Conquista da classificação aponta novo horizonte no hóquei sobre grama

Investimentos e intercâmbios ajudaram a seleção masculina a conquistar a primeira participação brasileira em Jogos Olímpicos / Foto: Ministério do Esporte/Divulgação

Rio de Janeiro - Primeira edição das Olimpíadas na América do Sul, os Jogos Rio 2016 serão históricos também para o hóquei sobre grama do Brasil. Pela primeira vez, o país disputará a competição na modalidade. A participação se torna ainda mais marcante porque a vaga não foi dada ao país-sede, mas precisou ser conquistada. A seleção masculina alcançou o quarto lugar nos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 e garantiu a vaga. A seleção feminina não conseguiu a classificação e ficou fora dos Jogos.
 
O feito dos rapazes, no entanto, mostra a evolução da modalidade, ainda pouco praticada no Brasil. Esporte dos mais tradicionais do programa olímpico e com milhões de praticantes ao redor do mundo, o hóquei sobre grama estreou nos Jogos em 1908, em Londres. De lá para cá, apenas os Jogos de Estocolmo 1912 e de Paris 1924 não contaram com a modalidade.
 
A classificação do Brasil para o torneio masculino nos Jogos Rio 2016 é a coroação de um trabalho que vem sendo feito desde 2011, quando o técnico Claudio Rocha assumiu a equipe. “A gente mudou um pouco a forma como treinava o físico. E a gente começou a evoluir porque começamos a ter uma exposição internacional maior. Em 2012, a gente foi para o pré-olímpico no Japão e constatamos algumas coisas que a gente precisava mudar, porque lá a gente correu atrás da bola. Então a gente intensificou um trabalho físico, individualizado, e começamos a aumentar o número de amistosos internacionais”, explica o treinador.
 
Para transformar o sonho olímpico em realidade, os períodos de treinos e jogos no exterior foram ampliados. “Em 2014, a gente passou três meses na Europa treinando e em 2015 foram quatro meses viajando. Fizemos 33 amistosos, depois fomos para o Pan, conseguimos a quarta colocação, voltamos, treinamos uma semana na Argentina, e fomos campeões no Peru (Pan American Challenge)”, conta Claudio Rocha.
 
Dois convênios firmados entre a Confederação Brasileira de Hóquei sobre a Grama e Indoor (CBHG) e o Ministério do Esporte incluíram a preparação dos atletas da seleção. Em 2010, um convênio no valor de R$ 1.195.650 contemplou as seleções nacionais por meio de treinamentos, intercâmbio nacional e participações em competições no exterior. Em 2014, um convênio específico para a preparação dos atletas da seleção masculina objetivando a classificação e participação nos Jogos Olímpicos foi efetivado, no valor de R$ 4.901.295,63.
 
Depois de conquistar o primeiro lugar no evento-teste da modalidade, no fim de novembro de 2015, no Centro Olímpico de Hóquei, em Deodoro, a seleção agora inicia a reta final de preparação para os Jogos Olímpicos. “A gente treina aqui em janeiro, fevereiro, depois vamos viajar, não sabemos para onde ainda, Argentina ou Europa, e depois voltamos para treinar aqui”, diz Rocha.
 
Para ele, a estreia do Brasil em Jogos Olímpicos não impede de sonhar com algo mais. Serão 12 equipes no torneio masculino e outras 12 no feminino. Embora não vislumbre pódio, Rocha acredita que a seleção pode ficar entre as dez melhores da competição. “A gente espera participar bem. Acho que no início dessa etapa de treinamento para as Olimpíadas, a gente vai poder ter uma ideia melhor do que esperar, mas nossa ideia é ficar entre os dez”, afirma.
 
Centro Olímpico
 
Uma das vantagens da seleção é treinar na própria instalação olímpica. Entregue no fim do ano passado, o Centro Olímpico de Hóquei ainda receberá ajustes, mas já recebeu o evento-teste e conta com dois campos de nível internacional. “O campo que tinha aqui para o Pan (de 2007) já era excelente, creio que era o legado do Pan mais utilizado. Esse foi um primeiro passo para a evolução do hóquei e agora a gente vê essa estrutura de primeiro mundo, que não deve nada aos campos da Europa. Isso para a gente vai dar um ‘boom’ no hóquei, porque a gente vai conseguir, além de treinar a seleção, fazer atividades conjuntas, trabalhos de desenvolvimento. Acho que os Jogos Olímpicos vão ajudar a gente bastante, porque vai dar mais visibilidade para a modalidade”, projeta o treinador.
 
Para os jogadores da seleção brasileira, a participação nos Jogos representa mais do que uma conquista pessoal. “Vai ser muito importante poder mostrar para o público o que é o hóquei no Brasil, a maioria das pessoas não sabe”, diz o goleiro Rodrigo Faustino. “A gente fica imaginando isso aqui tudo com torcida”, vislumbra. “É o nosso sonho, a gente trabalha para isso há bastante tempo. Agora está bem perto, então temos que intensificar o treinamento para fazer um bom papel”, diz Matheus Borges.
 
Tanto Matheus quanto Rodrigo são beneficiados pelo Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte. No hóquei sobre grama, 101 atletas são contemplados. O investimento anual é de R$ 1.121.100.
 
Vagas definidas
 
Os torneios de hóquei sobre grama já têm todas as seleções definidas. São 12 equipes no masculino e 12 no feminino. Elas serão divididas em dois grupos, onde os times jogam entre si. Os dois melhores de cada chave avançam para as semifinais. Os vencedores então disputam a medalha de ouro, enquanto os perdedores jogam pelo bronze.
 
As chaves já foram definidas. No feminino, as atletas da Holanda, atuais campeãs olímpicas e mundiais, estarão no Grupo A, ao lado da Nova Zelândia, China, Alemanha, República da Coreia e Espanha. O Grupo B será composto das rivais Argentina, campeã da Liga Mundial, e Austrália. Grã-Bretanha, Estados Unidos, Japão e Índia completam a lista.
 
No masculino, a Austrália, que é atual campeã mundial e da Liga Mundial, vai enfrentar Grã-Bretanha, Bélgica, Nova Zelândia, Espanha e Brasil no Grupo A. A seleção da Alemanha, atual campeã olímpica, pega a rival Holanda (atual número 2 do ranking mundial), além de Argentina, Índia, Irlanda e Canadá no Grupo B.
 
 

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