A experiência de três voltas ao mundo na Copa Suzuki Jimny

Competindo na Copa Suzuki Jimny / Foto: Aline Bassi/Balaio

São Paulo - Regata Volta ao Mundo, Cape to Rio, Buenos Aires-Rio e outras grandes travessias oceânicas são experiências únicas para os velejadores dispostos a içar as velas e desafiar os ventos e as correntezas do planeta água. 
 
Aventuras e competições que não chegam a ser uma raridade no currículo de alguns dos tripulantes da Copa Suzuki Jimny, mas é certo que poucos possuem a vasta milhagem náutica adquirida pelo trimmer do veleiro Jazz, líder da classe RGS A, Marcos Hurodovich, o Marcão. 
 
A mais recente aventura, embora muito bem planejada, foi o inédito Desafio Santos-Rio de HPE. O velejador fez parte da equipe de oito tripulantes que, dividida em dois barcos HPE 25, venceu os 400 km entre os Iates Clubes de Santos e Rio de Janeiro em 38h05min, enfrentando as dificuldades impostas por um barco de oito metros e sem cabine. A HPE é uma das classes, junto com ORC, C30 e RGS, em disputa na Copa Suzuki Jimny, que terá a quarta e última etapa da temporada nos dias 30/11 e 1º/12, 7 e 8/12, com sede no Yacht Club de Ilhabela. 
 
Com mais de 100 mil quilômetros navegados, distância suficiente para se contornar a Terra três vezes, o construtor naval viveu sua primeira velejada transoceânica no ano 2000. Marcos fez o trajeto Portugal-Brasil, comemorativo aos 500 anos do Descobrimento, com o veleiro Paratii, ao lado de Amyr Klink, desde o rio Tejo em Lisboa, até Cabrália na Bahia. A travessia, reconstituindo a rota da Armada de Pedro Álvares Cabral, marcou também a viagem inaugural do veleiro-escola Cisne Branco, pela Marinha do Brasil. 
 
Momento inesquecível - "Quando já estávamos em águas brasileiras, na faixa das 200 milhas, no rumo de Salvador, vivi um momento inesquecível. O mais emocionante a bordo em toda a minha carreira. Logo depois de um por do sol espetacular, recebemos pelo rádio um chamado do Cisne Branco, que se encontrava no nosso visual. Estava escurecendo e o imponente veleiro ficou completamente iluminado, como se fosse um palco flutuante", conta Marcos, revivendo a cena. 
 
"O Paratii também acendeu as luzes e os dois barcos foram se aproximando lateralmente. Começamos a ouvir o hino da Marinha, Cisne Branco, que por sinal dá nome ao veleiro, e que naquele momento, a caminho de casa, acentuava ainda mais nosso sentimento nativista. Quando já estávamos bem próximos, observamos que a tripulação uniformizada de branco estava perfilada no convés, como se nos reverenciasse. Todos cantavam o hino acompanhando os acordes que partiam do sistema de som do veleiro de 72 metros e se dissipavam sobre as calmas águas do Atlântico Sul". 
 
"Na hora em que o hino terminou, estávamos em êxtase. O Amyr chorava e eu também. O silêncio era indescritível. Os veleiros se afastando... e a única percepção que tínhamos vinha do barulho do mar contra os cascos das duas embarcações que se deslocavam serenamente em direção à costa da Bahia", recorda o velejador de 46 anos, sem conter a emoção resgatada. 
 
Marcos também estava ao lado de Amyr Klink em um dos projetos mais audaciosos do navegador que ganhou projeção nacional após duas viagens solitárias entre continentes, em barco a remo e à vela. Em 2002, já com o Paratii 2, Marcos foi o capitão do veleiro de alumínio com 90 pés (29 metros) de comprimento, comandado por Amyr Klink na viagem à Antártida. A tripulação partiu do Guarujá com destino ao continente gelado, desembarcou também na Geórgia do Sul e retornou ao Rio de Janeiro. 
 
Com o mesmo barco, Marcos e Amyr fizeram o trajeto Guarujá-Palma de Mallorca- Guarujá, um teste antes da partida para a Antártida. Em 2005, Marcos mudou o rumo de suas navegações para o continente africano, realizando a travessia Guarujá-Cape Town-Guarujá, com o Nanuk, de 42 pés. Dois anos depois, a bordo do Gattina, de 92 pés, partiu de Cartagena e aportou em Angra dos Reis, seguindo no ano posterior, de Angra para Porto Rico. Participou também da Expedição Rota Austral no trecho Rio-Ilhabela em um Hobie Cat 21. 
 
A experiência do velejador profissional, que hoje mora no Guarujá, também é ampla nas grandes regatas. São 18 edições da Semana de Vela de Ilhabela passando pelos barcos: Mantra, Sussurro do Lobo, ESPN Brasil, Mitsubishi Motors e Sony Handycam até chegar ao atual, Jazz. Em 2000 disputou a tradicional Key West em Fort Lauderdale com o Phoenix de Eduardo Souza Ramos. Correu também a maior regata de oceano do País, Eldorado-Brasilis, no trajeto Vitória-Ilha da Trindade-Vitória, com o Plâncton, em 2004. 
 
O próximo desafio de Marcos Hurodovich é ajudar a tripulação do Jazz a defender a liderança da Classe RGS A na Copa Suzuki Jimny. As regatas da quarta e última etapa da temporada. "Ilhabela é um dos melhores lugares do mundo para se velejar. O ambiente faz a diferença. A gente compete ao mesmo tempo em nível profissional e entre amigos. Depois das regatas, o clima de disputa e de confraternização se estende ao Yacht Club de Ilhabela". 
 
Inscrições - O Yacht Club de Ilhabela deverá receber novamente mais de 40 tripulações. As inscrições serão feitas nos dias 29 (18h às 21h) e 30 de novembro (8h às 11h) na secretaria do evento no YCI, ao valor de R$ 80,00 por tripulante. Os velejadores mirins estão isentos de taxa.
 
Pontuação acumulada após três etapas (considerando-se os descartes) 
 
ORC 
1º - Tangaroa (James Bellini) - 11 pontos perdidos 
2º - Lexus/Chroma (Luiz de Crescenzo) - 17 pp 
3º - Orson/Mapfre (Carlos Eduardo S. Silva) - 27 pp 
 
C30 
1º - Loyal (Marcelo Massa) - 14 pp 
2º - Barracuda (Humberto Diniz) - 27 pp 
3º - Caballo Loco (Mauro Dottori) - 39 pp
 
HPE 
1º - Relaxa/Next Caixa (Tomas Mangabeira) - 33 pp 
2º - Ginga (Breno Chvaicer) - 41 pp 
3º - SER Glass (Marcelo Bellotti) - 50 pp
 
RGS A 
1º - Jazz (Valéria Ravani) - 14 pp 
2º - Urca/BL3 (Pedro Rodrigues) - 31pp 
3º - Maria Preta (Alberto Barreti) - 34 pp 
 
RGS B 
1º - Asbar II (Sergio Klepacz) - 12,5 pp 
2º - Suduca (Marcelo Claro) - 18 pp 
3º - Kanibal (Martin Bonato) - 22,5 pp 
 
RGS C
1º - Rainha (Leonardo Pacheco) - 11 pp
2º - Ariel (Andreas Kugler) - 20 pp
 
RGS Cruiser 
1º - Boccalupo (Claudio Melaragno) - 12 pp 
2º - Cocoon (Luiz Caggiano) - 19 pp 
3º - Brazuca (José Rubens Bueno) - 28 pp 

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