Como reconhecer sintomas do seu corpo numa situação de emergência?

15ª edição da maior corrida do Brasil acontece no dia 18 de junho na Cidade Maravilhosa / Foto: Claudio Torós

Rio de Janeiro - Como especialista em medicina esportiva e diretor médico da Maratona do Rio desde 1987, o Dr. Paulo Lourega é mais do que experiente em tratar os mais variados casos de mal-estar durante as provas.
 
E a maioria deles poderia ser evitada pelo próprio atleta, ao reconhecer os sinais que o nosso corpo dá quando algo não está bem. É hora de aprender a reconhecê-los! Leia as dicas do Dr. Lourega e cruze as próximas linhas de chegada sem sofrimento!
 
A corrida é uma excelente atividade física. No entanto, na vontade de se alcançar o objetivo traçado, às vezes não se presta atenção ao corpo, o que é muito importante.
 
Há sintomas mais críticos como: dor na região torácica, dor de cabeça relacionada com o exercício, tonteiras, desmaios, falta de ar e palpitação (sensação de ritmo cardíaco acelerado demais ou batimentos fora do ritmo); e há sintomas menos críticos, como: infecções de repetição, alergias cutâneas e respiratórias, cansaço constante, dores articulares, ósseas e/ou musculares crônicas.
 
Caso esses sintomas sejam detectados antes da corrida, na fase de treinamento é fundamental fazer uma avaliação médica, se possível com um especialista em Medicina Desportiva. Se sentir sintomas durante a corrida, não deixe de procurar uma das diversas ambulâncias disponibilizadas durante o percurso.
 
No entanto, é preciso atenção. Durante a corrida, é mais difícil ter a percepção dos sintomas. Confira esses relatos de corredores que foram atendidos por nossa equipe de saúde:
 
Caso 1 
 
a) “No dia da prova, verifiquei que ainda havia uma irregularidade importante da minha frequência cardíaca, mas a vontade de correr era maior que a verdade, pois sabia que algo estava errado. Após a largada, no km 2, comecei a sentir cansaço, o que era absolutamente impossível para uma pessoa com o meu nível de treinamento. O mesmo cansaço foi aumentando a cada km, mesmo diminuindo o meu ritmo. No km 6, tive a lucidez de, ao avistar uma ambulância, parar para ser avaliado. Foi diagnosticada fibrilação atrial e foi realizada uma cardioversão”
Quatro dias depois, este paciente estava bem e levando uma vida normal, embora assustado. Sua iniciativa de parar e procurar o apoio da ambulância fez toda a diferença.
 
Caso 2
 
O corredor do próximo relato mora e treina em Petrópolis. Ele teve um colapso pelo calor no percurso. Perdeu a consciência sem nenhuma percepção prévia de que isso iria acontecer:
 
b) “Percebo que negligenciei pelo menos quatro dos “Dez Mandamentos do Maratonista” no dia da corrida:
Terceiro Mandamento – Nutrição pobre
Quarto Mandamento – Hidratação horrível
Nono Mandamento – Corri num ritmo superior ao treinamento
Décimo Mandamento – Acho que estou meio surdo, visto que não escutei nada no meu corpo!
 
Bem, aprendi muito com essa corrida e espero não dar mais trabalho para equipes médicas. Passei a controlar temperatura após o treino. Normalmente, termino um treino puxado com 37,2 graus Celsius. “Passei a hidratar-me bem antes, durante (não tinha costume) e depois (que já fazia normalmente)”.
A percepção da frequência cardíaca alterada e a busca de socorro na ambulância foram fundamentais para que o primeiro corredor evoluísse bem e sem sequelas. Já os corredores que sofreram colapso pelo calor perderam a consciência sem perceber. Prevenção é a palavra-chave para se evitar esses problemas.
 
Como prevenir os distúrbios pelo calor nos exercícios?
 
• Ingestão adequada de líquidos antes, durante e após a prova;
• Alimentação adequada antes e após a prova;
• Treinamento (atletas destreinados têm menor tolerância ao calor);
• Aclimatação;
• Roupas adequadas;
• Orientação profissional aos atletas.
 
Também é importante atender aos “Dez Mandamentos dos Maratonistas” criados pela International Marathon Medical Directors Association, assim como respeitar o Código de Bandeiras que reflete o índice de estresse térmico. Lembre-se das palavras sábias do primeiro corredor citado:
 
“Nós, atletas não profissionais, devemos diminuir o nível de estresse e ansiedade e evitar o uso de qualquer substância sobre a qual não se tenha total certeza de seus efeitos benéficos. E, principalmente, que aqueles com espírito mais competitivo revejam os valores e realizem todas as corridas respeitando os seus limites e os seus corpos, diminuindo o nível de exigência mesmo buscando melhores performances, e vivendo essas corridas como uma situação prazerosa e agradável, não como um momento de ansiedade e angústia.”
 
 

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