugere uma expectativa maior e tem mais representatividade mesmo. Então eu sempre coloco como meus principais resultados as medalhas olímpicas, porque sem dúvidas a magia da Olimpíada é maior que a do Mundial. Ela é o objetivo de todo atleta.

 

EA - Falando em Olimpíadas, como está sua expectativa para Londres?

Estou bem feliz de poder estar disputando minha terceira Olimpíada, com a chance de ser o primeiro atleta no masculino a ter três medalhas em três categorias diferentes, então isso é uma motivação maior para mim. Estou bem confiante, nesses últimos quatro anos eu sempre me mantive entre os oito melhores do ranking olímpico e isso me dá bastante segurança. Sei que posso fazer uma boa Olimpíada e tenho boas chances de sair de lá com mais uma medalha olímpica. Todo o meu treino é a construção do que eu vou buscar lá em Londres.

 

EA - E você já conhece os seus adversários em Londres?

Já, já conheço todos. Estamos constantemente juntos, treinando, competindo... Então todo mundo se conhece e se estuda, além de disputar os mesmos campeonatos. O mais importante agora é treinar alguma técnica ou recurso para poder surpreender os atletas no dia da competição.

 

EA - E quais são seus oponentes nas Olimpíadas?

Ah, tem o grego, número um do mundo, que foi campeão Olímpico em Atenas e é bicampeão mundial [Ilias Iliadis]. Mas têm outros, da Rússia, Coréia, Japão... É difícil falar individualmente porque o judô hoje está muito globalizado. Até por isso vou encarar cada adversário como o principal e cada luta como uma final.

 

EA - O Brasil também está bem representado no judô, com atletas em todas as categorias. Isso mostra um crescimento do esporte aqui?

O judô desde 1984, nos Jogos de Los Angeles, é a única modalidade que trouxe medalhas em todas as edições das Olimpíadas. E nos últimos anos deu um salto de qualidade, em termos de conquista, principalmente na equipe feminina, que foi renovada. No masculino algumas categorias também foram renovadas como o peso pesado e o peso leve, mas temos atletas mais experientes, como eu e o Leandro Guilheiro. A surpresa do judô nessa Olimpíada será a equipe feminina, a maioria das atletas está entre as quatro ou cinco melhores e têm tudo para surpreender lá.

 

EA - Em quais outras modalidades você acredita que o Brasil tem chances de bons resultados nas Olimpíadas?

Tem a ginástica que vem tendo bons resultados com o Arthur Zanetti, a natação com o Cielo, vôlei de praia, hipismo, iatismo, futebol, basquete. Acho que o Brasil tem chances na maioria das modalidades, estaremos bem representados. Mas depende de muita coisa: a chave, como cada um vai reagir com as Olimpíadas, os adversários.

 

EA - E você já pensa em 2016, Tiago?

A minha ideia é competir até 2016, fazer a minha despedida nos Jogos do Rio. Mas agora eu quero pensar em Londres, pensar no que eu tenho que fazer e no que quero fazer. Quando eu voltar organizo minha vida para o último ciclo olímpico da minha carreira.

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