Duda persegue índice para o Mundial Indoor e para a Rio 2016
Rio de Janeiro - Aos 29 anos, o paulista de Presidente Prudente Mauro Vinícius Hilário Lourenço da Silva, ou simplesmente “Duda”, já viveu grandes momentos como atleta do salto em distância.
Em 2012, após cravar 8,23m em Istambul, na Turquia, tornou-se campeão mundial indoor e entrou para o hall dos campeões mundiais do atletismo brasileiro. Dois anos depois, com 8,28m, voltou a brilhar em Sopot, na Polônia, e chegou ao bicampeonato mundial indoor, firmando-se como esperança de medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Entretanto, no ano passado, o joelho esquerdo, justamente o usado como apoio para os saltos, começou a incomodar. Duda foi obrigado a encarar uma cirurgia. “Eu tive um desgaste na articulação e precisei tirar um fragmento de cartilagem que soltou e que incomodava muito no joelho do salto, o esquerdo”, disse. “A cirurgia foi em julho e, depois disso, fiz a recuperação de dois meses. Em setembro, já estava voltando aos treinos. Aí, fiquei em um mês de folga (férias) e no fim de outubro eu já estava voltando a treinar. Tem sido assim desde então”, completou.
No último domingo (14.2), após oito meses entre a constatação da lesão, a cirurgia e os treinos de recuperação, Duda, atleta da BM&FBovespa e contemplado com a Bolsa Pódio do governo federal, finalmente voltou às competições no Torneio Federação Paulista de Atletismo, na Arena Caixa, em São Bernardo do Campo (SP). Com 7,83m, ele terminou a prova em segundo lugar, superado pelo representante da Orcampi/Unimed Alexsandro do Nascimento de Melo, que cravou 7,89m.
Para Duda, o resultado marcou um bom retorno, principalmente devido a um outro problema que ele enfrentou em janeiro. “Começou difícil outra vez”, resumiu o técnico de Duda, Aristides Junqueira, o “Tide”. “Ele estava em uma forma extraordinária. Aí sentiu uma dor na panturrilha em um treinamento técnico no meio do mês passado. Fizemos tratamento, tivemos que tirar a parte de saltos da preparação e só agora estamos retomando. Mas, graças a Deus, ele começou bem. Mas foi um susto enorme”, afirmou o treinador.
Índice - O principal desafio de Duda e Tide para as próximas semanas é fazer com que o saltador iguale ou supere a marca de 8,18m e, com isso, conquiste o índice para o Mundial Indoor, que será disputado em Portland, nos Estados Unidos, entre 18 e 20 de março. Se conseguir isso, Duda conquistará, por tabela, o índice exigido para os Jogos Olímpicos Rio 2016 no salto em distância masculino, que é de 8,15m.
“O indoor, na teoria e na prática, é mais difícil do que o outdoor, pois não tem o auxilio do vento”, esclareceu Duda. “Então, o índice obtido em uma competição indoor vale para uma outdoor. Um atleta que salta 8,15m no indoor, se estivesse competindo no outdoor, dependendo da velocidade do vento (até 2 metros por segundo é permitido o salto), pode alcançar até 8,30m”, prosseguiu.
O bicampeão do mundo terá duas chances para cravar 8,18m e carimbar o passaporte para o Mundial Indoor. “Vamos tentar o índice no dia 27 de fevereiro, em São Caetano do Sul (SP). Depois, temos outra prova, no dia 6 de março, em São Bernardo do Campo (SP). É possível. Se não fosse uma certa irregularidade na corrida, ele já podia ter acontecido agora, no último fim de semana”, avaliou Tide.
A opinião é a mesma de Duda, que considerou os 7,83m do domingo um bom retorno, levando-se em conta os problemas enfrentados em janeiro. “É claro que olhando friamente é uma marca razoável. Mas o que acontece é que tive muito tempo parado, sem competir, só treinando. E na reta final eu tive um começo de lesão na panturrilha”, lembrou Duda.
“Olhando para o último mês, o que fiz de treinamento para saltar 7,83m não foi o ideal. Eu devo ter feito só uns sete saltos antes de competir. Mas nos treinos já deu para ver que estou bem perto dos oito metros. Na competição, fiz alguns saltos que devem ter chegado a isso. Mas como faltavam alguns ajustes, os saltos não valeram. Foram queimados. Mas já na próxima competição eu espero saltar acima de oito. Vamos ver como vou estar no dia. Não posso me preocupar muito, senão o índice não sai”, ressaltou.
Jogos Olímpicos - Duda é um experiente no assunto Jogos Olímpicos Em 2008, ele realizou o grande sonho de sua mãe, que sempre o imaginou nas Olimpíadas de Pequim 2008. Para alegria e orgulho de dona Iza, ele defendeu o Brasil nos Jogos da China.
Ainda iniciando sua caminhada em grandes torneios, Duda terminou com uma classificação modesta, na 26ª posição. Quatro anos depois, nos Jogos de Londres 2012, o desempenho foi bem melhor. O paulista avançou à final e voltou para casa com o 7º lugar.
Agora, Duda já é capaz de imaginar como será competir no Rio, em agosto. “Imagino a vitória. Ela pode vir de diversas formas. A conquista de uma final, a melhoria de resultados, uma medalha... O clima vai ser favorável. Vamos ter muita torcida e isso ajuda. Vou trabalhar para fazer o índice logo e, aí sim, vamos começar a focar no trabalho de preparação para o grande evento deste ciclo que serão esses Jogos Olímpicos”, disse o saltador.
Atualmente vivendo uma rotina intensa de treinamentos que incluem trabalhos em seis dias por semana (média de cinco horas por dia), Duda está otimista quando pensa no desempenho dos brasileiros nos Jogos Olímpicos Rio 2016.
“Acredito que o Brasil vai surpreender no atletismo e vai trazer medalhas”, afirmou. Para ele, o país pode esperar pódios marcantes. “Se pegarmos os últimos Jogos Olímpicos, o revezamento e os saltos foram os que trouxeram mais medalhas. Mas gostei de alguns resultados na marcha atlética e no salto com vara e acredito que poderemos ver algumas medalhas inéditas para o atletismo brasileiro em agosto”, sentenciou.
A cabeça de Duda está focada momentaneamente no Mundial Indoor. Depois virão os Jogos Olímpicos do Rio. Mas ele quer mais. E pensa longe. “Acredito que eu consigo ir até Tóquio, em 2020, com bastante qualidade”, disse, longe de cogitar uma aposentadoria olímpica após competir em casa. Para isso, tudo o que ele pede é que se mantenha saudável O resto fica por conta dele.