Klaus Jungbluth estreou em provas oficiais no Brasileiro de Rollerski

Fisiologista do Comitê Olímpico Equatoriano esteve no Rio 2016 e quer chegar a PyeongChang 2018 como atleta de Cross Country / Foto: Divulgação

São Paulo - O sonho olímpico de uns começa no Circuito Brasileiro de Rollerski. Na corrida por pontos para a classificação aos Jogos Olímpicos de Inverno PyeongChang 2018, a 3ª etapa da competição que acontece em São Carlos-SP, no Parque Ecoesportivo Dahma, pela primeira vez atraiu atletas de países como Argentina, Chile, Venezuela e Equador, além dos próprios brasileiros.
Entre eles, está Klaus Jungbluth, equatoriano estreante em provas internacionais que encontrou no Cross Country uma alternativa para atingir seu sonho.
 
Apesar dos 37 anos, Klaus aparenta pelo menos 10 a menos. De estatura média, fala mansa e serenidade notável, ele nasceu em Guaiaquil (Equador) e, desde pequeno, construiu uma relação íntima com o esporte. Com apenas nove anos já disputava competições nacionais de tênis em seu país. Entre os 15 e 19, migrou para o futebol e teve a experiência de disputar a 2ª divisão equatoriana pelo modesto Rocafuerte F.C.  Dois anos depois, em nível regional, se tornou atleta de levantamento olímpico.
 
Planos e mais planos para atingir um sonho pessoal: chegar aos Jogos Olímpicos. E foi bem longe dali, do Equador, que ele passou a tomar forma. Aos 27 anos, rumou para a República Checa, onde ingressou no curso de fisioterapia da Universidade Carolina de Praga. Profissionalmente, a vida de Klaus fluia e, curiosamente, foi na mesma sala de aula da universidade que viu a pessoal se alinhar ao conhecer sua atual esposa, a italiana Erika Ermacora. A esta altura, ele já era pai de Kiesrten e Melina. Hoje, elas têm 14 e 12 anos, respectivamente.
 
Formado em fisioterapia, Klaus deu sequência aos estudos com um mestrado em fisiologia no Instituto Norueguês de Tecnologia (NTNU), em Trondheim. Por um momento, a vida profissional parecia acuar a pessoal, mas mesmo com o retorno de Erika a Údine (Itália), eles mantiveram o relacionamento a distância. Enquanto isso, em solo norueguês, uma das nações mais fortes do mundo no Cross Country, Klaus conheceu a modalidade e logo a incluiu à sua galeria particular. “É incrível a condição física e de saúde que o Cross Country proporciona aos atletas. Foi a retomada de um esporte ao qual realmente tive o interesse em me dedicar”, relembra Klaus.
 
Em um curto espaço de tempo, Erika passou a morar na Noruega e em seguida foi a vez do equatoriano ir a Itália. Lá, tiveram duas filhas, Kikkan, 2 anos, e Elisa, de apenas 8 meses. Com melhores condições profissionais e acadêmicas, Klaus retornou ao seu país com sua família em 2012. Alimentando o engajamento ao cross country, manteve os treinos e comprou seu primeiro rolleski, visto que o Equador não é um país em que neva.
 
“Comecei a treinar e gostei bastante de cultivar meu interesse pelo Cross Country com o rollerski. Durante muito tempo, fui meu próprio treinador e melhorei minha condição”, conta Klaus. Pouco tempo depois, em 2013, ele participou pela primeira vez de uma competição não-oficial na Suécia, em Ärefjällsloppet.
 
Foi uma questão de tempo até que ele retomasse seu “sonho olímpico”. Ainda no fim de 2014, por ser um dos raros fisiologistas de Guaiaquil, foi convidado a trabalhar no Comitê Olímpico Equatoriano, onde está até hoje, dividindo suas atenções com seu próprio centro de fisioterapia. No comitê, colocou em prática a primeira parte de seu sonho e integrou a delegação equatoriana nos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 e nos Jogos Olímpicos Rio 2016. “Vivi coisas que sempre sonhei por ter uma vida tão ligada aos esportes. Foi muito bonito e especial estar na Vila Olímpica dos atletas no Rio e, em especial, ver a queda e pronta recuperação de Mo Farah nos 10 mil metros do atletismo até a medalha de ouro”, recordou.
 
Com a primeira parte de seu sonho realizada como profissional e integrante da comissão ténica equatoriana, Klaus agora vai em busca da concretização da “segunda parte”, como atleta de Cross Country. “Com a ajuda do Comitê Olímpico Equatoriano, participei da criação da Asociación Nacional de Ski, entidade para os esportes de neve do Equador, e assim consegui meu código FIS. É um desafio enorme se classificar aos Jogos de Inverno, ainda mais pelo Equador não ser um país de neve, diria que seria impensável”, pontuou.
 
Com o objetivo de dar o primeiro passo como atleta de Cross Country e construir a segunda parte de seu sonho em mente, Klaus, enfim, conheceu via Facebook o projeto social Ski na Rua do atleta olímpico Leandro Ribela. A partir disso, descobriu a possibilidade de estrear em provas oficiais com a 3ª etapa do Circuito Brasileiro de Rollerski.
 
Pode ser obra do acaso, do intenso contato com esportes ou qualquer outra coisa. O fato é que após rodar por Equador, República Checa, Noruega e Itália, o sonho olímpico de Klaus Jungbluth, um atleta nativo de um país sem neve, começa justamente aqui. No Brasil, no asfalto, em outro país sem neve, sobre rollesrki, onde tantos outros como ele sonham o mesmo. Afinal, não custa sonhar – e trabalhar para isso –, PyeongChang 2018 se aproxima.

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