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Modelo errado de aula de educação física escolar pode levar crianças ao sedentarismo

Além de causar desinteresse, aulas com modelo excludente incentivam o crescimento do bullying escolar, alerta especialista / Foto: Divulgação

São Paulo - Enquanto a reforma do ensino médio é aprovada no Senado e fica apenas no aguardo da sanção presidencial, uma disciplina que até pouco tempo atrás esteve ameaçada de não mais integrar a grade curricular obrigatória também precisa ser urgentemente reformulada: a educação física.
 
Na visão do coach e educador físico Cristiano Parente, “o momento é ideal para repensar a disciplina e até mesmo ampliar o espaço dedicado a ela na grade de ensino, aproveitando o aumento da carga horária escolar determinado na proposta da reforma aprovada pelos senadores”.
 
Para o especialista, grande parte das escolas públicas e privadas do país não tratam a disciplina com a atenção necessária. “Os professores ainda acreditam que a educação física é eminentemente prática e ocorre basicamente fora da sala de aula. No entanto, o esporte em si não se aprende na aula de educação física escolar. O máximo que se consegue é gerar uma experiência com algumas habilidades. Assim, o modelo proposto e experimentado pelas crianças é competitivo e excludente, de forma que se prioriza a minoria dos alunos habilidosos em detrimento aos demais, com jogos competitivos e não cooperativos, o que gera uma experiência negativa, afastando definitivamente a atividade física da vida desse jovem”, explica.
 
Além de causar desinteresse pela prática da atividade física, empurrando crianças e jovens ao sedentarismo, Cristiano Parente alerta que o modelo atual da disciplina também é um dos responsáveis pelo crescimento do bullying escolar, o que ajuda a traumatizar o jovem e afastá-lo de vez das atividades físicas. “Os menos habilidosos, não ganham medalhas, não são chamados para o time da escola, são criticados e ofendidos pelos amiguinhos e são os últimos a serem escolhidos e os que menos participam do jogo, e logo, estão na contramão do que a ciência preconiza sobre aprendizagem motora e também sobre educação”, diz.
 
De fato, um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado no ano passado revelou que o número de casos de bullying escolar está crescendo no Brasil. A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar mostrou que, em 2015, 46,6% dos 13 milhões de jovens entrevistados entre 13 e 17 anos de escolas públicas e particulares de todas as regiões do país disseram já ter sofrido algum tipo de bullying. Em 2012, a porcentagem era de 35,3%. A aparência física está entre os principais motivos para a prática do bullying.
 
“É preciso pensar a educação física de modo educacional, como acontece com as demais disciplinas. Ela deve fazer o estudante entender a importância e as diferentes formas de se movimentar, compreender como o corpo e o organismo funcionam e como pode ficar mais debilitado e suscetível a doenças sem a prática regular de uma atividade física”, explica o especialista, que conclui: “já que a proposta da reforma não citou a necessidade dessa alteração, a mudança de cultura faz parte de um grande desafio para os profissionais de educação física do país. Para cumpri-lo, basta planejar e usar o enorme universo de conceitos e ideias da área para explicar, dar base e conhecimento para o aluno praticar, entendendo o corpo e o exercício, de modo que se sinta permanentemente estimulado a levar uma vida ativa”.
 

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